Notícia

Pesquisadores desenvolvem nova cultivar de batata-doce de polpa alaranjada, com alto valor nutricional

A batata-doce biofortificada desenvolvida na USP e no Instituto Agronômico de Campinas apresentou cerca de dez vezes mais betacaroteno que as batatas-doces convencionais, de polpa branca ou creme

USP Imagens, V. Peressin

Fonte

Jornal da USP

Data

quarta-feira, 28 julho 2021 09:20

Áreas

Agricultura. Agronomia. Biotecnologia. Ciências Agrárias

Batata-doce, destaque na dieta de jovens que desejam ganhar massa muscular por ser uma fonte saudável de carboidrato, tem tido uma função social mais nobre. A batata de polpa alaranjada, que possui cerca de dez vezes mais betacaroteno que as batatas-doces convencionais, vem contribuindo para o combate à deficiência nutricional de milhões de pessoas em países subdesenvolvidos. É essa a nova cultivar brasileira que será lançada em breve pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, em Piracicaba, e pelo Instituto Agronômico de Campinas (IAC).

A batata-doce de polpa alaranjada é resultado de uma pesquisa realizada pelas duas instituições, por meio de técnicas de melhoramento genético convencional, visando à biofortificação de alimentos para torná-los mais nutritivos. O clone IAC-1063 foi o genótipo que mais reuniu, na média, um conjunto de características nutricionais e produtivas que buscavam os pesquisadores.

“Dentre as principais cultivares existentes de batata-doce, que contêm significativa quantidade de vitaminas e minerais, a de polpa alaranjada é a que apresenta elevado teor de betacaroteno, um pigmento natural que funciona como antioxidante e é precursor da vitamina A no organismo”, explica ao Jornal da USP  o Dr. Fernando Angelo Piotto, professor e pesquisador do Departamento de Produção Vegetal da Esalq. Nas batatas-doces de polpa alaranjada, a concentração de betacaroteno pode chegar a 110 µg/g (microgramas de betacaroteno por grama de raízes frescas), enquanto que, na batata convencional, a de polpa branca ou creme, a concentração raramente chega a 10 µg/g. Os resultados gerados por essa pesquisa constam da dissertação de mestrado de Hellen Cristina da Silva, orientada pelo professor Dr. Piotto.

No Brasil, as batatas de pele rosada, roxa e creme, com polpa amarela ou branca, são as mais consumidas; em outros países, essas cultivares são direcionadas às indústrias alimentícias para fabricação de produtos processados como farinhas, cremes e doces. Sobre a biofortificação, o pesquisador explica que a mesma pode ser feita por meio de melhoramento genético convencional de plantas ou através da biotecnologia para geração de novas cultivares mais nutritivas.

Combate à insegurança alimentar

Vários países com baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) utilizam a biofortificação para criar produtos agrícolas para suprir carências nutricionais das camadas mais pobres da população. A batata-doce biofortificada, pelo fácil manejo agronômico e alto valor nutricional, tem sido um desses incrementos de políticas públicas nutricionais. Segundo o pesquisador, a fortificação de alimentos com vitamina A e ferro é uma estratégia de alguns países da África e da América Latina para combater a deficiência de vitamina A e ferro, principalmente em crianças. Dietas com escassez de betacaroteno, ferro e zinco podem provocar anemia, redução de capacidade de trabalho, problemas no sistema imunológico, retardo no desenvolvimento e até a morte.

A pesquisa

A produção inicial de sementes foi feita a partir do cruzamento de seis cultivares diferentes. Os primeiros experimentos, entre os anos de 2016 e 2017, foram conduzidos pelo IAC, em Campinas (SP), sob a coordenação do pesquisador Dr. Valdemir Peressin, sendo as etapas posteriores, de 2018 a 2020, conduzidas pela Esalq e IAC, em áreas experimentais nas regiões de Campinas, Piracicaba (SP) e Mococa (SP).

Desses experimentos, ano a ano, a cada nova colheita, foram sendo selecionadas as melhores mudas, que foram replantadas a cada ciclo, dando origem aos 16 clones com potencial para se tornarem novas cultivares, e que possuíam as características que interessavam aos pesquisadores. As mudas originárias destes últimos clones foram replantadas no campo e posteriormente analisadas. Todos os clones tiveram bom desempenho nos testes, porém, o clone IAC-1063 se destacou na média. “Tanto nas análises individuais quanto nas realizadas em conjunto, as batatas-doces originárias destes 16 clones obtiveram resultados positivos em suas características, variando de acordo com a região e a época em que as plantas tinham sido cultivadas”, explica o Dr. Piotto.

Acesse a notícia completa na página do Jornal da USP.

Fonte: Ivanir Ferreira, Jornal da USP.  Imagem: USP Imagens, V. Peressin.

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