Notícia
Fibra do mamão papaia maduro pode inibir o surgimento de lesões pré-câncer no intestino
Estudo realizado com animais mostrou potencial da pectina (tipo de fibra solúvel) da fruta madura para inibir surgimento de lesões pré-neoplásicas
Pixabay
Fonte
Jornal da USP
Data
quinta-feira, 14 janeiro 2021 07:10
Áreas
Nutrição Clínica. Nutrição Funcional. Saúde Pública
A nutricionista Dra. Samira Bernardino Ramos do Prado, pesquisadora do Centro de Pesquisa em Alimentos (Food Research Center – FoRC), foi a vencedora, na área de Ciência de Alimentos, da última edição do Prêmio Capes de Teses, que selecionou as melhores teses de doutorado defendidas em 2019. Coordenado pelo Dr. João Paulo Fabi, pesquisador do FoRC e professor da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da USP, a pesquisa demonstrou que a pectina – um tipo de fibra solúvel – do mamão papaia maduro é capaz de inibir o surgimento de lesões pré-neoplásicas no intestino em ratos, que aparecem antes do desenvolvimento do câncer de cólon.
O grupo foi pioneiro ao relacionar o amadurecimento do mamão e as diferentes estruturas da pectina – que variam de acordo com o estágio de maturação da fruta – ao aumento dos benefícios de seu consumo. Nos testes, ratos com lesões pré-neoplásicas no intestino foram alimentados com a fibra do mamão verde e a fibra do mamão maduro. Um terceiro grupo de animais, que serviu como grupo controle, foi alimentado com celulose, uma fibra insolúvel que não é biologicamente ativa. Posteriormente, os pesquisadores contaram as lesões em cada grupo e verificaram que os ratos que consumiram a fibra do mamão maduro tinham menos lesões do que os outros.
A pesquisadora também demonstrou em ensaios in vitro com células humanas de câncer que as fibras do mamão maduro tiveram um melhor desempenho ao induzir a morte de células cancerígenas e inibir a sua proliferação e migração. Um dos alvos dessa etapa foi a galectina-3 – proteína produzida normalmente pelo organismo que, em alguns tipos de câncer, tem sua expressão aumentada. Ela é uma das responsáveis por aumentar a migração das células do tumor, tornando-o mais agressivo.
“Um fragmento dessa proteína é capaz de se ligar à fibra, que é um tipo de carboidrato. Se a galectina se liga à fibra, ela não se liga à célula cancerígena que ajudaria a migrar. Isso poderia amenizar o efeito mais invasivo do câncer”, explica Prado. Ao fazer esses testes com diferentes estruturas da pectina do mamão, o grupo conseguiu identificar algumas que se ligam à galectina-3.
Progresso
A linha de pesquisa coordenada pelo professor João Paulo Fabi é fruto de um projeto que teve início em 2014, financiado pelo programa Jovens Pesquisadores da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e intitulado “Alterações biológicas das pectinas de mamão com possíveis benefícios à saúde humana”. Nos próximos passos, a equipe busca entender os mecanismos envolvidos na inibição das lesões em ratos.
De acordo com os resultados da tese da Dra. Samira Prado, os cientistas pretendem analisar duas hipóteses. A primeira é que a fermentação colônica das fibras pode variar dependendo de suas estruturas – no caso do mamão maduro, essa fermentação pode ser mais benéfica. “Estamos estudando os derivados dessa fermentação, como os ácidos graxos de cadeia curta, para tentar identificar diferenças entre os três grupos. Também vamos verificar a abundância das bactérias no intestino dos ratos”, afirma Fabi.
Acesse a notícia completa na página do Jornal da USP.
Fonte: Assessoria de Comunicação do FoRC. Imagem: Pixabay.
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