Notícia
Identificados genes que podem levar à melhoria no gado bovino
Genes estão associados a características de reprodução, composição do leite e crescimento
Pixabay
Fonte
UNESP | Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho
Data
terça-feira, 6 novembro 2018 11:10
Áreas
Pecuária. Zootecnia
Por décadas, os programas de melhoramento de gado bovino se concentraram em promover um crescimento rápido dos novilhos. Agora, busca-se o melhoramento de outras características, como mais maciez na carne ou maior área do músculo no olho da costela.
Investigando o genoma da raça zebuína Gir, pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) identificaram 35 genes associados a características como reprodução, composição do leite e crescimento. Trata-se de um passo fundamental para desenvolver novas linhagens com características desejadas por produtores e consumidores.
Resultados do estudo foram publicados na revista científica PLOS ONE pelo grupo liderado pelo Dr. Josineudson Augusto II de Vasconcelos Silva, professor na Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus de Botucatu (SP). A pesquisa contou com apoio da FAPESP. Participam do trabalho pesquisadores da Universidade da Geórgia, nos Estados Unidos, e dos Institutos de Zootecnia de Nova Odessa e de Sertãozinho.
A raça zebuína Gir é originária da Índia e foi introduzida com sucesso em regiões tropicais. É uma das principais raças de gado criadas nos países tropicais da América do Sul, em especial no Brasil. Mas as diversas populações de Gir por aqui guardam diferenças marcantes. A forte seleção artificial da raça levada a cabo nas últimas décadas levou ao aumento da diferenciação genética entre os animais em diversos países.
No Brasil, atualmente a raça Gir é criada principalmente como gado leiteiro, mas no passado também despontava como opção dos criadores no gado de corte, que é hoje dominado pela raça Nelore.
Para conseguir localizar os genes associados à produção de carne e leite em Gir, os pesquisadores analisaram os genótipos de animais de duas populações distintas. Uma delas foi um rebanho criado entre 1976 e 2003 no Instituto de Zootecnia de Sertãozinho.
Em 1976, iniciou-se em Sertãozinho a criação de um rebanho Gir cujos animais foram sendo selecionados para desenvolver características ligadas à produção de carne, como aumento rápido de tamanho dos novilhos. A consequência é que os novilhos ficaram cada vez maiores. Mas em 2003, devido à reorientação dos produtores em relação ao Gir, de gado de corte para gado leiteiro, aquele rebanho de Sertãozinho foi vendido.
Ao mesmo tempo, iniciou-se o Programa Nacional de Melhoramento Genético do Gir Leiteiro (PNMGL), selecionado para características ligadas à produção de leite. Com o passar dos anos, as vacas foram desenvolvendo úberes cada vez maiores e produzindo cada vez mais leite.
Para o trabalho de genotipagem, foram utilizadas amostras de pelos retiradas, em 2003, de 173 touros, vacas e animais jovens do rebanho selecionado para corte. Também foram usadas amostras de pelo de 273 animais do rebanho do PNMGL, criados em cinco fazendas localizadas nos estados de Minas Gerais e São Paulo.
Também foram levantados registros específicos de cada animal, como peso ao nascer, peso antes da desmama, peso na pós-desmama e também no momento do abate.
“Selecionamos um grupo de Gir para corte e outro para leite. A diferença na morfologia dos animais era muito grande. Enquanto os animais selecionados para corte tinham maior musculatura e eram mais fortes, as vacas selecionadas para leite possuíam úberes muito pronunciados”, disse Vasconcelos Silva.
“Os resultados obtidos são claros e consistentes com a história de ambas as populações, que estavam sob diferentes programas de melhoramento; portanto, os animais foram submetidos à segregação intencional de genes dentro de cada população, promovendo o completo isolamento e variação genética entre eles”, disse.
Confrontando os genomas de todos os 446 animais, ou seja, os genomas dos 173 animais selecionados para corte com o genoma dos 273 animais selecionados para leite, foram detectadas as regiões no genoma bovino, em Gir, onde se localizam os genes ligados à produção de carne e aqueles ligados à produção de leite.
“Identificamos 282 genes nas regiões eleitas como assinaturas de seleção nos rebanhos de corte e leite da raça Gir, dentre os quais 35 genes estão associados à reprodução, composição do leite, crescimento, carne e carcaça, saúde ou características de conformação corporal”, disse o Dr.Vasconcelos Silva.
Rebanhos maiores
A investigação de genes mostrou que características associadas à fertilidade, produção de leite, qualidade da carne e crescimento estão envolvidas no processo de diferenciação das duas populações, a selecionada para corte e a selecionada para leite. Alguns desses 35 genes já eram conhecidos dos cientistas. Outros são descobertas novas para a ciência.
Os próximos passos da pesquisa envolvem o trabalho com rebanhos maiores, realizando genotipagem de ao menos 2 mil animais. O objetivo será entender melhor como cada um desses genes antes desconhecidos se expressa e de que forma estão relacionados com as características investigadas.
Acesse a notícia completa na página da UNESP.
Acesse o artigo completo na revista PLOS ONE (em inglês).
Fonte: Peter Moon, Agência FAPESP. Imagem: Pixabay.
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