Notícia
Identificação de feromônio da praga do côco pode levar ao controle biológico
É um desafio controlar os insetos-praga que causam perdas significativas para a comercialização mundial do coco, mas esse problema pode estar perto de uma solução eficiente e ambientalmente correta
Pixabay
Fonte
CNPq | Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
Data
segunda-feira, 18 fevereiro 2019 10:40
Áreas
Agricultura. Agronomia. Ciência e Tecnologia de Alimentos
O coco é uma das principais fruteiras brasileiras, com importância social e econômica devido à diversidade de produtos derivados úteis à agroindústria, como, por exemplo, água de coco, leite de coco, madeira, fibras, biocombustível, ração animal e óleos, entre outros. O desafio é controlar os insetos-praga, que causam perdas significativas para a sua comercialização em nível mundial. Após vários anos de pesquisa, finalmente esse problema pode estar perto de uma solução eficiente e ambientalmente correta.
Cientistas da Universidade Federal do Paraná (UFPR) identificaram feromônios de agregação da principal praga do coco no Brasil – o besouro Homalinotus depressus (Coleoptera: Curculionidae). A pesquisa, desenvolvida pelo Laboratório de Semioquímicos do Departamento de Química da UFPR, está descrita no artigo publicado na revista científica Scientific Report.
O artigo é resultado de pesquisa coordenada pelo Prof. Dr. Paulo Henrique Zarbin, e pelos pesquisadores Dr. Diogo Montes Vidal , Marcos Antonio Barbosa Moreira e a Dra. Miryan Denise Araujo Coracini (pós-dutorandos). O Laboratório de Semioquímicos, ao qual todos os autores estavam vinculados à época do estudo, integra o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) de Semioquímicos na Agricultura.
A pesquisa
Feromônios são moléculas responsáveis pela comunicação química entre os insetos, e vários comportamentos biológicos estão a eles associados. Existem vários tipos desempenhando diferentes funções. Os de agregação permitem que os insetos sejam atraídos por outros, inicialmente para uma fonte de alimentação, e, depois, quando se encontram agregados nessa fonte, desenvolvem um potencial muito menor de sofrer ataques de inimigos naturais.
Os pesquisadores coletaram voláteis emitidos por machos e fêmeas da espécie Homalinotus depressus e, quando testaram no olfatômetro (sistema fechado, que estuda o comportamento de insetos, quando eles captam algum cheiro), constataram que o estrato do macho apresentou atividade de agregação não encontrada no da fêmea. Concluiu-se que havia moléculas responsáveis por esse comportamento e, posteriormente, notaram que essas moléculas são derivadas da isoforona.
O ‘pulo do gato’ foi a síntese dessas moléculas em laboratório, chegando a um composto capaz de simular o código de comunicação que o próprio inseto emite. “No estudo de campo, empregando a molécula sintética, colocamos o liberador em armadilhas e percebemos que os insetos foram atraídos da mesma forma que são pelo feronômio natural. Com isso, temos perspectiva de desenvolver metodologias de controle da praga a partir de um composto produzido pelo próprio inseto”, explica o Dr. Zarbin.
Os surtos de praga são favorecidos por fatores intrínsecos da planta, como a produção contínua de folhas e inflorescências, ou fatores extrínsecos, incluindo temperatura, umidade, relações culturais mal conduzidas e uso excessivo de pesticidas, levando à redução da população de inimigos naturais. No caso do coco, as larvas de Homalinotus depressus constroem galerias dentro de coqueiros, pedúnculo floral e estipe, interrompendo assim o fluxo de seiva e promovendo a falha de flores e frutos.
De acordo com o pesquisador, os feromônios sintetizados têm a grande vantagem de ser totalmente específicos para esse tipo de praga e não permitem resistência dos insetos (devido ao simulacro do código emitido por eles). Além disso, não afetam inimigos naturais e nem insetos benéficos à plantação, e, principalmente, não causam nenhum dano ambiental, como contaminação ou resíduos químicos, provocados pelo uso de defensivos agrícolas. “Daí a importância desse achado, que, além de tudo, é ¿ambientalmente correto”, destaca o Dr. Zarbin.
O meio de controle mais comumente usado para combater o Homalinotus depressus ainda são os inseticidas, mas, segundo o Dr. Zarbin, a eficácia é limitada por conta do comportamento do inseto, que se desenvolve no interior da planta, inviabilizando o seu alcance de forma efetiva. “Esse estudo abre as portas para que, finalmente, consigamos, em curto prazo, desenvolver uma metodologia eficaz para o controle desta praga agrícola, haja vista que nenhuma metodologia tem mostrado eficiência”.
Acesse o artigo completo na revista científica (em inglês).
Acesse a notícia completa na página do CNPq.
Fonte: Coordenação de Comunicação Social do CNPq. Imagem: Pixabay.
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