Notícia

Menstruação e menopausa: foco no papel dos ácidos graxos

Fonte

Universidade de Montreal

Data

quarta-feira, 29 maio 2024 15:35

Áreas

Nutrição Clínica. Saúde Pública

O que determina a idade da primeira menstruação e menopausa nas mulheres? De acordo com um novo estudo, publicado na revista científica Genome Medicine, liderado pela Dra. Despoina Manousaki, endocrinologista e pesquisadora do CHU Sainte-Justine e professora da Faculdade de Medicina da Université de Montréal, acredita que parte da resposta está no metabolismo dos ácidos graxos, incluindo ácidos graxos ômega-3 e ômega-6 e fosfatidilcolina.

A análise, que se baseou em bases de dados contendo os genomas de várias centenas de milhares de indivíduos, mostra que o nível sanguíneo destas substâncias produzidas pelo metabolismo (ou metabolitos) desempenha um papel causal na determinação da longevidade reprodutiva, como a idade da primeira menstruação e menopausa. Entretanto, outros fatores que influenciam o perfil lipídico, como o índice de massa corporal (IMC), podem modificar esse efeito na idade da primeira menstruação.

Novos biomarcadores descobertos

Até agora, pouco se sabia sobre o papel do metabolismo e dos metabólitos na determinação da idade da primeira menstruação e do final do período reprodutivo. No entanto, diante do impacto desses eventos na saúde da mulher, torna-se imprescindível a melhor compreensão dos processos no trabalho.

“Nosso objetivo era identificar novos biomarcadores”, explicou a Dra. Manousaki. Portanto, testamos várias centenas de metabólitos em bancos de dados genômicos de meninas e mulheres para ver se há uma relação causal entre essas substâncias e a idade da menarca e da menopausa. Nossas análises revelaram que este é o caso de ácidos graxos como certas fosfatidilcolinas, bem como ômega-3 e ômega-6.”

Além disso, como a idade da primeira menstruação tende a diminuir em meninas com sobrepeso e há ligações entre obesidade e menopausa precoce, Dra. Manousaki e sua equipe também queriam verificar a incidência do IMC como um fator intermediário. Usando bancos de dados genômicos e medições diretas de metabólitos sanguíneos em meninas e mulheres de uma coorte britânica, a pesquisadora e seus colegas descobriram que o efeito do ômega-3 e ômega-6 permanece significativo na idade da menopausa, independentemente do IMC. No entanto, a influência de certos ácidos graxos na idade da primeira menstruação desaparece quando esse fator é levado em consideração, o que reforça a hipótese da associação entre obesidade e puberdade precoce. No entanto, é possível que outros fatores do estilo de vida não considerados no estudo, como atividade física ou dieta, também atuem como fatores intermediários.

Um alvo terapêutico a ser explorado

Uma melhor compreensão do papel que os lipídios desempenham na longevidade reprodutiva das mulheres poderia permitir seu uso para fins terapêuticos ou preventivos. Embora os mecanismos de ação dos lipídios sobre a longevidade reprodutiva permaneçam desconhecidos, pode-se pensar que eles são, pelo menos em parte, atribuíveis às propriedades anti-inflamatórias dos lipídios. Isso significa que todas as meninas e mulheres devem tomar, por exemplo, suplementos de ácidos graxos ômega-3 e ômega-6?

“Nosso estudo mostra que esses ácidos graxos são biomarcadores relacionados à idade da menstruação e menopausa, mas sua utilidade terapêutica precisa ser verificada por meio de ensaios clínicos”, disse a Dra. Isabel Gamache, pesquisadora associada e coautora do estudo. Mais pesquisas serão, portanto, necessárias para determinar as implicações clínicas de nossa descoberta, incluindo se o nível desses metabólitos no sangue deve ser medido por testes de rotina, como é feito para certas vitaminas ou minerais.”

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Universidade de Montreal.

Fonte: Justine Mondoux-Turcotte, Universidade de Montreal. Imagem: Freepik.

Em suas publicações, o Canal Nutrição da Rede T4H tem o único objetivo de divulgação científica, tecnológica ou de informações comerciais para disseminar conhecimento. Nenhuma publicação do Canal Nutrição tem o objetivo de aconselhamento, diagnóstico, tratamento médico ou de substituição de qualquer profissional da área da saúde. Consulte sempre um profissional de saúde qualificado para a devida orientação, medicação ou tratamento, que seja compatível com suas necessidades específicas.