Notícia

Pesquisa indica a presença de compostos de embalagens a vácuo nos cortes de carne bovina

Constatação dos pesquisadores indica a necessidade de rediscussão das técnicas analíticas utilizadas atualmente

Antoninho Perri, Unicamp

Fonte

Jornal da UNICAMP | Universidade Estadual de Campinas

Data

terça-feira, 19 fevereiro 2019 10:25

Áreas

Ciência e Tecnologia de Alimentos . Engenharia de Alimentos

Pesquisadores do Laboratório Innovare de Biomarcadores, vinculado à Faculdade de Ciências Médicas (FCM) e à Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da Unicamp, identificaram a presença de compostos utilizados na fabricação de embalagens a vácuo em peças de carnes acondicionadas nesse tipo de invólucro. A constatação foi feita por meio de metodologia desenvolvida especificamente para esse fim, que contou com o uso da espectrometria de massas, técnica analítica extremamente versátil e precisa. Segundo o professor Dr. Rodrigo Ramos Catharino, coordenador do Innovare, os resultados do estudo indicam a necessidade de se repensar os métodos analíticos empregados atualmente, que não são capazes de detectar a migração de contaminantes das embalagens plásticas para os alimentos.

Conforme o Dr. Catharino, as metodologias utilizadas para verificar a migração de compostos presentes nas embalagens para os alimentos nelas contidos são aplicadas por meio de modelagem, e não a partir de testes em alimentos propriamente ditos. “Sempre houve a discussão se esse tipo de análise conseguiria estabelecer um retrato real da migração dos compostos que constituem o plástico para os alimentos. A resposta dada pelo nosso trabalho é não, visto que as análises anteriores apontavam para a não ocorrência dessa transferência”, explica o docente.

De acordo com ele, o desenvolvimento da metodologia que permitiu identificar com precisão a migração dos compostos do plástico para os cortes de carne representa uma quebra de paradigma. “Mais que isso, os resultados que obtivemos servem de alerta para a população e para os órgãos fiscalizadores quanto à necessidade de revisão dos procedimentos e normas em vigor, de modo a oferecer maior segurança aos consumidores”, entende. O Dr. Catharino lembra que as carnes embaladas a vácuo são largamente consumidas pela população, devido à sua praticidade. Em geral, as pessoas não se dispõem a enfrentar filas nos açougues, alegando falta de tempo.

O coordenador do Innovare aponta que nos testes realizados pelo laboratório foram utilizados cortes de carnes bovinas adquiridos em supermercados. “Primeiro, nós caracterizamos a embalagem, para identificar a sua composição. Depois, analisamos cortes de carne que não foram embalados a vácuo e cortes que foram, de modo a estabelecer parâmetros para comparações. A carne que não tinha sido acondicionada em invólucro não apresentou qualquer traço de compostos, como era de se esperar. Entretanto, nos cortes que foram embalados a vácuo nós identificamos quatro compostos (Phthalic Anhydride, Stearamide, Diisooctyl phthalate e Polyethylene glycol), todos eles impróprios para ingestão”, pontua.

Um dado que traz preocupação adicional, afirma o Dr. Catharino, é que os contaminantes não estavam presentes somente na superfície da carne, parte que entra em contato direto com a embalagem. “Nós encontramos esses compostos também nas partes internas do alimento. Além disso, esses contaminantes são termoestáveis, o que quer dizer que não são destruídos durante o processo de cocção. Ao contrário, eles se concentram. O que precisamos responder, a partir de novas pesquisas, é qual o nível de exposição a essas substâncias proporcionado por essa migração, qual o nível de toxicidade desses compostos e que efeitos eles podem proporcionar para o organismo em caso de consumo prolongado”, acrescenta o docente.

Acesse a notícia completa na página do Jornal da UNICAMP.

Fonte: Manuel Alves Filho. Imagens: Antoninho Perri, Unicamp.

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