Notícia
Farinha de cará sem aditivos: produto desenvolvido pela Unicamp e Ufam
Projeto possibilita um aumento de renda da população de Caapiranga (AM), por meio da produção local de uma farinha sem aditivos e de maior durabilidade, desenvolvida a partir do cará
Antoninho Perri, via Jornal da Unicamp
Fonte
Jornal da Unicamp
Data
quinta-feira, 13 abril 2023 16:50
Áreas
Agronegócio. Biotecnologia. Ciência e Tecnologia de Alimentos. Engenharia de Alimentos. Nutrição Coletividades. Sustentabilidade
Um projeto de pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) possibilita um aumento de renda da população de Caapiranga (AM), por meio da produção local de uma farinha sem aditivos e de maior durabilidade, desenvolvida a partir do cará — tubérculo amazônico rico em carboidratos, fibras e vitaminas do complexo B. Situado a 185 km de Manaus por via fluvial, o município tem pouco mais de 13 mil habitantes. A agricultura familiar responde pela produção de cerca de 4 mil toneladas por ano do cará, mas há dificuldades no transporte e muita variação no preço pago pelo alimento.
“O cará é transportado por cerca de seis a oito horas de barco até Manaus, com um gasto de combustível elevado. Na cidade, o produto fica exposto no ‘mercadão’, onde parte acaba brotando, ocasionando perdas”, aponta a Dra. Maria Teresa Clerici professora da Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA) da Unicamp, responsável pelo projeto. Segundo a docente, o tubérculo é composto de 80% de água e, quando transformado em farinha, sua vida de prateleira se estende por mais de um ano. “Eles poderiam não apenas comer os produtos como também comercializá-los”, apontou a Dra. Clerici.
A iniciativa surgiu quando o professor Dr. Pedro Campelo, da Ufam, realizou pós-doutorado na Unicamp sob supervisão da professora. Os pesquisadores desenvolveram um projeto de extensão denominado “Fibras e amidos de tubérculos ainda não comercializados”, que recebeu apoio financeiro da Fundação Cargill.
Gustavo do Nascimento, orientando de mestrado da Dra. Clerici, também participa da iniciativa. Sua dissertação, intitulada “Do roçado ao processamento: desenvolvimento de farinhas de cará-de-espinho (Dioscorea chondrocarpa Griseb) e possíveis aplicações” é um dos resultados do projeto. “A ideia é reconhecer o papel dos carás dentro da soberania alimentar da região. Em Caapiranga, os carás branco e roxo são muito importantes. Trabalhar com esses tubérculos amazônicos mostra o seu potencial nutritivo para a alimentação regional, além de valorizar a ligação da população com a cultura desses alimentos.”
A farinha
Segundo a Dra. Clerici, a população recebeu bem a ideia da produção de farinha e aprovou os produtos desenvolvidos, entre os quais biscoitos. Agora, a equipe de pesquisadores busca financiamento para a construção de casas de farinha – locais tradicionais onde os produtos in natura são processados.
A produção da farinha, explicou a professora Clerici, é simples e não utiliza nenhum aditivo. Primeiro, o cará é lavado e descascado. Nesse estágio, fica sempre imerso em água e é submetido a um choque térmico em água fervente para inativar a enzima que causa escurecimento – método conhecido como branqueamento. Por fim, está pronto para ir à secagem e ser triturado.
“O único ingrediente é o cará. Algumas farinhas industriais utilizam aditivos. No nosso procedimento, contudo, isso não ocorre. A farinha é obtida sem produtos químicos, pois o branqueamento é feito apenas com água quente. Consideramos fundamental não colocar aditivo em um processo tradicional”, disse a Dra. Clerici.
Acesse a notícia completa na página do Jornal da Unicamp.
Fonte: Liana Coll, Jornal da Unicamp. Imagem: Antoninho Perri, via Jornal da Unicamp.
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