Notícia
Pesquisa inovadora desenvolve técnica que utiliza grãos verdes na produção de cafés especiais
O café produzido desta forma é considerado nutracêutico já que traz benefícios nutricionais e à saúde quando consumidos sem excessos
Pixabay
Fonte
UFLA | Universidade Federal de Lavras
Data
quarta-feira, 5 outubro 2022 18:30
Áreas
Agricultura. Agronegócio. Agronomia. Ciência e Tecnologia de Alimentos. Ciências Agrárias
Liderada pelo professor Dr. Flávio Meira Borém, do Departamento de Engenharia Agrícola da Escola de Engenharia da Universidade Federal de Lavras (EENG/UFLA), uma pesquisa tem utilizado grãos verdes – antes vistos como defeituosos e que desvalorizavam o produto diminuindo o potencial de venda – para a produção de café com mais qualidade.
Buscando aproveitar todos os benefícios da segunda bebida mais consumida no mundo, que fica atrás somente da água, o estudo realizado pelo Centro de Pesquisa em Processamento de Produtos Agrícolas (UFLA) buscou alternativas que aprimoram o perfil sensorial dos grãos e aumentam a qualidade do lote de cafés na pós-colheita, mesmo na presença de grande quantidade de grãos imaturos, tornando-a mais rentável ao produtor, podendo valorizar a saca de café em até 50 dólares (257 reais). “Quem trabalha com café sabe que, quanto mais frutos verdes, pior é a qualidade do café. No entanto, nós conseguimos desenvolver um método que utiliza esses grãos verdes e ainda aumenta a pontuação de um café de 77 para 83, e isso é um salto enorme, uma quebra de paradigmas no setor cafeeiro”, comentou o especialista. Os cafés especiais recebem uma pontuação específica da Specialty Coffee Association, como parte de uma criteriosa avaliação de qualidade.
No Brasil, a desuniformidades da maturação dos grãos tem sido um grande desafio, entre outros fatores, em virtude das mudanças climáticas, como período de seca, geadas e chuvas em excesso. Para a produção de cafés especiais, a situação é ainda mais complexa, uma vez que os frutos chamados cerejas (grãos maduros) necessitam de um ponto de amadurecimento ideal, que lhes confere todas as suas características, como sabor, cor e aroma.
A pesquisa do professor Dr. Borém conta com apoio da iniciativa privada e está em processo de pedido de patente. “Podemos dizer que esse é o primeiro café do mundo classificado como especial produzido a partir de 50% de frutos verdes, essa é realmente uma grande inovação”, explicou o professor. Foram anos de estudo para que os pesquisadores chegassem a um método ideal de pós-colheita que incorporassem os grãos verdes a bebida e além de não causar prejuízos trouxesse acréscimo importante de qualidade sensorial e ganhos em compostos benéficos a saúde. Estimativas indicam que 13% dos grãos de café caem antes do período ideal de colheita, esse seria mais um motivo para a adiantar a colheita, o que causaria menor perda de grãos e maior vantagem econômicas ao produtor.
Rico em compostos bioativos que trazem efeitos positivos ao nosso organismo, como o ácido clorogênico, o café é uma bebida com elevado poder antioxidante, que combate os radicais livres e causa uma ação protetora no organismo, prevenindo o envelhecimento precoce e diversas doenças.
O café produzido desta forma é considerado nutracêutico já que traz benefícios nutricionais e à saúde quando consumidos sem excessos. Os grãos verdes contêm compostos fenólicos, que são antioxidantes e anti-inflamatórios. “O café normal já possui essas propriedades. Ele é antioxidante e tem várias propriedades benéficas à saúde. Com esse trabalho, conseguimos aumentar significativamente a atividade antioxidante no grão cru, e isso resulta em benefícios ainda maiores, entretanto a novidade é que a gente conseguiu fazer isso a partir de 50% de frutos verdes. Não existe histórico anterior em que se tenha obtido um resultado tão relevante quanto esse”, comentou o Dr. Borém.
Para os produtores, a pesquisa possibilitará uma nova perspectiva em relação aos grãos verdes, reduzindo a quantidade de café no solo e aumentando a produção da planta em anos seguintes.
Acesse a notícia na página da UFLA.
Fonte: Karina Mascarenhas, Portal da Ciência, UFLA. Imagem: Pixabay.
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