Notícia
Orientação alimentar e exercícios precisam ser prioridade no tratamento de síndrome metabólica
Por ser um fator de predisposição para doenças crônicas, às vezes o tratamento e prevenção da síndrome metabólica em si são postos em segundo plano
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Fonte
Jornal da USP
Data
terça-feira, 16 maio 2023 10:35
Áreas
Nutrição Clínica. Nutrição Coletividades. Saúde Pública
A síndrome metabólica é um conjunto de fatores de risco e de funcionamento do metabolismo alterado relacionados ao aumento da incidência de diabete, doenças cardiovasculares e alguns tipos de câncer. Um artigo da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) reforçou a importância do tratamento e prevenção da síndrome – ao invés do foco apenas em tratar as doenças que ela gera. Para isso, destaca-se a necessidade de orientação para prática de exercícios físicos e mudança de hábitos alimentares.
O artigo de revisão ‘Nutrients, Physical Activity, and Mitochondrial Dysfunction in the Setting of Metabolic Syndrome’, publicado na revista científica Nutrients, teve como objetivo jogar luz principalmente sobre os aspectos dietéticos da síndrome metabólica e discutir o papel da alimentação e exercícios físicos para os pacientes. Os resultados foram obtidos a partir de uma extensa análise de estudos primários, metanálises e revisões sistemáticas sobre nutrientes, exercícios e função mitocondrial.
A síndrome é uma condição caracterizada pela resistência da ação da insulina no organismo e associada à alteração metabólica em decorrência do excesso de gordura nos tecidos. Um dos processos fisiológicos que ocorre com os lipídios é seu armazenamento em estoques de gordura para produção de energia, mas esses estoques são finitos no corpo e cada pessoa possui um potencial diferenciado de armazenamento. Ao consumir mais gorduras do que o organismo consegue gastar ou armazenar, acontece a lipotoxicidade, ou seja, a infiltração da gordura em tecidos não adequados para armazenamento.
“Quando temos uma alimentação desbalanceada, em quantidade ou em qualidade, o excesso de gordura gerado vai ocasionar uma série de alterações metabólicas no nosso corpo que vão predispor à lipotoxicidade. Ao usar o termo lipotoxicidade estamos fazendo referência ao papel dos lipídios como agente central da síndrome metabólica”, explicou Gabriela Lemos, pesquisadora do Laboratório de Nutrição e Cirurgia Metabólica do Aparelho Digestivo e primeira autora do artigo.
Além da infiltração da gordura, a alimentação inadequeada deixa o organismo em estado pró-inflamatório, ou seja, com tendência para perder massa muscular e desenvolver doenças crônicas, como câncer, diabete e doença coronariana.
“Os açúcares também são importantes. Quando temos uma alimentação rica em açúcar, ele predispõe a alterações pós-translacionais de proteínas. O que é isso? O DNA tem uma mensagem que será traduzida para produzir uma proteína. Só que essa proteína, mesmo depois de pronta, pode sofrer alterações e a função dela ser modificada em decorrência dos excessos de radicais metila, dos açúcares, o que interfere tanto no metabolismo energético quanto no metabolismo dos lipídios.”
O tratamento da síndrome é feito com restrição calórica e aumento dos gastos de energia pela prática de exercícios físicos. Porém, ao vir acompanhada de outros casos clínicos, a síndrome não entra como tratamento prioritário.
“Infelizmente, na maioria das vezes, acabamos tratando as doenças que são consequências da síndrome metabólica. A causa muitas vezes é negligenciada e o paciente não muda a alimentação, não faz atividade física. É como enxugar o gelo”, disse a pesquisadora Gabriela Lemos.
Por essa subjugação, a nutróloga chama atenção para o papel fundamental dos médicos na orientação alimentar e incentivo a prática físicas tanto para pessoas com doenças crônicas quanto para as saudáveis. “Olhar para essas coisas básicas é tratar o paciente de uma maneira integral.”
Não só a restrição calórica, mas também o tipo de alimento consumido tem muita importância no tratamento dietético. Ultraprocessados e frituras são alimentos ricos em ácidos graxos saturados que estão envolvidos no processo de lipotoxicidade.
Segundo a pesquisadora, existem outros alimentos que protegem e podem auxiliar no controle da síndrome metabólica, os ácidos graxos poli-insaturados e os monoinsaturados. Um exemplo é o ômega 3, encontrado em alguns peixes, sementes e óleos vegetais. Já a atividade física favorece adaptações metabólicas, por aumentar o consumo de energia e estimular processos que atuam na lipotoxicidade e na melhora do estresse oxidativo — sobrecarga do sistema protetor das células.
Acesse o artigo científico completo (em inglês).
Acesse a notícia completa na página do Jornal da USP.
Fonte: Julia Custódio, Jornal da USP. Imagem: Freepik.
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