Notícia
Pesquisa sobre microbiota intestinal abre nova frente para o entendimento da doença de Crohn
Pesquisa analisou a microbiota intestinal de 18 pacientes com doença de Crohn em remissão e seus familiares saudáveis, acima de 50 anos idade
Mário Moreira, FCM-Unicamp
Fonte
Jornal da UNICAMP
Data
quarta-feira, 23 outubro 2019 16:10
Áreas
Nutrição Clínica. Saúde Pública
A microbiota intestinal tem recebido atenção especial de cientistas da Europa, dos Estados Unidos e do Brasil, principalmente da Unicamp. Desde 2012, um grupo de pesquisadores da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) desenvolve diversos estudos sobre a alteração na composição microbiana intestinal. Seus participantes acreditam que a microbiota intestinal – popularmente conhecida como flora intestinal – tem um papel mais relevante do que se pensava em diversas doenças, como obesidade, diabetes, autismo, depressão, doenças inflamatórias intestinal e câncer.
Uma das pesquisas desenvolvidas na FCM analisou, de forma inédita, a microbiota intestinal de 18 pacientes com doença de Crohn em remissão e seus familiares saudáveis, acima de 50 anos idade, que formaram o grupo controle do estudo. A pesquisa teve apoio do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Obesidade e Diabetes (INCT). Os resultados foram publicados na revista científica Scientific Reports, da Nature Research. O artigo Remission in Crohn´s disease is accompanied by alteration in the gut microbiota and mucins production é o primeiro escrito por um grupo de pesquisadores brasileiros.
“A relevância de nosso estudo é a metodologia utilizada. Não queríamos usar um banco de dados de pessoas saudáveis já existentes, como fazem alguns grupos estrangeiros de pesquisa. Por isso, optamos em usar indivíduos saudáveis que residiam na mesma casa do paciente com doença de Crohn para saber se eles tinham microbiota similar. Isso foi necessário porque a microbiota é influenciada por fatores ambientais (poluição, hábitos alimentares, espaço urbano ou rural, presença de animais de estimação) e outros fatores que poderiam interferir na análise”, comenta a Dra. Daniéla Magro, nutricionista e pesquisadora do Departamento de Cirurgia da FCM da Unicamp.
A microbiota intestinal é composta principalmente por bactérias, além de fungos, arqueobactérias e vírus. Essas bactérias desempenham um papel importante para manutenção da saúde humana. A alteração na composição microbiana do intestino é chamada de disbiose, que pode levar a um aumento de bactérias pró-inflamatórias causando danos à barreira da mucosa intestinal, que é considerada a primeira linha de defesa. Esses danos podem causar diarreia, perda de peso e inflamação intestinal na doença de Crohn.
“A parede de nosso intestino é como se fosse uma rede bem fechada, para não passar micróbios. Os pacientes com doença de Crohn têm um intestino com mais permeabilidade devido à diminuição da camada de muco, entre outros fatores”, explica a Dra. Daniéla.
Os dados clínicos, classificação da doença, medicações e comorbidades dos participantes do estudo foram coletados durante a colonoscopia, realizada no Gastrocentro da Unicamp pelo médico Dr. Cláudio Saddy Rodrigues Coy, coordenador da pesquisa. As amostras fecais dos 18 pacientes com doença de Crohn e dos 18 participantes do grupo controle foram coletadas pelos indivíduos em casa, usando tubos importados da Alemanha, com um tampão preservativo.
A análise da microbiota intestinal foi realizada no Laboratório de Investigação Clínica de Resistência à Insulina (Licri) da FCM. O Licri é considerado, hoje, referência nacional no estudo de microbiota intestinal. A pesquisa também contou com a colaboração do Laboratório de Genética Molecular da FCM, onde foram realizadas o sequenciamento do DNA, além de uma parceria internacional do grupo de pesquisadores do departamento de biotecnologia na universidade de Verona, na Itália.
Acesse a notícia completa na página do Jornal da Unicamp.
Fonte: Edimilson Montalti, Unicamp. Imagem: Mário Moreira, FCM-Unicamp.
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