Notícia

Pesquisadores estudam o uso de kefir no tratamento de Alzheimer

Testes são feitos em moscas-das-frutas com pedaços de DNA humano

Wikimedia Commons

Fonte

UFU | Universidade Federal de Uberlândia

Data

sábado, 28 agosto 2021 11:20

Áreas

Biotecnologia. Ciência e Tecnologia de Alimentos. Nutrição Clínica

A doença de Alzheimer é uma das causas mais comuns de demência entre idosos, o que pode acarretar uma perda motora-cognitiva e, consequentemente, o desgaste emocional e a co-dependência. Buscando novas formas de tratamento da doença, a biotecnóloga Letícia Leandro Batista, juntamente com o professor Dr. Carlos Ueira Vieira, de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), resolveram testar a utilização do kefir em moscas-das-frutas com pedaços de DNA humano. Os estudos foram relatados em artigo publicado na revista científica Scientific Reports, do grupo Nature.

O kefir é um probiótico (produto alimentar que contém microorganismos vivos cuja ingestão traz benefícios à saúde) único, pois sua composição tem diversas bactérias e leveduras diferentes. Ao fermentar o leite e criar uma espécie de iogurte, esses diferentes microorganismos produzem centenas de moléculas diferentes, e os pesquisadores da UFU foram pioneiros em identificar essas moléculas. “Acreditamos que o kefir atue na doença de Alzheimer através de vias antioxidantes e anti-inflamatórias, porém, mais estudos são necessários para confirmar essas hipóteses”, explica o Dr. Vieira.

Para fazer a testagem do probiótico no tratamento da doença, foram usadas as popularmente chamadas moscas-das-frutas. Esse inseto é da espécie Drosophila melanogaster e foi escolhido para ser objeto de estudo há mais de 100 anos, pelo geneticista estadunidense Thomas Hunt Morgan, que buscava provar que a base da hereditariedade estava nos cromossomos. Com isso, essa mosca tornou-se uns dos animais mais estudados no mundo. A escolha dela como cobaia na pesquisa do kefir, ao invés de outros animais de porte maior, como mamíferos, se dá pelo fato dela ser um invertebrado de ciclo de vida curto, ter baixo custo de manutenção e produzir grande número de indivíduos. O genoma (conjunto de DNA presente nas células) da mosca-das-frutas tem 60% de semelhança com genoma humano e aproximadamente 75% dos genes responsáveis por doenças humanas têm um correspondente nela.

Com o sequenciamento do genoma humano e da mosca-das-frutas, junto com novas técnicas de engenharia genética, hoje é possível construir moscas com pedaços de DNA humano para produzir um modelo de estudo, como foi o caso deste trabalho.

Como o custo de manutenção da mosca é significativamente menor do que o de mamíferos, esse modelo torna-se vantajoso para testagem no desenvolvimento de novos medicamentos. “Além disso, existe o apelo mundial para diminuição do uso de animais vertebrados em testes de laboratório. Acredito que cobaias como camundongos e ratos ainda são necessários para experimentação científica, no entanto, experimentos utilizando Drosophila poderão minimizar o uso de mamíferos”, completa o Dr. Vieira.

Uma das principais hipóteses do desenvolvimento da doença de Alzheimer é em relação ao acúmulo de peptídeos no cérebro, em que há a participação principalmente de duas proteínas. O acúmulo desses peptídeos é tóxico para o cérebro, o que gera a demência que é característica da doença. As moscas usadas carregam os genes humanos para essas proteínas. Assim, quando esses dois genes são transcritos, geram-se os peptídeos no cérebro da mosca e é possível mimetizar o que acontece no cérebro de uma pessoa com Alzheimer.

Para entender se o kefir teria um efeito positivo nas moscas, ele foi utilizado em duas formas: em natura (como iogurte) e como fonte de moléculas (metabólitos). Na primeira forma, tem-se a presença dos microrganismos naturais do kefir, enquanto na segunda apenas as moléculas. Além disso, as moléculas também foram divididas em quatro grupos diferentes e testadas separadamente. Desse modo, foi possível ter uma noção de qual grupo de moléculas teria uma ação melhor contra a doença na mosca-das-frutas e continuar os estudos futuramente em animais mais complexos.

Como resultado, os pesquisadores viram que o kefir em iogurte é benéfico para o modelo, melhorando a capacidade motora das moscas e diminuindo a presença de neurodegeneração, o que aumenta a sobrevida delas. Em contrapartida, as moléculas isoladas do kefir conseguiram gerar resultados ainda mais eficazes.

Acesse a notícia completa na página da UFU.

Fonte: Túlio Daniel, Portal Comunica UFU.  Imagem: Wikimedia Commons.

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