Notícia
Estudo revela o elo entre dieta rica em gordura, microbiota e doenças cardíacas
Dieta rica em gordura prejudica a função das mitocôndrias geradoras de energia, fazendo com que células intestinais produzam mais oxigênio e nitrato
Pixabay
Fonte
Vanderbilt University
Data
sexta-feira, 13 agosto 2021 06:10
Áreas
Nutrição Clínica. Nutrição Coletividades. Saúde Pública
Dieta rica em gordura prejudica a biologia do revestimento interno do intestino e suas comunidades microbianas – e promove a produção de um metabólito que pode contribuir para doenças cardíacas, de acordo com um estudo publicado na revista científica Science.
As descobertas em modelos animais apoiam um papel fundamental para intestinos e microbiota no desenvolvimento de doenças cardiovasculares, disse a Dra. Mariana Byndloss, professora assistente de Patologia, Microbiologia e Imunologia do Centro Médico Universidade Vanderbilt. Intestinos, observou ela, foram relativamente pouco estudados por cientistas que buscam entender o impacto da obesidade.
“Antes da COVID, a obesidade e a síndrome metabólica eram consideradas a pandemia do século 21. No momento, cerca de 40% da população dos EUA é obesa, e essa porcentagem deve aumentar. Nossa pesquisa revelou um mecanismo anteriormente inexplorado de como a dieta e a obesidade podem aumentar o risco de doenças cardiovasculares – afetando a relação entre nossos intestinos e os micróbios que vivem em nosso intestino”, disse a Dra. Byndloss.
Em estudos anteriores, a Dra. Byndloss e o Dr.Andreas Bäumler, da Universidade da Califórnia em Davis, descobriram que células epiteliais que revestem os intestinos e os micróbios intestinais compartilham uma relação mutuamente benéfica que promove um ambiente intestinal saudável. Eles se perguntaram se doenças como a obesidade afetam essa relação.
As equipes de pesquisa colaboradoras descobriram que uma dieta rica em gordura causa inflamação e danifica as células epiteliais intestinais em modelos animais. Dieta rica em gordura prejudica a função das mitocôndrias geradoras de energia, fazendo com que células intestinais produzam mais oxigênio e nitrato, explicou a Dra. Byndloss.
Esses fatores, por sua vez, estimulam o crescimento de micróbios Enterobacteriaceae prejudiciais, como a E. coli, e aumentam a produção bacteriana de um metabólito denominado TMA (trimetilamina). O fígado converte o TMA em TMAO (N-óxido de trimetilamina), que tem sido implicado na promoção da aterosclerose e no aumento do risco relativo de mortalidade por todas as causas em pacientes.
“Era sabido que a exposição a uma dieta rica em gordura causa disbiose – um desequilíbrio na microbiota que favorece micróbios nocivos, mas não sabíamos por que ou como isso estava acontecendo. Mostramos uma maneira pela qual a dieta afeta diretamente o hospedeiro e promove o crescimento de micróbios nocivos”, disse a Dra. Byndloss.
Os pesquisadores demonstraram que um medicamento atualmente aprovado para o tratamento de doenças inflamatórias intestinais restaurou a função das células epiteliais intestinais e atenuou o aumento de TMAO em modelos animais. A droga, chamada de ácido 5-aminossalicílico, ativa a bioenergética mitocondrial no epitélio intestinal.
“Esta é a evidência de que é possível prevenir os resultados negativos associados a uma dieta rica em gorduras. Uma droga como o ácido 5-aminossalicílico pode ser usada em conjunto com um probiótico para restaurar um ambiente intestinal saudável e aumentar os níveis benéficos de micróbios”, acrescentou a Dra. Byndloss.
“Somente compreendendo totalmente a relação entre o hospedeiro – nós – e os micróbios intestinais durante a saúde e a doença seremos capazes de desenvolver terapias que serão eficazes no controle da obesidade e dos resultados associados à obesidade, como doenças cardiovasculares”, disse a pesquisadora.
A Dra. Byndloss e sua equipe planejam estender seus estudos em modelos animais de doenças cardiovasculares. Eles também estão explorando o papel da relação hospedeiro-micróbio no desenvolvimento de outras doenças, incluindo o câncer colorretal.
Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).
Acesse a notícia completa na página da Universidade de Vanderbilt (em inglês).
Fonte: Leigh MacMillan, Centro Médico da Universidade Vanderbilt. Imagem: Pixabay.
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