Notícia

Percepção do consumidor sobre sustentabilidade pode orientar ações de educação alimentar

O estudo explorou a percepção de sustentabilidade e sua relação com os alimentos e as atitudes e as intenções da adoção de comportamentos sustentáveis por parte de consumidores

Antoninho Perri, Jornal da UNICAMP

Fonte

Jornal da UNICAMP

Data

sexta-feira, 5 abril 2019 16:00

Áreas

Educação Nutricional. Nutrição de Coletividades

Qual a percepção que o cidadão brasileiro tem sobre sustentabilidade (desenvolvimento sustentável) e como estabelece sua relação com alimentação sustentável? E mais: como questões ambientais e de saúde determinam comportamentos alimentares desse consumidor? Compreender a percepção de um universo de cidadãos sobre os conceitos de desenvolvimento sustentável e de alimentação sustentável e entender as motivações desse grupo para adotar escolhas alimentares são importantes para auxiliar ações de educação alimentar e nutricional. Este foi o escopo do estudo desenvolvido pela nutricionista Dra. Bruna Barone, orientada pelo professor Dr.Jorge Herman Behrens, junto ao Departamento de Alimentos e Nutrição da Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA) da Unicamp. O trabalho, dividido em duas partes, explorou primeiro a percepção de sustentabilidade e sua relação com os alimentos e, depois, deteve-se em verificar as atitudes e as intenções da adoção de comportamentos sustentáveis por parte de consumidores brasileiros das regiões de Campinas e Jundiaí, São Paulo.

A autora adotou como parâmetro a ideia de que a sustentabilidade hoje não deve ser entendida apenas como a relação do homem com o meio ambiente, mas nesse cenário deve ser inserida a sociedade e suas atividades econômicas. Se são importantes para a saúde dos indivíduos os padrões alimentares, não podem deixar também de ser consideradas suas escolhas alimentares, a forma de produção dos alimentos, a embalagem, o transporte e o marketing, que causam impacto no meio ambiente. Além disso, devem ser lembradas as implicações na saúde pública e na econômica, pois milhões de indivíduos estão envolvidos em toda a cadeia de produção que se estende do campo ao consumidor. A propósito, vale lembrar que a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura conceituou, em 2010, alimentação sustentável como aquela constituída por dietas com baixo impacto ambiental, que contribuem para segurança alimentar e nutricional e para uma vida saudável das atuais e futuras gerações. São protetoras e respeitam ecossistemas e a biodiversidade, aceitáveis culturalmente, justas economicamente, acessíveis, nutricionalmente adequadas, seguras, saudáveis e otimizam os recursos naturais e humanos.

Sobre a pertinência da abordagem, a Dra. Bruna lembra: “Pesquisas de consumo nas áreas de alimentação e sustentabilidade têm se concentrado em questões específicas, como consumo de alimentos orgânicos, produção local ou tradicional no hábito alimentar de uma população, ou ainda, substituição ou redução do seu consumo de carne. Entretanto, uma visão holística, que visa um entendimento amplo e integral do comportamento alimentar sustentável, tem recebido menos atenção”. Em vista disso, ela destaca a originalidade e relevância do estudo, o primeiro realizado no Brasil que explora as representações mentais dos consumidores brasileiros sobre o conceito de sustentabilidade, sua relação com alimentação e suas motivações ao adotar escolhas alimentares sustentáveis por meio de abordagens qualitativas e quantitativas.

A autora considera que o estudo gerou subsídios para futuras abordagens multidisciplinares implicadas no tema. O trabalho recebeu menção honrosa, na categoria pesquisa científica, ao concorrer ao Prêmio Josué de Castro, de 2018, atribuído pelo Conselho Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), órgão da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.

Primeira etapa

A primeira parte da pesquisa concentrou-se em determinar a percepção de 150 consumidores sobre sustentabilidade e sua relação com alimentação sustentável. Os participantes, entrevistados pessoalmente pela pesquisadora, foram inicialmente identificados através do nome, sexo, idade, escolaridade e foi perguntado a eles quais os meios que utilizam como fontes de informação sobre alimentos. Depois foi pedido que escrevessem todas as palavras que lhe viessem à mente em relação a quatro questões: 1) sustentabilidade; 2) relação de sustentabilidade e alimentos; 3) características de um alimento sustentável; 4) características de um alimento não sustentável; e ainda que completasse a sentença: 5) Alimentação sustentável é …

Trata-se de uma técnica projetiva que utiliza a associação de palavras e a complementação de sentenças para acessar as crenças, atitudes, comportamentos, motivações e cognições, de forma que o individuo expresse livremente seus próprios atributos, o que é importante para sondagens mais profundas do seu comportamento. “Essa metodologia baseia-se na apresentação de um estímulo a um sujeito e pede-se que ele associe livremente todas as ideias que lhe chegam à mente, de forma a obter respostas espontâneas, sem restrições tipicamente impostas em entrevistas baseadas em questionários estruturados. A técnica propicia que a pessoa expresse espontaneamente o que lhe vem à mente, eliminando o viés da resposta racionalizada”, esclarece a pesquisadora.

Acesse a notícia completa na página do Jornal da UNICAMP.

Fonte: Carmo Gallo Netto, Jornal da UNICAMP.  Imagem: Antoninho Perri, Jornal da UNICAMP.

 

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