Notícia
Microrganismo usado em queijo de leite de cabra apresenta propriedades anti-inflamatórias
Muitos dos microrganismos presentes em queijos, iogurtes e outros derivados de leite de cabra são benéficos à saúde humana
Luís Eduardo Laguna, Embrapa
Fonte
EMBRAPA | Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
Data
quinta-feira, 31 janeiro 2019 16:40
Áreas
Ciência e Tecnologia de Alimentos . Engenharia de Alimentos. Pecuária
A bactéria Lactobacillus rhamnosus EM 1107, empregada na produção de queijo de leite de cabra, apresentou capacidade de sobreviver ao processo digestivo e controlar respostas inflamatórias intestinais. Foi o que mostrou pesquisa executada na Universidade Federal da Paraíba (UFPB) em parceria com a Embrapa e publicada na revista científica Journal of Functional Foods.
O microrganismo é um dos isolados de produtos lácteos da Caatinga que são estudados pela Embrapa Caprinos e Ovinos (CE) e instituições parceiras para serem ingredientes de produtos lácteos benéficos à saúde. Entre eles, um queijo caprino 100% nacional que terá essa bactéria em sua composição e que já está sendo testado no laticínio da Fazenda Carnaúba, em Taperoá, na Paraíba.
Coleções de microrganismos para atender o mercado
Muitos dos microrganismos presentes em queijos, iogurtes e outros derivados de leite de cabra são benéficos à saúde humana. Além de ações anti-inflamatórias, eles promovem efeitos positivos sobre o funcionamento intestinal. Para impulsionar esses benefícios, a pesquisa agropecuária investe em coleções de bactérias que são avaliadas e testadas para uso em futuros produtos lácteos, gerando alimentos de alto valor nutritivo e, em alguns casos, de identidade nacional ou regional, um diferencial competitivo valorizado no mercado.
Segundo o pesquisador da Embrapa Caprinos e Ovinos Dr. Antônio Egito, o interesse em manter essas coleções voltadas para o desenvolvimento de produtos lácteos surgiu a partir da demanda pela obtenção de microrganismos com características distintas das que já estão disponíveis no mercado. “Essas pesquisas já são destaque no Brasil e no exterior, principalmente em países com tradição queijeira na Europa”, conta o cientista, destacando também que o mercado nacional de culturas probióticas para uso em alimentos ainda é restrito a poucas empresas que comercializam produtos importados e de custo alto.
o Dr. Egito revela que há interesse em se investir em estudos com derivados e fermentos láticos desenvolvidos no País. Por isso, objetivo dos projetos de pesquisa em andamento é ampliar o conhecimento sobre bactérias da biodiversidade brasileira e, com elas, gerar insumos agroindustriais para os laticínios nacionais.
“É promissora a possibilidade de encontrar novas bactérias láticas que reúnam habilidades tecnológicas, como a produção de aromas e acidificação do leite, e propriedades benéficas à saúde, como a capacidade de produzir vitaminas e a ação anti-inflamatória, entre outras”, informa a pesquisadora da Embrapa Agroindústria de Alimentos (RJ) Dra. Karina dos Santos.
Com o desenvolvimento de insumos brasileiros para os derivados do leite de cabra, espera-se também a redução de custos para a produção brasileira ao diminuir a dependência de fermentos importados. “Hoje o acesso a fermentos láticos funcionais para os pequenos laticínios é bastante restrito, devido principalmente ao custo elevado para aquisição desses insumos. A principal vantagem é a disponibilização de tecnologias compatíveis com as condições de produção artesanal ou em pequena escala, que representa a maior parte das agroindústrias processadoras de leite caprino no Brasil”, reforça Santos.
Produtos com identidade regional
De acordo com os pesquisadores da Embrapa, os testes com as bactérias para queijo de leite caprino na Fazenda Carnaúba, propriedade do Cariri paraibano que trabalha há anos com a produção de derivados lácteos, procura também desenvolver tecnologias para ampliar a produção e oferta de produtos com identidade regional. “A grande vertente é utilizar bactérias locais para produzir variedades de queijo exclusivas do Brasil, adaptadas às nossas condições de temperatura e umidade”, ressalta Egito.
A experiência em Taperoá acontece em cooperação técnica com participação da Embrapa, Fazenda Carnaúba, UFPB, Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a Incubadora de Agronegócios das Cooperativas, Organizações Comunitárias, Associações e Assentamentos Rurais do Semiárido da Paraíba. Após resultados promissores nos testes em laboratório, a EM 1107 está sendo avaliada na produção de queijos de leite de cabra em um laticínio.
Acesse a notícia completa na página da EMBRAPA.
Fonte: Adilson Nóbrega, Embrapa Caprinos e Ovinos. Imagem: Luís Eduardo Laguna, Embrapa
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