Notícia

Insetos comestíveis podem enriquecer alimentos e complementar renda de comunidades carentes

Pesquisa contempla principalmente os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)

Antonio Scarpinetti, Unicamp

Fonte

Jornal da UNICAMP 

Data

quarta-feira, 29 janeiro 2020 11:30

Áreas

Agricultura. Ciência e Tecnologia de Alimentos. Engenharia de Alimentos. Gastronomia. Nutrição Coletividades

No ano passado, a bióloga Ana Lúcia Marigo entrou em contato com alguns professores da Faculdade de Engenharia Agrícola (FEAGRI) da Unicamp com o objetivo de desenvolver doutorado sobre pesquisas de técnicas simples para a criação de insetos comestíveis que possibilitassem a produtores de pequenas comunidades aumento de renda e consequentemente melhoria das condições sociais das famílias envolvidas. Foi quando acabou estabelecendo contato mais próximo com a professora Dra. Juliana Aparecida Fracarolli, da área de tecnologia pós-colheita da FEAGRI da Unicamp, que prontamente manifestou interesse em orienta-la em doutorado iniciado em agosto do mesmo ano. A partir daí ganhou corpo também a ideia de os insetos constituírem alternativa para enriquecimento das dietas dessas comunidades pois, como se sabe, muitos deles são ricos em vários componentes alimentares importantes, principalmente proteínas.

Essa segunda possibilidade vinha ao encontro dos interesses futuros da docente que pretende dedicar-se a questões relacionadas à fome e à desnutrição que acometem comunidades carentes em todo o mundo. A propósito, ela lembra que a pesquisa em questão abrange propostas da Agenda 2030 e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) que enfatizam a necessidade de medidas transformadoras em busca de um real desenvolvimento sustentável para a humanidade (UN, 2015). A proposta contempla principalmente os ODS que propõem acabar com a fome, garantir segurança alimentar e assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis.

Em decorrência do tema de doutorado as pesquisadoras propuseram-se a participar de uma oficina oferecida na primeira versão do programa Ciência e Arte dos Povos da Amazônia (CAPA), que se desenvolverá por seis semanas a partir de meados de janeiro, promovido pelas pró-reitorias de pesquisa da Unicamp e da Universidade Federal do Pará (UFPA)  e pelo Santander. O CAPA traz ao campus de Campinas 20 estudantes da UFPA, oriundos de povos indígenas, quilombolas, ribeirinhos e extrativistas, para atividades de estágio, pesquisa e oficinas, além de possibilitar o contato desses alunos com a vida acadêmica através de docentes, pesquisadores e discentes da Universidade. O programa visa estimular os participantes para a pesquisa cientifica, envolvendo-os em atividades nas áreas de artes, ciências humanas, exatas e da terra, ciências biológicas e da saúde e tecnologia.

O objetivo da oficina em questão é explorar os insetos como fonte alternativa de proteínas alimentares, proporcionando aos alunos a oportunidade do aprendizado da sua criação, do seu processamento e da produção de alimentos que os utilizam e que têm potencial para tornarem-se fontes de consumo. Durante o evento os participantes ouviram uma apresentação teórica sobre os conceitos envolvendo o consumo e a criação se insetos, participaram de atividades práticas relacionadas a criação, manuseio, abate, higienização e processamento dos insetos com vistas à utilização na culinária. Concluíram as atividades executando uma receita em que insetos constituem um dos ingredientes e ao final foram convidados a degustar o prato por eles preparado. ”Pretendemos despertar nesses alunos o interesse em levar todo esse conhecimento para disponibiliza-lo em suas regiões. Esperamos que isso contribua para o enriquecimento alimentar e gere fonte de rendas alternativas para as comunidades amazônicas mais carentes, pois a criação não exige muita tecnologia, possibilitando-lhes inclusive o desenvolvimento de criações de insetos locais e o estabelecimento de novos hábitos alimentares”, enfatiza  a Dra. Juliana.

Conceito

As pesquisadoras esclarecem que, embora menos presente no mundo ocidental, o consumo de insetos é bastante comum em culturas asiáticas e africanas. Insetos vêm sendo consumidos como suplemento alimentar ou como constituinte principal da dieta de diferentes povos em muitas regiões do mundo, inclusive indígenas, constituindo uma fonte proteica de grande importância nutritiva pela quantidade relativa de proteínas e lipídeos, além de rica em sais minerais, embora seus consumos sejam vistos, principalmente no ocidente, com grande preconceito.

A produção de insetos para consumo em larga escala é um conceito relativamente novo na sociedade e tem como um dos principais desafios a popularização desta fonte alternativa de proteínas. Como os insetos podem sobreviver em diferentes locais, tanto em ambientes naturais como artificiais, existe grande potencial para a produção de um alimento que acarreta baixo índice de poluição ambiental, oferece alta rentabilidade e que além de tudo demanda baixo investimento.

Acesse a notícia completa na página da UNICAMP.

Fonte: Carmo Gallo, Unicamp. Imagem: Antonio Scarpinetti, Unicamp.

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