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Procedimentos para modernização do SIF são testados em frigoríficos de carne suína
Frigoríficos iniciam neste ano ações para validar procedimentos de modernização do Sistema de Inspeção Federal (SIF) para uma identificação mais eficaz de riscos de contaminação da carne por microrganismos na suinocultura industrial.
Pixabay
Frigoríficos de Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul e Minas Gerais iniciam neste ano ações para validar procedimentos de modernização do Sistema de Inspeção Federal (SIF). Esses pilotos fazem parte da etapa final de um projeto cujo foco é a atualização do SIF para uma identificação mais eficaz de riscos de contaminação da carne por microrganismos na suinocultura industrial. O trabalho é coordenado pela Embrapa Suínos e Aves (SC) e pelo Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), com a colaboração de especialistas de universidades.
Ao longo das últimas décadas, a suinocultura tecnificou-se e incorporou medidas sanitárias importantes, baseadas em higiene e biosseguridade. Isso acabou modificando o perfil de risco ao consumidor atribuído à carne suína. No passado, as lesões de cisticercose e a tuberculose, por exemplo, eram as mais frequentemente detectadas pela inspeção. Atualmente, essas lesões deixaram de ocorrer em função de melhorias no sistema de criação e dos controles sanitários.
“O maior risco agora é a contaminação da carne com microrganismos não detectados pela inspeção, que dependem de pesquisa laboratorial. Dessa forma, fica evidente a necessidade de modernização para ajustar o foco da ação de governo na prevenção de perigos que ameaçam a inocuidade dos alimentos”, explica a auditora fiscal do DIPOA Elenita Ruttscheidt Albuquerque, uma das coordenadoras do trabalho.
Ainda, segundo ela, o objetivo desse processo de mudança está diretamente ligado a manter a saúde pública e a qualidade da carne produzida no Brasil, detectando na linha de abate os possíveis perigos. “O monitoramento e a fiscalização por parte do governo, que ocorre por meio da atuação do SIF nas agroindústrias, deve levar em conta essa mudança de cenário dos perigos zoonóticos, adequando os procedimentos.”
Todo o trabalho está sendo executado utilizando os conceitos de análise de risco, preconizado pelos organismos internacionais para tomada de decisão governamental. O escopo do projeto abrange estabelecimentos com SIF, que representam 86% do abate nacional de suínos, oriundos de sistema tecnificado, confinado e sob controle veterinário.
Identificação do cenário e dos perigos para o abate
A primeira fase do projeto se concentrou no levantamento dos dados do Brasil sobre o abate de Inspeção Federal. De acordo com a pesquisadora Dra. Jalusa Deon Kich, da Embrapa Suínos e Aves e líder do projeto, esse estudo analisou os dados de 100% dos abatedouros com SIF. “Reunimos os dados, analisamos e podemos dizer que conseguimos uma fotografia do abate do SIF.”
A etapa que baseou a mudança dos procedimentos foi a priorização de perigos à saúde pública associados ao consumo de carne suína, que contou com a parceria da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) para sua execução. Esse estudo caracterizou 24 perigos biológicos e apenas a Salmonella foi classificada no nível alto; os demais perigos foram caracterizados como de risco baixo e muito baixo. “Esse perigo será alvo específico de um programa nacional de redução de patógenos, que entrará em vigor para todos os estabelecimentos com SIF por meio de instrução normativa”, ressalta a Dra. Jalusa.
Segundo as coordenadoras do projeto, alguns perigos não são detectados na linha de abate, e seu controle depende exclusivamente de ações nas granjas. “Nessas situações, as ações de mitigação dos riscos devem ser feitas pelo setor produtivo com o Serviço de Saúde Animal. A atuação deve ser lá, na propriedade, onde ocorre a produção”, explica a auditora do DIPOA Elenita.
Resultados preliminares
De acordo com a Dra. Jalusa, os resultados concluíram que o risco de infecções alimentares é muito baixo e que mudanças nos procedimentos de inspeção podem ser realizadas com segurança. “Os resultados obtidos indicaram que a maioria das rejeições da carcaça na fase de abate se deve à detecção de lesões e defeitos relacionados a falhas de qualidade na criação, transporte e abate.” Por isso, o exame ante mortem deve ser plenamente realizado pelo veterinário oficial, que deverá examinar 100% dos lotes. “Na avaliação post mortem, somente alguns exames realizados em vísceras e carcaças precisam ser mantidos e, entre esses, aqueles que são para corrigir defeitos de processo poderão ser detectados e tratados pelo médico veterinário da própria empresa”, esclarece.
A indicação da equipe do projeto é que o serviço oficial mantenha no post morten um exame na linha (linfonodos mesentéricos), o departamento de inspeção final e verificações amostrais dos procedimentos e decisões realizadas pela agroindústria. Também devem ser mantidas, no escopo do veterinário oficial, as atividades de verificação de processos de higiene e certificação de lotes. “As alterações que estão sendo propostas nos procedimentos estão baseadas em conhecimento científico internacional, confrontado com resultados gerados no Brasil. Esse trabalho seguiu uma etapa de validação, análise econômica e treinamentos em nível nacional”, destaca a Dra. Jalusa.
Acesse a matéria completa da Embrapa Suíno e Aves
Fonte: Monalisa Leal Pereira, Embrapa Imagem Pixabay
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