Notícia

Grupo desenvolve fungicida capaz de combater praga do cacau

Cientistas de quatro instituições obtêm molécula que pode agir contra a vassoura-de-bruxa

Antoninho Perri, Fellipe Mello, Unicamp

Fonte

Jornal da UNICAMP

Data

quarta-feira, 3 abril 2019 10:00

Áreas

Agricultura. Agronomia. Ciência e Tecnologia de Alimentos

O desenvolvimento de uma molécula fungicida contra a vassoura-de-bruxa reuniu, sob a coordenação do professor Dr. Gonçalo Amarante Guimarães Pereira, uma equipe interdisciplinar de cientistas dos Institutos de Biologia (IB) e Química (IQ) da Unicamp, do Centro de Energia Nuclear na Agricultura da USP, do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) e da Universidade de Warwick, do Reino Unido.

O trabalho, parte da tese “Desenvolvimento direcionado de inibidores da enzima mitocondrial Oxidase Alternativa (AOX) com ação antifúngica contra Moniliophthora perniciosa, fungo causador da vassoura-de-bruxa do cacaueiro”, de Mario Ramos de Oliveira Barsottini, é considerado um marco no conceito e consolidação de uma equipe de cientistas brasileiros com know-how para produzir e avaliar novos químicos de interesse comercial. Os resultados, publicados na revista científica Pest Management Scienceem outubro de 2018, prometem uma nova fase para a cacauicultura nacional.

A vassoura-de-bruxa causa prejuízos ao cacau nacional desde 1989 (leia mais no texto abaixo). Sem formas de erradicar a doença, os cacauais sentem, ainda hoje, os efeitos da vassoura-de-bruxa: são cada dia menos produtivos e competitivos frente às plantações da África e da Ásia.

“Os fungicidas mais usados contra fungos atacam geralmente a respiração ou a estabilidade da membrana celular. Os que atacam a respiração, não funcionam contra a vassoura-de-bruxa. Já os que atacam a membrana celular, funcionam em laboratório, mas não no campo, de acordo com os produtores”, explica Mario Barsottini, primeiro autor do artigo.

O alvo das novas moléculas é a inibição de uma enzima muito peculiar do fungo, a oxidase alternativa (AOX). “A AOX confere à vassoura-de-bruxa resistência a fungicidas na primeira fase da infecção”, conta Barsottini. “Nossa hipótese era de que, inibindo essa via, a gente conseguiria matar o fungo. Mas achar uma molécula capaz de inativar AOX é como montar um quebra-cabeça sem saber direito o formato das peças”, acrescenta.

O grupo descreveu essa enzima e seu papel na sobrevivência do fungo em artigo publicado na revista New Phytologist em 2012. “Observamos que, quando a respiração principal é bloqueada pela azoxistrobina, uma via alternativa da respiração mantém o fungo na fase biotrófica. Mas, quando combinamos essa droga com um inibidor da oxidase alternativa, o fungo cessa completamente seu crescimento”, explicou Pereira, na época, à Agência FAPESP.

Na primeira fase da infecção, chamada biotrófica, o sistema de defesa da planta consegue bloquear a respiração do fungo. A AOX cria um atalho, que permite ao fungo manter suas funções vitais e resistir ao ataque. Após meses de manipulação da distribuição de nutrientes entre os vários tecidos vegetais, o fungo consegue energia suficiente para sofrer metamorfose e entrar na fase necrotrófica, quando se multiplica rapidamente e mata o seu hospedeiro.

Folhas, ramos e frutos secos com cogumelos (basidiomata), facilitam a disseminação dos esporos pela plantação, que permanecem viáveis por meses antes que um novo ciclo de infecção recomece. Portanto, o controle químico do fungo deve ocorrer antes dessa transição.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página do Jornal da Unicamp.

Fonte: Camila P. Cunha, Unicamp. Imagem: Antoninho Perri, Fellipe Mello, Unicamp.

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