Notícia

Estudo reverte ideias antigas sobre a relação entre diabetes, gordura e doenças cardiovasculares

Fonte

Joslin Diabetes Center

Data

sexta-feira, 5 agosto 2022 15:30

Áreas

Nutrição Clínica. Saúde Pública

Um importante fator de risco para diabetes, a resistência à insulina ocorre quando as células do corpo não respondem à insulina e não podem fazer uso da glicose (açúcar) na corrente sanguínea. A condição é conhecida por aumentar o risco de doenças cardiovasculares e aterosclerose, um acúmulo de gorduras dentro dos vasos sanguíneos que podem restringir o fluxo sanguíneo para os tecidos do corpo. O mecanismo exato pelo qual a insulina e as células que revestem as paredes vasculares agem umas sobre as outras é desconhecido.

Em um artigo publicado na revista científica Circulation Research, cientistas do Joslin Diabetes Center descrevem uma série de estudos destinados a determinar a relação entre insulina, gorduras e o sistema vascular. A equipe, liderada pelo Dr. George King, diretor científico e diretor de pesquisa da Joslin, identificou um novo caminho no qual as células que revestem os vasos sanguíneos – chamadas células endoteliais – impulsionam o metabolismo do corpo. Em uma reversão do dogma científico, as descobertas sugerem que a disfunção vascular pode ser a causa de alterações metabólicas indesejáveis ​​que podem levar ao diabetes, e não um efeito como se pensava anteriormente.

“Em pessoas com diabetes e resistência à insulina, a ideia sempre foi que a gordura branca e a inflamação causam disfunção nos vasos sanguíneos, levando à prevalência de doenças cardíacas, oculares e renais nessa população de pacientes. Mas descobrimos que os vasos sanguíneos podem ter um grande efeito de controle aqui, e isso não era conhecido antes”, disse o Dr. King, professor de Medicina no Campo do Diabetes na Harvard Medical School.

Além de estar ligado a anormalidades dos vasos sanguíneos, o diabetes também está associado a uma diminuição indesejável no estoque de gordura marrom do corpo, também chamado de tecido adiposo marrom. Ao contrário da gordura branca, que armazena principalmente energia, a gordura marrom queima energia, mantém a temperatura corporal e regula o peso corporal e o metabolismo. Em uma série de experimentos com um modelo de camundongo com diabetes, o Dr. King e seus colegas observaram que camundongos projetados com maior sensibilidade à insulina apenas nos vasos sanguíneos pesavam menos do que os animais de controle, mesmo quando alimentados com uma dieta rica em gordura. Descobriu-se que os camundongos extra sensíveis à insulina tinham mais gordura marrom do que os animais de controle; eles também mostraram menos danos aos vasos sanguíneos.

A investigação mais aprofundada da equipe revelou que a insulina sinaliza as células endoteliais nos vasos sanguíneos para produzir óxido nitroso, que por sua vez desencadeia a produção de células de gordura marrom. No contexto da resistência à insulina, as células endoteliais produziram menos óxido nitroso – uma diminuição conhecida por aumentar o risco cardiovascular – levando a uma queda na produção de gordura marrom. Como a gordura marrom desempenha um papel fundamental na regulação do peso e do metabolismo do corpo,  estoques menores de gordura marrom podem ser um fator de risco, não um sintoma de diabetes.

“O que descobrimos aqui é que as células endoteliais que revestem os vasos sanguíneos podem ter um grande efeito de controle sobre a quantidade de gordura marrom que você desenvolve”, disse o Dr. King. “O óxido nitroso vem das células endoteliais para regular a quantidade de gordura marrom que você produz, e essa descoberta é muito empolgante porque, no passado, achávamos que o diabetes causava problemas cardiovasculares, mas essa relação parece ser revertida nesse cenário”.

As descobertas do estudo preparam o cenário para uso da gordura marrom e o conjunto de hormônios e proteínas inflamatórias que controla como biomarcadores, ou sinais que os médicos podem testar, para aterosclerose ou doença cardiovascular. Mais adiante, com futuros estudos em animais e clínicos, essas novas informações podem abrir as portas para um método totalmente novo de controle de peso, aumentando os tecidos de gordura marrom através da melhoria da produção de óxido nitroso endotelial.

“Tudo está conectado. Achamos que os vasos sanguíneos e as células endoteliais desempenham um papel importante não apenas na regulação da gordura marrom, mas também na regulação do metabolismo do corpo inteiro. Assim, essas células endoteliais são um fator-chave na regulação do peso e no desenvolvimento de diabetes e, como outros laboratórios mostraram, os vasos sanguíneos também parecem ser um importante regulador da função cerebral. Intervir no nível das células endoteliais pode ter um grande impacto em muitas doenças”, disse o Dr. King.

Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).

Acesse a notícia completa na página do Joslin Diabetes Center (em inglês).

Fonte: Jacqueline Mitchell, Joslin Diabetes Center.  Imagem: Freepik, arte.

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