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Idosos carentes de vitamina D têm duas vezes mais risco de depressão

Idosos com deficiência de vitamina D têm risco 2,27 vezes maior de ter sintomas depressivos, quando comparado a aqueles com nível normal

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Fonte

UFSC | Universidade Federal de Santa Catarina

Data

quarta-feira, 1 novembro 2023 13:25

Áreas

Nutrição Clínica. Nutrição Coletividades. Saúde Pública

A vitamina D e seus benefícios para a saúde se tornaram um tema comum, especialmente durante a pandemia de Covid-19, quando informações, muitas vezes falsas, circularam pelas redes sociais com promessas milagrosas. No entanto, é preciso recorrer à ciência para entender seu papel real no corpo humano. Além de ser essencial para a saúde óssea, há ainda espaço para estudos sobre sua influência na saúde mental.

Na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), uma pesquisa ajudou a desvendar a relação entre a vitamina D e a depressão em idosos da capital do estado, Florianópolis. A partir de dados do estudo EpiFloripa Idoso, foi possível concluir que idosos com deficiência da substância têm risco 2,27 vezes maior de ter sintomas depressivos, quando comparado a aqueles com nível normal. Nesse grupo com deficiência de vitamina D, o risco aumentou a longo prazo: chegou a ser 2,9 vezes maior de 2 a 5 anos após a medição. Adotou-se uma referência internacional, considerando menos que 20 ng/mL como deficiência e, entre 20 e 30 ng/mL, insuficiência.

O estudo também mostra que mulheres, idosos com obesidade e com maior nível de colesterol LDL, tendem a ter níveis baixos. O mesmo acontece com idosos que dependem mais de outras pessoas em atividades diárias, como comer, tomar banho e se vestir. Mas um fator ajuda a protegê-los: a atividade física.

Esse é o resultado de quatro anos e meio de trabalho em pesquisa de doutorado da Dra. Gilciane Ceolin, que defendeu sua tese em 2022, com orientação da professora Dra. Júlia Dubois Moreira, do Programa de Pós-Graduação em Nutrição da UFSC. A pesquisa foi viabilizada por meio de bolsa concedida pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).

A ideia surgiu a partir da parceria do grupo de estudos em Neurociência Nutricional Translacional com o grupo de pesquisa EpiFloripa Idoso. A Dra. Júlia Dubois orientou a pesquisadora desde o mestrado.

“Esse tema estava despontando e, no mundo inteiro, são poucos estudos que abordam especificamente a questão do idoso”, explicou a orientadora.

A Dra. Gilciane Ceolin contou que, antes da sua tese, encontrou apenas um artigo brasileiro que investigava a relação entre vitamina D e sintomas depressivos em idosos. Dessa forma, ela ajuda a diminuir a lacuna de estudos em países de baixa e média renda, onde o acesso a tratamentos para depressão é mais baixo.

A pesquisa rendeu o Prêmio CAPES de Tese de 2023, na área de nutrição, e concorre ao Grande Prêmio CAPES de Tese, que será entregue em dezembro de 2023.

“É muito gratificante, por vir do interior, com poucos recursos, sempre estudei em escola pública e com bolsa em universidade privada, e por enfrentar muitos desafios ao longo da jornada. Espero que seja uma inspiração para os próximos doutorandos”, comentou a Dra. Gilciane Ceolin.

Para a orientadora, um destaque do trabalho é a publicação de sete artigos em revistas científicas relevantes. Durante o doutorado sanduíche na Queen’s University, de Kingston, no Canadá, a Dra. Gilciane Ceolin trabalhou com um grupo de pesquisa em Psiquiatria Nutricional e chegou a publicar dois artigos, em um periódico nacional e um internacional.

“Ela usou diversos métodos para cercar essa essa mesma questão. Em uma tese, a gente tá contando uma história e eu acho que a história dela foi contada de diversas formas, contornando o tema central”, afirmou a Dra. Júlia Dubois.

A ciência por trás da vitamina D

Há mais de 350 anos que os cientistas se interessam pela vitamina D, com as primeiras descrições do raquitismo em crianças, uma doença causada pela falta da substância. Hoje, entende-se que ela é uma vitamina solúvel em gordura que desempenha funções em diversos órgãos do corpo. Embora alguns estudos a considerem um hormônio, ainda não é consenso na comunidade científica. Também já se sabe que há três fontes de obtenção: exposição solar, suplementação ou alimentação. Cerca de 80 a 90% da obtenção vem da exposição solar ou da suplementação.

Tomar sol tá valendo!

Quando tomamos sol, a radiação ultravioleta (UVB) entra em contato com a pele. Com a exposição, inicia um processo que dura várias horas até que algumas moléculas se transformem em vitamina D, mais especificamente na forma de D3, ou colecalciferol.

Estudos mostram que tomar sol todo dia, por 7 a 30 minutos, nas mãos, braços e rosto é capaz de suprir as necessidades diárias. Entre 9h e 15h, horários de pico solar, é quando há mais radiação UVB. Entretanto, há discussões sobre o efeito dos raios na pele, tanto que a Sociedade Brasileira de Dermatologia dá recomendações diferentes: tomar sol por 5 a 10 minutos, evitando os horários entre 10 e 15 horas, em áreas que costumam estar cobertas, como pernas, costas e barriga.

Da mesma forma, não há consenso se o filtro solar influencia o processo.

“Estudos mais recentes têm mostrado que o uso de protetor solar não reduz a produção de vitamina D, sendo seguro usar para evitar o risco de câncer”, sugeriu a Dra. Gilciane Ceolin.

Desafios da dieta brasileira

A forma da vitamina que encontramos na comida é a D2 ou ergosterol, que é absorvida no intestino depois que comemos. Na prática, a alimentação não costuma atender as necessidades diárias, pois os alimentos ricos em vitamina D estão fora da dieta da maioria dos brasileiros. São eles: cogumelos, peixes gordurosos e óleo de fígado de bacalhau.

Os peixes gordurosos, como o salmão, precisam ser selvagens para ter uma quantidade significativa da substância, além de que seria preciso consumi-los todos os dias.

Os famosos suplementos

Os suplementos costumam entrar em jogo, a partir de recomendação médica, quando os níveis estão baixos. Em cápsulas, comprimidos ou gotas, eles podem conter tanto a forma D2 quanto a D3, mas já existem estudos que indicam a D3 como mais eficiente.

Acesse a notícia completa na página da UFSC.

Fonte: Luiza Casali , supervisão de Mayra Cajueiro Warren, UFSC.  Imagem: Freepik.

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