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Estudo desenvolvido na UFRJ investiga sensibilidade ao sal em pacientes hipertensos

A sensibilidade aumentada ao sal entre pacientes com hipertensão arterial representa um desafio para a saúde pública no Brasil e no mundo

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Fonte

FAPERJ | Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro

Data

segunda-feira, 19 junho 2023 14:45

Áreas

Nutrição Clínica. Nutrição Coletividades. Saúde Pública

Doença silenciosa relacionada a complicações cardiovasculares, a hipertensão acomete mais de 30 milhões de brasileiros em idade adulta, segundo o Ministério da Saúde. No mundo, o número de adultos com hipertensão entre 30 e 79 anos saltou de 650 milhões para 1,28 bilhão nos últimos 30 anos, de acordo com abrangente análise de dados reunidos pelo Imperial College de Londres e Organização Mundial da Saúde (OMS), divulgada em 2021. Diante desse quadro, pesquisa desenvolvida no Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) investiga os mecanismos bioquímicos de uma condição comum entre pacientes com hipertensão: o aumento ainda maior da pressão arterial devido ao consumo de sódio, conhecida como hipertensão sensível ao sal.

“O consumo aumentado de sal provoca uma hipertensão exagerada e de difícil controle com medicamentos. Não se sabe, na literatura médica, o que causa essa sensibilidade maior ao sal em pacientes hipertensos. Nunca foi identificada uma molécula dentro da célula que responda a um ambiente com muitos íons de sódio. Nosso objetivo é investigar esse mecanismo dentro das células renais de ratos. Entender esse caminho é o primeiro passo para identificar o tratamento farmacológico mais preciso ou mesmo desenvolver novos medicamentos para esses pacientes”, disse a Dra. Lucienne da Silva Lara, coordenadora do estudo, professora e pesquisadora do Instituto de Ciências Biomédicas e do Centro de Pesquisa em Medicina de Precisão da UFRJ.

No estudo, a equipe do ICB/UFRJ identificou que a chave para desvendar esse mecanismo está na análise de componentes localizados no interior das células renais, que respondem efetivamente a variações de sódio no ambiente. Observando um modelo pré-clínico, os pesquisadores mostraram que em ratos sadios submetidos à elevada ingestão de sal estes componentes intracelulares têm suas atividades elevadas, contribuindo para a retenção de sódio e líquido.

“Identificamos um sensor de sódio presente na membrana das células renais, denominado Nax. Ele é ativado quando a concentração de sódio aumenta e funciona como um canal, permitindo que o sódio entre na célula. Isso ativa uma proteína induzida pelo sal, chamada SIK. Observamos que, como um telefone sem fio, a SIK induz um transportador, a Sódio-Potássio-ATPase [(Na++K+)ATPase], a reabsorver mais sódio do que o normal. Essa enzima ativada, por sua vez, faz com que a pessoa reabsorva muito sódio, o que pode explicar a sensibilidade aumentada ao consumo de sal em pacientes hipertensos”, resumiu a pesquisadora.

“O mérito da pesquisa está em descrever um mecanismo reunindo esse trio de componentes intracelulares, que nunca havia sido descrito”, destacou a professora Lucienne, que se dedica a essa linha de pesquisa desde 2012 e recebeu apoio da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ) para a realização do estudo por meio do programa Jovem Cientista do Nosso Estado (JCNE). A pesquisa resultou em publicação de artigo na revista científica International Journal of Molecular Sciences, que tem entre seus autores a bolsista de Doutorado Nota 10 da FAPERJ Dayene S. Gomes, que desenvolve seus estudos sob a orientação da professora Dra. Lucienne Lara.

A coordenadora do projeto destacou que a sensibilidade aumentada ao sal entre pacientes com hipertensão arterial representa um desafio para a saúde pública no Brasil e no mundo. “Esta sensibilidade exagerada ao sal acomete aproximadamente 60% dos pacientes com diagnóstico de hipertensão, que precisam de medicamentos por muitos anos, e essa é a questão que impacta os sistemas de saúde e que precisamos compreender melhor. É bem sabido que quem tem pressão alta deve fazer o controle do sal em sua alimentação. Esse controle, quando bem feito, pode reduzir o número de medicamentos utilizados no tratamento da hipertensão arterial. Infelizmente a alimentação do brasileiro, cada vez mais industrializada, é rica em sal, usado como conservante na fabricação de alimentos, muitos até com sabor adocicado”, concluiu a pesquisadora.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da FAPERJ.

Fonte: Débora Motta, FAPERJ. Imagem: Freepik.

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