Notícia
Estudo revela potencial antiglicêmico de pólen produzido por espécie de abelha nativa do Amazonas
O “pólen de pote” também é rico em substâncias bioativas como os polifenóis e carotenoides que são compostos com propriedades anti-inflamatória e antioxidante
Érico Xavier, Fapeam
Fonte
FAPEAM | Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas
Data
segunda-feira, 23 março 2020 09:05
Áreas
Apicultura. Biotecnologia. Nutrição Clínica. Nutrição Funcional
Estudo realizado com um modelo experimental animal comprovou que a ingestão de “pólen de pote” produzido por Melipona seminigra, uma espécie de abelha sem ferrão nativa do Amazonas, reduziu significativamente a glicemia de jejum de camundongos alimentados com uma dieta rica em gordura e açúcar.
Com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM), a pesquisa científica analisou a composição química de amostras de “pólen de pote” e o efeito da ingestão desse composto na modulação da microbiota intestinal de camundongos.
A pesquisa intitulada “Caracterização química e efeito da ingestão do pólen de pote na microbiota intestinal de camundongos obesos” fez parte da tese da professora Dra. Kemilla Rebelo, do curso de nutrição da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), e foi desenvolvida no Laboratório de Nutrição e Metabolismo da Universidade Estadual de Campinas (Lanum – Unicamp-SP), sob orientação do professor Dr. Mário Maróstica Jr, em parceria com o Laboratório de Genômica e Biologia Molecular da Universidade de Copenhague, na Dinamarca, e amparada pelo Programa de Apoio à Formação de Recursos Humanos Pós-Graduados para o Interior do Estado do Amazonas (RH-Interiorização–Fluxo Contínuo), edital Nº 003/2015.
“Pólen de Pote”
Na produção do pólen de pote, conhecido popularmente como “samburá”, as abelhas sem ferrão coletam os grãos de pólen das flores formando uma carga polínica, que é transportada até a colmeia e, depositada em potes de cerume onde recebem a adição de substâncias presentes no estômago das abelhas (enzimas, néctar e microrganismos), que favorecem um processo natural de fermentação.
Os potes de cerume (uma mistura de cera com resina vegetal) são construídos pelas abelhas sem ferrão, dentro das colmeias, e servem como depósitos de alimentos (mel e pólen) desses insetos. Por isso, o termo “pólen de pote” é adotado para nomear esse produto.
Valor nutritivo
As amostras de “pólen de pote” foram coletadas em quatro localidades diferentes do Amazonas: Meliponário do Grupo de Pesquisas em Abelhas (GPA) do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Ramal do Brasileirinho, Iranduba e Boa Vista do Ramos. Os nutrientes majoritários encontrados nessas amostras foram as proteínas e as fibras dietéticas insolúveis.
A coordenadora do projeto, Dra. Kemilla Rebelo, destaca que todas as amostras apresentaram alta quantidade de aminoácidos essenciais, quando comparadas a outros alimentos, como o leite e os ovos de galinha, tidos como as principais fontes dessas substâncias.
A relação de ácidos graxos poli-insaturados com os saturados, encontrada na totalidade das amostras, também foi alta em comparação a outros alimentos, como algumas espécies de peixes de água doce e salgada e, de diferentes cultivares de azeitonas. Uma dieta com alto índice dessas substâncias é recomendada para prevenir doenças cardíacas.
“O “pólen de pote” também é rico em substâncias bioativas como os polifenóis e carotenoides que são compostos com propriedades anti-inflamatória e antioxidante. Diversos estudos já demostraram que alimentos ricos nessas substâncias apresentam efeitos protetores capazes de prevenir ou minimizar os efeitos nocivos dos radicais livres, compostos relacionados ao desenvolvimento de diversas doenças”, disse a Dra. Kemilla.
Acesse a notícia completa na página da FAPEAM.
Fonte: Helen de Melo, Fapeam. Imagem: Érico Xavier, Fapeam.
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