Notícia

Pesquisa relaciona mortes precoces ao consumo de alimentos ultraprocessados

Cruzamento de informações permitiu estimar que 57 mil mortes prematuras a cada ano estão ligadas a doenças crônicas associadas à ingestão de formulações industriais com aditivos e pouco valor nutricional

Freepik

Fonte

Jornal da USP

Data

terça-feira, 23 maio 2023 20:40

Áreas

Nutrição Clínica. Nutrição Coletividades. Saúde Pública

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), junto aos dados de mortalidade dos brasileiros, permitiram a pesquisadores da USP calcular o impacto do consumo de ultraprocessados nesta população. O cruzamento de informações estimou que 57 mil pessoas morrem prematuramente a cada ano por consumirem alimentos ultraprocessados, o que corresponde a 10,5% de todas as mortes precoces de adultos entre 30 e 69 anos no Brasil.

O conceito de morte prematura por doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) é definido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como a probabilidade de morrer entre 30 e 70 anos em decorrência de doenças cardiovasculares, câncer, diabete e doenças respiratórias crônicas. Segundo o professor Dr. Leandro Rezende, um dos autores da pesquisa, filiado ao Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde (Nupens) da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP, já existem evidências suficientes nos estudos epidemiológicos que associam o aumento de consumo de ultraprocessados com o risco de se desenvolver as DCNT. Ele também inclui o excesso de peso e a obesidade devido à ingestão de ultraprocessados como fatores que contribuem para uma pessoa desenvolver essas patologias.

A metodologia do estudo envolveu o uso de dados abertos coletados por meio de questionários para avaliar o consumo de alimentos a partir de diferentes variáveis. Este tipo de enquete é realizado pelo IBGE a cada dez anos e está publicado no site da instituição. Trata-se de uma série de perguntas para investigar o consumo alimentar individual por todo o País, que faz parte de uma pesquisa ampla sobre o perfil dos orçamentos familiares. Os dados foram separados por faixas etárias, entre homens e mulheres, a partir dos 30 anos. Os pesquisadores avaliaram a ingestão das calorias diárias de cada grupo e quanto dessas calorias tiveram como fonte os alimentos ultraprocessados. Em seguida, foram considerados os dados sobre mortalidade do mesmo período e, por fim, os dados foram cruzados.

‘O aumento de consumo de ultraprocessados está associado a 2 mil mortes evitáveis a cada ano. Para evitar esse aumento, o consumo deveria ter permanecido igual ao da década passada e não aumentado em 20%.” disse o Dr. Eduardo A. F. Nilson.

Ainda segundo o Dr. Eduardo Nilson, este aumento se deve a uma série de fatores, como as campanhas de marketing em torno desses alimentos e à maior subida de preços dos produtos frescos em relação aos ultraprocessados. Além disso, ele aponta, “a substituição aconteceu em todos os grupos da sociedade, independente da renda. Mas tem mais impacto na população vulnerável. O macarrão instantâneo e o biscoito recheado são alimentos-símbolo dessa situação.”

O artigo também faz um cálculo de quantas mortes poderiam ser evitadas em diferentes cenários de diminuição do consumo de ultraprocessados . Com a redução para 10% das calorias diárias consumidas em ultraprocessados, 3.500 pessoas não morreriam de doenças crônicas ao longo do ano. E esse número aumenta à medida que se diminui a quantidade de ultraprocessados ingeridos.

O artigo ‘Premature Deaths Attributable to the Consumption of Ultraprocessed Foods in Brazil’ foi publicado na revista científica American Journal of Preventive Medicine.

Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).

Acesse a notícia completa no Jornal da USP.

Fonte: Dra. Ana Fukui, Jornal da USP. Imagem:Freepik.

 

 

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