Notícia

Pesquisadores e meliponicultores trabalham juntos para salvar abelha em risco de extinção

Desmatamento, uso indiscriminado de agrotóxicos e deslocamento inadequado de ninhos colocam em risco de extinção a abelha nativa Uruçu Amarela do Cerrado responsável pela polinização de imensas áreas naturais e agrícolas

Thainara Nascimento, via Embrapa

Fonte

Embrapa | Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

Data

terça-feira, 6 setembro 2022 16:20

Áreas

Apicultura. Sustentabilidade. Zootecnia

A abelha Uruçu Amarela do Cerrado (Melipona rufiventris), sem ferrão, capaz de produzir até cinco quilos de mel por colônia ao ano, é o elo entre pesquisadores e técnicos da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (DF), de instituições parceiras e meliponicultores (criadores de espécies de abelhas nativas) em uma pesquisa inédita para evitar sua extinção.

O inseto é responsável pela polinização de imensas áreas naturais e agrícolas e pela renda de pequenos produtores e agricultores familiares. Sua raridade, na natureza e na meliponicultura (criação racional de abelhas nativas sem ferrão), faz com que seus produtos tenham maior valor agregado.

A equipe envolvida na pesquisa quer detectar o grau de risco de desaparecimento da abelha e discutir e estabelecer critérios para elaboração de um plano de manejo sustentável, que possibilite sua conservação. O trabalho abrange, entre outros estudos, análises genômicas e genéticas de populações do inseto.

O desmatamento de grandes áreas naturais para expansão agrícola ou para empreendimentos urbanos e o uso indiscriminado de agrotóxicos estão entre os principais motivos que colocam a espécie, nativa do Cerrado brasileiro, em risco. Soma-se a eles a predação de ninhos naturais para retirada criminosa de mel ou dos próprios ninhos, muitas vezes vendidos na internet, prática adotada por “meleiros”, o que pode ocasionar a morte do enxame.

Por isso, desde dezembro de 2014 uma portaria do Ministério do Meio Ambiente (MMA) inseriu a Uruçu Amarela do Cerrado na categoria EN, ou seja, em perigo de extinção. Portaria mais recente (MMA no 148 de 07/06/2022) a manteve na lista de espécies ameaçadas, alertando a sociedade e a comunidade científica sobre as restrições relacionadas ao seu manejo.

Deslocamento indiscriminado de ninhos

De acordo com Anselmo Carvalho, meliponicultor e presidente da Associação de Meliponicultores do Distrito Federal (AMe-DF), a atividade da meliponicultura, apesar de bastante difundida, ainda não dispõe de uma lei federal que a regulamente, levando insegurança jurídica aos criadores. Alguns estados até dispõem de lei própria, mas a maioria está sujeita à Resolução Conama no 496/2020, que permite, por exemplo, a captura de enxames por meio de recipientes-isca como forma de constituição de plantéis e também isenta os criadores de se cadastrarem no órgão ambiental nas criações consideradas não comerciais, isto é, aquelas com até 49 colônias.

Muitos meliponicultores fazem manejos para multiplicação de seus enxames, que são comercializados por valores entre R$ 400,00 e R$ 1.000,00 ou são trocados entre os criadores, visando ao aumento da diversidade genética em seus plantéis. Como nem sempre a área de ocorrência natural é respeitada por alguns criadores, no estudo em curso é necessário avaliar o potencial efeito adverso ou benéfico, nas populações naturais, do deslocamento indiscriminado e sem critérios científicos de ninhos da Uruçu Amarela do Cerrado.

Segundo a pesquisadora Dra. Débora Pires da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, coordenadora do projeto ‘Avaliação da diversidade genética da abelha nativa Uruçu Amarela do Cerrado e do risco da movimentação antropogênica dos ninhos‘, a movimentação frequente e indiscriminada dos ninhos pode favorecer uma maior frequência de acasalamento entre indivíduos de populações de meliponário vindos de regiões fora da ocorrência natural com as populações do bioma Cerrado.

Acesse a notícia completa na página da Embrapa.

Fonte: Deva Heberlê, Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia. Imagem: Thainara Nascimento, via Embrapa.

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