Notícia

Florestas de alimentos e fazendas urbanas prometem resolver vários problemas ao mesmo tempo

Fonte

Universidade Stanford

Data

segunda-feira, 29 maio 2023 15:50

Áreas

Agricultura. Agronegócio. Agronomia. Biotecnologia. Segurança Alimentar. Sustentabilidade

E se você pudesse cultivar alimentos frescos onde são mais necessários, reduzir as perdas relacionadas ao calor de maneira econômica e criar espaços verdes para a comunidade local? E se você também pudesse reduzir as inundações e ajudar a mitigar as mudanças climáticas? Essas e outras questões estão no cerne de um relatório sobre as muitas possibilidades da agricultura urbana que o Natural Capital Project (NatCap), com sede em Stanford, está apresentando esta semana a um subcomitê do Conselho Municipal de San Antonio.

O relatório considerou duas formas de agricultura urbana: florestas de alimentos e fazendas urbanas. As florestas alimentares são um sistema de culturas perenes – principalmente frutas e castanhas – plantadas em camadas para imitar um ecossistema maduro com plantas de diferentes alturas. Eles são destinados a fornecer comida, sombra, um refúgio para polinizadores e outros animais selvagens e para capturar água na paisagem. As fazendas urbanas normalmente cultivam e vendem hortaliças mistas anuais, enquanto as florestas de alimentos são principalmente pomares perenes e tendem a ser espaços públicos de acesso aberto onde as pessoas podem colher comida gratuitamente.

Uma colaboração entre o NatCap, o Conselho de Política Alimentar de San Antonio e três departamentos da cidade de San Antonio (Innovation, Metro Health, and Sustainability), o relatório estima a quantidade de alimentos que poderia ser produzida por fazendas urbanas e florestas de alimentos, bem como alguns de seus benefícios adicionais: resfriamento urbano, armazenamento de carbono, retenção de enchentes e espaços verdes. A Dra. Anne Guerry, diretora de estratégia e cientista líder da NatCap, explicou: “Usando nosso modelo, pegamos todas as áreas naturais de propriedade pública em San Antonio e as reinventamos, de lotes vagos ou subutilizados, para fazendas e florestas de alimentos. Então, calculamos os benefícios que seriam fornecidos.”

Especificamente, a equipe descobriu que se todas as terras públicas subutilizadas em San Antonio fossem convertidas em florestas de alimentos – como um limite máximo do que é possível – elas poderiam fornecer mais de 192 milhões de libras de alimentos por ano, no valor de US$ 995 milhões e o suficiente para alimentar quase 314.000 domicílios por um ano. As florestas alimentícias também forneceriam US$ 3,5 milhões em serviços de resfriamento urbano por ano (potencialmente salvando cerca de 600 vidas por ano), reduziriam enchentes, aumentariam o sequestro de carbono e aumentariam significativamente o acesso a espaços verdes. Se todas as terras públicas subutilizadas em San Antonio fossem convertidas em fazendas urbanas, elas poderiam fornecer 926 milhões de libras em alimentos no valor de US$ 1,17 bilhão, o suficiente para alimentar 1,27 milhão de famílias. Sem um gerenciamento cuidadoso, as fazendas podem aumentar a poluição de nutrientes para as áreas vizinhas devido ao escoamento de composto – que tem efeitos negativos na qualidade da água e na vida aquática – e potencialmente reduzir o acesso a espaços verdes, embora menos do que muitos cenários alternativos de desenvolvimento, como edifícios ou estacionamentos.

Usando San Antonio como piloto e com financiamento do programa Environmental Equity and Justice da NASA, o NatCap está desenvolvendo uma ferramenta online que permitirá que planejadores urbanos sem conhecimento técnico usem os modelos InVEST do NatCap para explorar como diferentes cenários de desenvolvimento mudam a distribuição dos benefícios da natureza para diferentes grupos de pessoas.

