Notícia
Estudo revela que 80% das carnes vegetais no mercado brasileiro têm alta qualidade nutricional
Pesquisa avalia a qualidade nutricional de carnes vegetais no Brasil, revelando que 80% dos produtos têm alta qualidade, superando a maioria das opções cárneas tradicionais
Freepik
Fonte
Unifesp | Universidade Federal de São Paulo
Data
domingo, 18 agosto 2024 17:35
Áreas
Biotecnologia. Ciencia e Tecnologia de Alimentos. Engenharia de Alimentos. Nutrição de Coletividades. Saúde Pública
Em um estudo conduzido pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), pesquisadores(as) descobriram que 80% das carnes vegetais disponíveis no mercado brasileiro possuem alta qualidade nutricional.
Publicado na revista científica Current Research in Food Science, o estudo é uma referência importante para o campo da nutrição e alimentação sustentável, revelando uma nova perspectiva sobre o consumo de alternativas vegetais à carne.
A pesquisa foi liderada pela professora Dra. Veridiana Vera de Rosso, do Instituto Saúde e Sociedade da Universidade Federal de São Paulo (ISS/Unifesp) – Campus Baixada Santista, e contou com o apoio financeiro do The Good Food Institute Brasil (GFI Brasil), uma organização dedicada à promoção de alimentos à base de plantas e carne cultivada.
A equipe da Unifesp analisou os rótulos de 349 produtos vegetais análogos à carne, comparando-os com os rótulos de 351 produtos cárneos de origem animal, utilizando uma série de indicadores nutricionais amplamente reconhecidos. Entre as metodologias aplicadas, destacam-se o Nutri-Score, que avalia a qualidade nutricional dos alimentos com base em um sistema de pontuação, a classificação NOVA, que categoriza alimentos de acordo com o grau de processamento, e o Perfil Nutricional da ANVISA (RDC 429/2020 – Lupa), que considera parâmetros como calorias, gorduras, açúcares e sódio.
Os resultados da pesquisa são surpreendentes: 80% dos produtos vegetais analisados foram classificados como de boa qualidade pelo Nutri-Score, em contraste com apenas 19% dos produtos cárneos. Esses dados evidenciam que as carnes vegetais não apenas competem, mas muitas vezes superam os produtos de origem animal em termos de valor nutricional. A docente Dra. Veridiana destacou que “a maioria dos produtos vegetais análogos à carne avaliados apresenta um perfil nutricional que não só atende, como também excede as expectativas em termos de saúde pública. Isso é especialmente relevante em um momento em que as dietas baseadas em vegetais estão ganhando popularidade por seus benefícios à saúde e menor impacto ambiental”.
Embora os produtos vegetais análogos à carne sejam classificados como ultraprocessados pela classificação NOVA, a pesquisa ressalta que o grau de processamento não necessariamente implica em baixa qualidade nutricional. “O termo ‘ultraprocessado’ muitas vezes carrega uma conotação negativa, mas nosso estudo demonstra que, no caso dos análogos de carne, o processamento pode resultar em produtos com excelentes qualidades nutricionais,” explicou a docente. “Esses alimentos são formulados para fornecer proteínas de alta qualidade, geralmente derivadas de fontes como soja, ervilha e batata, que são altamente biodisponíveis e de grande valor biológico”.
Outro ponto relevante da pesquisa é a composição dos produtos vegetais em termos de nutrientes específicos. Comparados aos produtos cárneos, as alternativas vegetais mostraram conter menores níveis de gordura saturada e sódio, dois componentes frequentemente associados a riscos de doenças cardiovasculares. Além disso, os produtos vegetais se destacaram por um maior conteúdo de fibras dietéticas, que desempenham um papel crucial na manutenção da saúde digestiva e na prevenção de diversas doenças crônicas. As fibras, muitas vezes ausentes em produtos de origem animal, são abundantes nos análogos de carne à base de plantas, contribuindo para uma dieta mais balanceada e saudável.
A professora também apontou que os resultados do estudo têm implicações significativas para a formulação de políticas públicas e para a regulação da indústria alimentícia. “A regulamentação específica para os produtos vegetais análogos à carne é fundamental para garantir que os(as) consumidores(as) tenham acesso a alimentos que sejam não apenas sustentáveis, mas também nutritivos. A ANVISA, ao incluir esse tema na sua Agenda Regulatória 2024-25, está dando um passo importante para o estabelecimento de padrões que podem orientar tanto a produção quanto o consumo desses alimentos”.
A crescente popularidade das dietas flexitarianas, vegetarianas e veganas impulsiona o mercado de alternativas vegetais à carne, e os achados deste estudo são oportunos e relevantes. Para a indústria, as conclusões da pesquisa oferecem diretrizes valiosas para a melhoria contínua dos produtos. “A indústria de alimentos pode utilizar esses insights para desenvolver análogos de carne que não só imitem o sabor e a textura dos produtos cárneos, mas que também superem as expectativas em termos de qualidade nutricional. Isso é vital para aumentar a aceitação dos(as) consumidores(as) e para promover uma alimentação mais saudável em larga escala”, afirma a docente.
Os benefícios à saúde associados ao consumo de carnes vegetais também têm potencial para influenciar positivamente o comportamento dos(as) consumidores(as). Com base nos dados apresentados, os(as) consumidores(as) podem fazer escolhas alimentares mais informadas, optando por produtos que contribuam para uma dieta equilibrada e para o bem-estar geral. Além disso, o estudo reforça a necessidade de conscientização sobre as opções alimentares disponíveis, encorajando a substituição de produtos cárneos por alternativas vegetais que ofereçam vantagens tanto para a saúde quanto para o meio ambiente.
Em conclusão, o estudo realizado pela Unifesp, sob a liderança da professora Veridiana Vera de Rosso, destacou a alta qualidade nutricional das carnes vegetais e, também, sublinha a importância de regulamentações que reflitam as especificidades desses produtos. A pesquisa é um marco no campo da alimentação saudável e sustentável, e seus resultados são um chamado à ação tanto para a indústria quanto para os(as) formuladores(as) de políticas, visando a construção de um futuro alimentar mais nutritivo e consciente.
Acesse o artigo científico completo (em inglês).
Acesse a notícia completa na página da Unifesp.
Fonte: Ligia Gabrielli, Unifesp. Imagem: Freepik.
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