Notícia

O boi high-tech e o churrasco brasileiro: a ciência 4.0

O país já tem como rastrear a carne que chega ao seu prato para saber de que propriedade ela saiu

Alexandre Rossetto Garcia, Embrapa

Fonte

EMBRAPA | Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

Data

quarta-feira, 20 novembro 2019 11:45

Áreas

Agricultura. Agronomia. Biotecnologia. Ciência e Tecnologia de Alimentos

Sabe aquele bife saboroso e cheiroso, rico em proteína, que brilha na sua mesa na hora da refeição? Muita gente que mora na cidade não tem ideia da conectividade aplicada à produção de carne antes de o produto chegar ao supermercado. No Brasil, a chamada Pecuária 4.0 já é realidade e contribui para uma produção mais sustentável, ou seja, que cause menos impacto ao meio ambiente, que favoreça a vida de pessoas envolvidas com a cadeia produtiva e que garanta rentabilidade ao homem do campo.

A conectividade no campo não é cena de futuro. Chips eletrônicos, bebedouros e comedouros automáticos, colares de couro com sensores, antenas, drones, termografia infravermelha e estações meteorológicas automáticas são alguns dos equipamentos conectados que transmitem dados para a pesquisa realizada na Embrapa Pecuária Sudeste, situada em São Carlos (SP).

‘Carteira de identidade’

O país já tem como rastrear a carne que chega ao seu prato para saber de que propriedade ela saiu. Para isso, um sistema de rastreabilidade é abastecido com dados de brincos eletrônicos nos bois, uma espécie de RG, que identifica cada animal. A leitura desse chip pode ser feita à distância, desde que a propriedade tenha instalações para transmissão de dados.

Na tela do tablet ou do computador aparece tudo em tempo real: idade do animal, vacinas e medicamentos que ele recebeu, se já gerou bezerros, quem foram seus pais, tipo de alimentação que recebeu… enfim, todas as informações relevantes para acompanhar, do campo à prateleira, a história daquela carne. Os dados são armazenados em nuvens e podem ser acessados de qualquer ponto do planeta.

A outra arroba

Já ouviu falar em arroba? Não aquela do seu e-mail (@), mas a unidade que se usa para pesar o gado… Na pecuária, saber quanto pesa o animal é uma referência importante. Nas fazendas modernas, a pesagem é feita de forma automatizada. Já pensou se o pecuarista tivesse que colocar cada boi manualmente numa balança todo dia para saber se ele está ganhando peso ou emagrecendo?

O simples deslocamento do animal do campo para o centro de manejo gera estresse, o que faz com que o animal perca peso. “A conectividade também contribui para o bem-estar animal, já que reduz o estresse”, diz o chefe de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Pecuária Sudeste, Dr. Alexandre Berndt.

Na Embrapa Pecuária Sudeste, as conexões da pecuária 4.0 permitem conhecer o peso dos animais (bovinos e ovinos) com muita facilidade. Ao se aproximar de bebedouros ou comedouros eletrônicos, eles são pesados automaticamente e, mais uma vez, os dados são transmitidos via radiofrequência, wi-fi e bluetooth.

Muito além da pesagem

Todo o aparato tecnológico disponível na Embrapa, em São Carlos, ajuda a monitorar o rebanho, não apenas em relação ao peso. Ali existem experimentos que comparam as condições do gado na sombra e a pleno sol, por exemplo, utilizando termografia infravermelha. Por que isso é importante? A resposta é: bem-estar animal. O gado na sombra vai menos vezes ao bebedouro, melhora as condições para reprodução (produz mais embriões) e permanece mais tempo em atividade (com reflexos na produtividade), em comparação com aquele que vive sob o sol.

O uso de tecnologia e equipamentos conectados que transmitem dados para a pesquisa permite saber se o animal está em ócio, ruminando ou se deslocando e cada uma dessas atividades significa um tipo de comportamento. O monitoramento permite antecipar decisões e garantir a produtividade do rebanho. É como conhecer a “bio” de cada animal.

E o tal efeito estufa?

No campo experimental da Embrapa Pecuária Sudeste, estudos monitoram a quantidade de gás metano emitida pelos bois. E como se mede o gás se ele é transparente? “Um equipamento que mede as emissões individuais de gases de efeito estufa foi instalado no local onde o animal se alimenta em sistema de confinamento. Cada vez que o animal vai comer, sensores identificam e medem essas emissões em tempo real, gerando um conjunto de dados representativo”, explica Alexandre Berndt.

Essas informações são interpretadas e avaliadas por cientistas. Eles observaram que apenas 0,96% das emissões de gases de efeito estufa no mundo é proveniente das atividades agropecuárias do Brasil. Esse dado foi obtido a partir de levantamentos de emissões que constam no 5º Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, também conhecido como 5º Relatório do IPCC.

Acesse a notícia completa na página da EMBRAPA.

Fonte: Ana Maio, Embrapa Pecuária Sudeste. Imagem: Alexandre Rossetto Garcia, Embrapa.

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