Notícia

Macarrão paraprobiótico aguarda parceria para alcançar mercado

Os paraprobióticos são células ou frações microbianas mortas (não viáveis), mas que, ainda assim, podem influenciar positivamente o organismo e conferir benefícios à saúde de quem consome

Antoninho Perri, Unicamp

Fonte

Jornal da Unicamp

Data

terça-feira, 17 agosto 2021 09:35

Áreas

Biotecnologia. Ciência e Tecnologia de Alimentos. Engenharia de Alimentos. Gastronomia. Nutrição Coletividades

Os probióticos estão presentes na dieta humana em diversos produtos como queijos e derivados de leite. Porém, com uma grande parcela da população com restrição ao consumo de alimentos lácteos, as versões inativadas dessas bactérias benéficas para a saúde, apresentam grande potencial para a indústria alimentícia. Uma dessas tecnologias está no Portfólio de Patentes e Softwares da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) à espera de empresas interessadas em desenvolver produtos mais completos que vão além da nutrição, como o macarrão paraprobiótico.

A tecnologia foi desenvolvida por pesquisadores da Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA) da Unicamp. O método consiste em transformar bactérias específicas. Os paraprobióticos são células ou frações microbianas mortas (não viáveis), mas que, ainda assim, podem influenciar positivamente o organismo e conferir benefícios à saúde de quem consome. Além disso, são mais estáveis para aplicação em alimentos que passam por etapas drásticas de processamento.

“O macarrão é um produto que todo mundo consome e tem uma ampla vida de prateleira. Com essa tecnologia a indústria não teria que se preocupar com grandes mudanças no processo de fabricação e armazenamento, pois a viabilidade da bactéria não seria influenciada, visto que ela está morta. Ainda assim, os benefícios são expressivos”, disse a pesquisadora, Dra. Caroline Nunes de Almada, destacando algumas das vantagens da tecnologia.

Vantagens tecnológicas do macarrão paraprobiótico

Com a mudança dos hábitos alimentares, alimentos com paraprobióticos podem alcançar mercados em expansão como o vegetariano e o vegano. As pessoas com restrição alimentar grave também poderiam consumir a massa alimentícia com essas bactérias, uma vez que, inativadas, elas perdem a capacidade de replicação reduzindo riscos para os imunocomprometidos.

A aplicação de paraprobióticos é uma estratégia recente da ciência para incorporar os benefícios desses microrganismos em produtos onde os probióticos não podem ser aplicados, pois não permaneceriam em concentrações adequadas para proporcionarem benefícios. Pelo novo método, os pesquisadores desenvolveram um paraprobiótico específico para a formulação de alimentos processados, principalmente aqueles submetidos a grande variação de temperatura, como o macarrão grano-duro.

“Esse tipo de massa passa por diversas etapas produtivas, desde mistura, modelagem, corte e secagem em estufas. E, mesmo depois de pronto, ainda precisa ser cozido antes de chegar à mesa. Esses processos, provavelmente, causariam uma redução na concentração dos probióticos se fossem adicionados sem o tratamento tecnológico. Como não dependem de refrigeração, os paraprobióticos inativados por irradiação podem ser adicionados a alimentos que ficam longos períodos armazenados”, explica o professor e pesquisador, Dr. Anderson Sant’Ana, que orientou as pesquisas.

Benefícios do consumo de paraprobióticos

O composto foi adicionado à massa na forma líquida e não alterou a composição química do alimento. Testes experimentais mostraram que uma dieta com o alimento influenciou a microbiota de animais saudáveis após 15 dias de consumo, em relação ao grupo controle. Os pesquisadores identificaram que o consumo do macarrão paraprobiótico modulou a microbiota intestinal dos roedores, promovendo modificações na composição e na funcionalidade, aumentando bactérias benéficas.

A dieta com o alimento funcional também reduziu em 11,3% no nível de glicose e em 10,6% no de colesterol. Os pesquisadores acreditam que o resultado também será positivo no organismo humano, mas para ter certeza, é preciso submeter o alimento a novos estudos.

Acesse a notícia completa na página da Unicamp.

Fonte: Ana Paula Palazi, Agência de Inovação Unicamp. Imagem: Antoninho Perri, Edição Renan Garcia-Unicamp.

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