Notícia
Nova máquina agrícola criada na UFC pode solucionar problema na colheita mecanizada da horticultura brasileira
O equipamento foi desenvolvido para as condições de solo e clima e de variedade de culturas do País, equacionando o problema das perdas e garantindo custos significativamente menores
Divulgação, Agencia UFC.
Fonte
Agência UFC
Data
quinta-feira, 24 fevereiro 2022 19:20
Áreas
Agricultura. Agronomia. Biotecnologia. Ciências Agrárias. Sustentabilidade
Uma nova máquina agrícola para a horticultura, inventada na Universidade Federal do Ceará (UFC), acaba de receber a carta patente do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) e pode vir a solucionar o maior problema encontrado no setor: a colheita mecanizada. A indisponibilidade de mão de obra para essa operação tem feito com que grandes e médios produtores recorram a maquinários importados não adequados à realidade nacional e que geram perdas que chegam a 70% da produção. O invento da UFC se propõe a desempenhar a tarefa garantindo custos significativamente menores.
Segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), em 2020 o setor comercializou 5,4 milhões de hortaliças nas centrais de abastecimento (CEASAs), movimentando R$ 16,3 bilhões. Nos últimos anos, a horticultura brasileira se reinventou com o enorme aumento na escala de produção em alguns polos, como a Chapada Diamantina (BA) e Gotardo (MG), com hortícolas em escala milhares de vezes maiores que as tradicionais hortas dos pequenos agricultores, em sistemas de produção altamente tecnificados, além de regiões como Holambra (SP), cujos cultivos protegidos utilizam inclusive tecnologia robótica na produção das hortaliças.
Esse cenário indica um mercado promissor para a indústria de máquinas agrícolas, mas a oferta nacional ainda não responde a essa demanda. “Existem máquinas italianas, francesas, alemãs para colher hortaliças, mas o problema é que, quando elas vêm para o Brasil, devido ao fato de não terem sido projetadas para nossas condições de solo e clima e de variedades das culturas, elas chegam a perder 70% da produção”, informa o professor Dr. Daniel Albiero, um dos inventores do novo maquinário, que, na época de sua idealização, era docente do Departamento de Engenharia Agrícola da UFC.
O invento trata-se de uma colhedora multifuncional de hortícolas herbáceas, folhosas, tuberosas, fistulosas, raízes e bulbos. O termo hortícola está relacionado às plantas comestíveis com cultivo em horta, de ciclo curto de produção e que respondem por diversas safras ao ano. Hoje, são mais de 100 espécies cultivadas comercialmente.
A máquina é apresentada em três versões: uma para a colheita de hortícolas folhosas e herbáceas (como alface, couve-flor, brócolis); outra para tubérculos, bulbos e raízes (como cebola, alho, cenoura, batata-doce) e uma terceira para colher fístulas sensíveis (para culturas delicadas, como a cebolinha). “Ela é constituída de módulos intercambiáveis que podem ser trocados em 15 minutos, de acordo com a categoria da cultura”, explica o professor.
“Seguimos a filosofia de projeto da EMBRAER com seus aviões. Se um agricultor for produtor de alface, ele obviamente adquirirá o módulo para culturas hortícolas folhosas, módulo que pode colher qualquer folha, de alface a rúcula, ou seja, para colher rúcula em vez de alface, basta ele programar a máquina e colocar os parâmetros da rúcula. Se for um produtor de cenoura, ele adquire o módulo de tubérculos e raízes, então qualquer cultura desse tipo pode ser colhida”, esclareceu o pesquisador.
O diferencial do equipamento é que ele se utiliza de três robôs: um manipulador, um de corte e outro de elevação. “Cada um desses robôs tem módulos que adaptam a máquina automaticamente para cada cultura, diminuindo drasticamente as perdas”, explica Albiero, que hoje é professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
O Dr. Albiero informa que todos os componentes e sistemas da máquina são facilmente encontrados no mercado.“Foi realizado todo um estudo de sistemas de manutenção automáticos, além de diagnósticos que possibilitam uma grande eficiência nessa manutenção”, garantiu o professor.
Substituição da mão de obra
A etapa de colheita da horticultura, em situações de larga escala, necessita de cerca de 200 trabalhadores para realizar a operação. “Na colheita manual, as perdas são mínimas, mas o problema é que não existe mais disponibilidade de mão de obra no campo para colheita de hortícolas em grande escala”, aponta o Dr. Daniel Albiero.
Esse fator tem feito com que os grandes e médios produtores busquem máquinas europeias, que, contudo, geram perdas por conta da “ineficiência e inadequação dos órgãos ativos de ataque ao solo e manuseio do material vegetal na colheita”, justifica o professor. A máquina inventada na UFC, por ter sido elaborada considerando as condições específicas da produção nacional, resolveria esse problema.
O equipamento foi projetado para ser operado por até três pessoas, garantindo a mesma capacidade de uma colheita manual com 200 trabalhadores. Por conta da drástica redução no uso de mão de obra, os custos ficam significativamente menores, informa o inventor.
Acesse a notícia completa na página da Agência UFC.
Fonte: Sérgio de Sousa, Agência UFC. Imagem: Divulgação, Agência UFC.
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