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Profissão Cientista: pesquisa na área de segurança alimentar envolve parceria entre a UFSC e a Noruega

A atuação da cientista Sarah é no teste da segurança alimentar, principalmente em alimentos chamados de Organismos Geneticamente Modificados (OGMs), tal qual o milho e a soja

Ítalo Padilha, Agecom-UFSC

Fonte

UFSC | Universidade Federal de Santa Catarina

Data

segunda-feira, 29 julho 2019 14:30

Áreas

Agricultura. Agronomia. Biotecnologia. Ciência e Tecnologia de Alimentos

Cientista. A assinatura de e-mail da Dra. Sarah Zanon Agapito-Tenfen é clara e objetiva. A doutora em Recursos Genéticos Vegetais pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) compõe a equipe do laboratório do GenØk (Centro de Biossegurança), localizado na Universidade Ártica da Noruega, fundado em 1998 com o objetivo não comercial de prestar informações científicas para o Governo da Noruega tomar decisões que impactam a sociedade.

O contato de Sarah com o GenØk iniciou na época da graduação em Agronomia, também na UFSC. “Conheci os fundadores porque o professor Dr.Rubens Onofre Nodari, vinculado ao Laboratório de Fisiologia do Desenvolvimento e Genética Vegetal (FIT/UFSC), estava envolvido com a escrita da Lei da Biossegurança do Brasil. Naquela época, como estudante, iniciaram os contatos e a parceria entre a UFSC e a Noruega, que dura até hoje”.

De estudante à pesquisadora que presta consultoria para o Governo da Noruega, a Dra. Sarah trilhou um caminho longo e assertivo. A rotina dela se divide entre períodos no GenØk e outros na UFSC desde 2014, quando foi convidada para ingressar no GenØk como cientista. A parceria entre as duas instituições é complementar, uma vez que a UFSC tem laboratório forte na pesquisa de genética de plantas e o Centro Norueguês é forte na biologia molecular, microbiologia e vírus. “Percebemos que não seria possível desenvolver as pesquisas na Noruega sem ter e poder crescer as plantas. Assim, no Brasil temos as plantas e na Noruega analisamos a parte genética. Daí a importância da parceria UFSC-GenØk para continuar com os ensaios sobre segurança alimentar”, revela a cientista.

A fala da Dra. Agapito durante a entrevista é repleta de orgulho ao resgatar a sua trajetória acadêmica. “A UFSC fez toda a diferença na minha vida profissional. Quando entrei aqui e comecei a fazer pesquisa, percebi que era isso que eu queria. Aqui temos laboratórios e estruturas incríveis e isso se comprova pelas parcerias. A UFSC fez uma diferença total na minha vida, não teria chegado aonde cheguei sem ter passado por aqui”.

A conversa é acompanhada de perto pelo professor e orientador Dr. Nodari. Para ele, o bom pesquisador precisa, antes de tudo, encontrar-se. “Ter competência e investigar um tema desafiador, porque ser cientista é ter uma profissão que exige dedicação. Ser cientista é uma escolha”.

E foi isso que aconteceu com a Dra. Sarah quando ingressou na graduação na UFSC. Por meio da iniciação científica atuou como bolsista e passou pelo mestrado e doutorado fazendo o que mais gosta: investigar. “Conseguimos avaliar várias alterações metabólicas no milho e agora vamos estudar a soja. A análise das moléculas da planta, em diversos níveis e por inteiro, nos deu oportunidades de descobrir o que está errado na planta”.

A atuação da cientista é no teste da segurança alimentar, principalmente em alimentos chamados de Organismos Geneticamente Modificados (OGMs), tal qual o milho e a soja. “Estamos analisando como esse alimento se comporta, e são poucos os grupos de pesquisa se dedicando a isso, a maioria observa o desenvolvimento dos OGMs”, explica a Dra. Sarah.

O Dr. Nodari reforça que esse propósito está amparado na relevância da pesquisa e na sua contextualização social. “A linha de pesquisa com relevância científica e implicações para a sociedade se tornam perenes, estudamos esse assunto há quase 20 anos, pois as tecnologias avançam e nós estamos acompanhando com o mesmo interesse: precisão na segurança e, agora, na questão alimentar. Estamos consumindo alimentos inferiores do que há 20, 30 anos. A cada dia que passa a qualidade fica pior e temos menos produtos in natura”, diz ele.

A contaminação por transgênicos

A pesquisa da UFSC, ao analisar se as proteínas da soja transgênica são similares as da não transgênica, revelou que o ser humano não sabe o que está consumindo. “A análise consiste em verificar se a planta muda ou não, e essa é a principal contribuição da UFSC”, diz o Dr. Nodari.

Na Europa os OGMs estão liberados apenas para o consumo animal, isso faz com que os achados do grupo de pesquisa da UFSC tenham um grande peso na comunidade científica. “A Europa se baseia nesses achados para avaliar a entrada ou não dos transgênicos, e é justamente as contribuições de pesquisas científicas como a nossa que fizeram alguns países proibirem a entrada de OGMs para consumo humano”, diz a cientista.

Tanto as agências reguladoras, como parte da sociedade científica, começam a ter dúvidas se o transgênico é realmente a mesma coisa que o convencional, e esse tipo de estudo não pode ser negado. “Esses achados precisam ser oficializados pelos órgãos de controle e, se não fossem os nossos estudos desenvolvidos na UFSC de maneira independente e autônoma, essa investigação não seria possível”, diz a cientista.

Acesse a notícia completa na página da UFSC.

Fonte: Nicole Trevisol, Jornalista da Agecom – UFSC.  Imagem: Ítalo Padilha, Agecom-UFSC.

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