Notícia

Pesquisa busca identificar variedades de plantas que ainda existem por meio dos chamados guardiões da semente

Pesquisa analisa a conservação da agrobiodiversidade do Alto Xingu pelo povo indígena yawalapíti

Daniela Messias, Secom UnB

Fonte

UnB | Universidade de Brasília

Data

quinta-feira, 8 agosto 2019 16:30

Áreas

Agricultura. Agronomia. Ciências Agrárias

Agrobiodiversidade, segundo definição da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), é a parte agrícola da biodiversidade, formada pelas plantas que são utilizadas para alguma finalidade (alimentação, ornamentação, tecelagem etc). É a domesticação de plantas e da agricultura.

“Fala-se muito em diversidade, mas deixa-se de lado a agrobiodiversidade. As pessoas não sabem o perigo que representa não preservá-la”, conta Daniela Messias, mestranda do Programa de Pós-Graduação em Meio Ambiente e Desenvolvimento Rural da Faculdade de Planaltina, lembrando que a perda de espécies pode ser um caminho sem volta. A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), na sigla em inglês), estima que, já em 1999, cerca de 75% da agrobiodiversidade do mundo já estivesse perdida.

A pesquisadora desenvolve dissertação sobre a preservação (mas também sobre as perdas) da agrobiodiversidade das plantações e da alimentação do povo indígena yawalapíti, que vive no Parque do Xingu, a maior e mais importante reserva indígena brasileira, situada no norte do Mato Grosso. O estudo foi feito durante quatro viagens, ao longo de dois anos, quando ela buscou identificar variedades de plantas, como milho e tubérculos que ainda existem graças aos chamados guardiões da semente.

Geralmente os guardiões da semente são pessoas idosas que têm o trabalho de plantar e guardar, a cada colheita, as sementes que serão utilizadas no próximo plantio. O costume era intergeracional, mas tem se perdido com o passar dos anos, seja pela falta de interesse dos mais jovens em continuar a atividade, seja pela morte dos antigos guardiões.

A pesquisa destaca que a diversidade de povos indígenas e povos tradicionais são os principais responsáveis pela guarda in situ de sementes. Hoje, uma forma de conservar sementes fora de seu lugar de origem é feita por meio de grandes bancos criogênicos ao redor do mundo, que usam temperaturas muito baixas para preservar os materiais.

O Dr. Lúcio Flávio Figueiredo, professor de botânica e orientador do trabalho, conta que a pesquisa de Daniela ajuda na tentativa de impedir que mais espécies se percam. “A base da alimentação está cada dia mais pobre com a perda de importantes variedades agrícolas que se tornam raras”, enfatiza. “Isso acarreta na mudança da alimentação de populações inteiras, aumentando a incidência de diabetes, hipertensão e ataques cardíacos”, complementa a orientanda.

“Hoje são grandes empresas que concentram as sementes”, revela Daniela. Porém, de acordo com ela, os indígenas consideram que elas “estão mortas”, pois, muitas vezes, não nascem ao serem cultivadas. “Se plantar, não dá”, pondera um dos entrevistados do trabalho.

Outro aspecto que a pesquisadora aborda é o impacto do uso de agrotóxicos nas plantações dos indígenas do parque. “O veneno chega a eles por meio da água, matando os peixes, e do ar, contaminando as espécies lá cultivadas”, diz, lembrando que estamos em um momento-chave em que a discussão sobre o uso de agrotóxicos nunca esteve tão em voga.

Ela explica que já foi comprovado que os agrotóxicos em utilização nos dias atuais, aqueles que consumimos diariamente, têm os mesmos componentes tóxicos utilizados em armas de guerras, ou seja, extremamente nocivos para o ser humano.

Resgate

Durante as idas a campo, Daniela Messias trabalhou com cinco das 14 famílias dos yawalapíti que vivem no Parque do Xingu. Tunuly Yawalapíti, o raizeiro da comunidade, aquele que detém conhecimentos sobre plantas e seus usos, explica que a alimentação era mais rica antigamente. “Havia mais inhame, tipos de batata e milho, yacon [conhecida como a batata do diabético] e abóbora. Hoje estão perdidos”, conta. Ele revela ainda que, quando era criança, comia muita batata doce “azul, amarela, vermelha, laranja…Hoje não tem mais”. Tunuly trabalha para resgatar todas essas variedades.

Acesse a notícia completa na página da UnB.

Fonte: Thaíse Torres, Secom UnB. Imagem: Daniela Messias, Secom UnB.

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