Melhorar a equidade ligando a oferta e a procura de alimentos

Moradores de bairros de baixa renda em San Antonio enfrentam uma ampla gama de problemas, incluindo um maior risco de problemas de saúde como obesidade, diabetes e doenças cardíacas decorrentes da falta de acesso a alimentos saudáveis. Esses bairros também podem ser até 20 graus Fahrenheit  mais quentes do que as áreas vizinhas, e dois dos condados locais têm o maior risco de inundações repentinas no estado do Texas. A cidade de San Antonio reconheceu que a agricultura urbana pode oferecer algum alívio para todos esses desafios e pretende expandi-la, inclusive por meio das conclusões deste relatório.

“Em muitos lugares da América, urbanos e rurais, as pessoas precisam percorrer longas distâncias para chegar aos supermercados, para poder acessar alimentos em geral e também alimentos saudáveis”, disse Jess Silver, analista de serviços ecossistêmicos da NatCap. “Parte do objetivo desta análise era realmente tentar entender algumas dessas desigualdades relacionadas à alimentação em toda a cidade…pensar no potencial de produção da agricultura urbana e também nas necessidades das comunidades localizadas ao redor de fazendas urbanas ou florestas urbanas de alimentos.”

Assim, o relatório se concentra na agricultura urbana em locais onde os alimentos frescos são menos acessíveis. Usando informações do Censo dos EUA sobre o uso do Programa de Assistência Nutricional Suplementar (SNAP), ou vale-refeição, os modelos identificaram vários distritos onde a demanda por produção local de alimentos é maior – e, portanto, podem ser bons lugares para direcionar investimentos em agricultura urbana para o maior impacto. Esses distritos também sofrem desproporcionalmente com o calor, de modo que as florestas de alimentos também podem oferecer benefícios significativos de resfriamento.

Expansão de sucessos locais

Mitch Hagney, que administra seu próprio negócio de produtos locais em San Antonio e faz parte do conselho do Conselho de Política Alimentar de San Antonio, desempenhou um papel fundamental no estabelecimento das primeiras florestas de alimentos da cidade, a Floresta Alimentar Comunitária Tamōx Talōm (uma parceria entre o Conselho de Política Alimentar de San Antonio, o Escritório de Inovação da cidade e o Departamento de Parques e Recreação do Condado de Bexar). Mitch Hagney trabalhou em estreita colaboração com a equipe NatCap ao longo do ano passado.

“Nossa esperança é que os resultados deste relatório sejam capazes de estimular ações para expandir a agricultura urbana em San Antonio; ajudar os formuladores de políticas a fazer coisas como aumentar o acesso a ferramentas para futuros agricultores ou silvicultores, usar terrenos vagos como potenciais arrendamentos longos para fazendas urbanas e incluir florestas de alimentos nas práticas de gestão de terras para nosso departamento de parques e departamento de obras públicas”, disse Mitch Hagney. “Esperamos que exemplos de como a agricultura urbana pode florescer nesta cidade possam ser aplicados em todo o resto dos Estados Unidos, para que cada cidade possa ter planos de agricultura urbana equitativos e ecologicamente corretos.”

O relatório recomenda que San Antonio vise uma mistura de fazendas urbanas e florestas alimentares, considere cuidadosamente onde localizá-las para apoiar bairros com maior insegurança alimentar e aborde as possíveis desvantagens das fazendas urbanas, oferecendo espaços verdes públicos alternativos e reduzindo o escoamento de nutrientes limitando o uso de composto. A equipe do NatCap espera continuar trabalhando com San Antonio para apoiar ainda mais a expansão de fazendas urbanas e florestas de alimentos. Mais informações sobre os projetos com foco urbano do NatCap.

Acesse a notícia completa na página da Universidade Stanford (em inglês).

Fonte: Elana Kimbrell, Natural Capital Project – Universidade Stanford. Imagem: Divulgação, Garcia Street Urban Farm via Universidade Stanford.

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