Notícia

Estudo mostra que fruto amazônico pode colaborar na prevenção ao diabetes

Fruto amazônico ainda pouco conhecido, a pedra-ume caá, pode ser eficaz no tratamento de pacientes com diabetes por conter propriedades antioxidantes e antiglicantes

Divulgação, Ufam

Fonte

UFAM | Universidade Federal do Amazonas

Data

sexta-feira, 5 julho 2019 12:40

Áreas

Biotecnologia. Ciência e Tecnologia de Alimentos . Nutrição Clínica. Nutrição Coletividades. Nutrição Funcional

Às vésperas de realizar a defesa de tese, a doutoranda do Programa de Pós-graduação em Química (PPGQ) Andrezza Ramos teve a feliz surpresa de ter o seu artigo publicado na revista científica Food Research International, periódico do Canadian Institute of Food Science and Technology (CIFST) e referência mundial na área de alimentos. O estudo publicado apresenta um fruto amazônico ainda pouco conhecido, a pedra-ume caá, como agente eficaz no tratamento de pacientes com diabetes por conter propriedades antioxidantes e antiglicantes.

Intitulado “Pedra-ume caá fruit: An Amazon cherry rich in phenolic compounds with antiglycant and antioxidant properties”, o artigo foi publicado na edição de junho da revista canadense de Qualis A2 na área de Química, Farmácia e Mateirais e A1 em Ciências de Alimentos, Agrárias e do Ambiente.

“Quando a gente publica um artigo dá uma alegria imensa, por poder divulgar. Eu sempre tive em mente que é importante dar uma satisfação à sociedade, o retorno da pesquisa feita, e esse retorno é a publicação. E eu fico mais feliz ainda quando ele é citado por grupos de pesquisa de outros países, o que indica que eles estão lendo e conhecendo o trabalho que a gente faz aqui no meio da floresta”, declarou Andrezza.

“Um dos requisitos para você defender uma tese é ter um artigo publicado. No caso da Andrezza, além de ter o artigo publicado em revista indexada, ainda publicou em uma revista de alto índice de impacto. Isso contribui enormemente para os indicadores do Programa de Pós-graduação em Química”, disse o professor Dr. Marcos Machado, orientador da pós-graduanda.

Da família da goiaba e do camu-camu, a pedra-ume caá ou Eugenia pucicifolia, é um fruto pequeno, muito comum na Amazônia, mas ainda pouco utilizado pela população. Movida pelo desejo de descobrir as propriedades de frutos não convencionais, Andrezza se dedicou a estudar a pedra-ume caá.

“Eu tinha lido muitos trabalhos que faziam a diferenciação química de frutos com colorações variadas e isso me despertou o interesse. Eu queria saber se eles são diferentes mesmo, em qual estágio é possível consumir esse fruto, se in natura ou em forma de produto alimentício. Em seguida, surgiu a oportunidade de trabalhar com esses frutos e eu comecei a estudar”, revela.

Para realizar a pesquisa que deu origem ao artigo, Andrezza contou com o apoio e a colaboração do grupo de pesquisa do Núcleo de Estudos Químicos de Micromoléculas da Amazônia (Nequima), coordenado pelo professor Dr. Marcos Machado, e, por possuir caráter multidisciplinar, o estudo químico envolveu estudantes e pesquisadores das áreas de farmácia, engenharia e agronomia.

Em sua pesquisa, Andrezza observou que o fruto possui quatro estágios fenológicos, ou fases de maturação, verde, amarelo, laranja e vermelho. Ela identificou a composição química da pedra-ume caá e verificou a presença de moléculas antioxidantes e antiglicantes, as quais são capazes de impedir ou reduzir a ação dos radicais livres que prejudicam as células e de deter o efeito do açúcar no organismo.

Popularmente, a planta da pedra-ume caá já era utilizada para ajudar no combate à diabetes, principalmente as folhas e flores, ainda que sem comprovação científica, apenas como conhecimento tradicional. Com a pesquisa, comprovou-se que os frutos são realmente eficazes na prevenção e combate à diabetes.

Diante disso, a próxima fase da pesquisa foi verificar em qual dos estágios o fruto apresenta a maior quantidade de moléculas antioxidantes e antiglicantes, sendo o de coloração amarela. Com base nisso e mediante as normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), constatou-se que o fruto poderia ser classificado como nutracêutico por possuir constituinte ou composto com função nutricional, de prevenção a doenças.

“Em seguida surgiu a proposta para isolar o nutracêutico de forma mais natural possível, que era em forma de suco. Então, eu peguei o fruto de coloração amarela, fiz um suco, sem açúcar e, em parceria com o laboratório de nano partículas, do professor Edgar Sanches, nós encapsulamos esse suco, obtendo um bioproduto amazônico, e comprovamos que esse bioproduto preserva as propriedades antioxidantes e antiglicantes do fruto”, informa Andrezza.

Acesse o resumo do artigo científico.

Acesse a notícia completa na página da Ufam.

Fonte: Sandra Siqueira, Equipe Ascom UFAM. Imagem: Divulgação, Ufam.

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