Notícia

Estudo da UFPB expõe efeitos positivos e negativos do jejum intermitente

A prática, que intercala períodos de jejum com de alimentação, reduz ansiedade e tem efeito antidepressivo, mas danifica células intestinais e cerebrais

Pixabay

Fonte

UFPB | Universidade Federal da Paraíba

Data

quarta-feira, 1 setembro 2021 11:45

Áreas

Nutrição Clínica. Nutrição Coletividades. Saúde Pública

Estudo da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), inédito no Brasil e no mundo, expõe os efeitos positivos e negativos do jejum intermitente. A prática, que intercala períodos de jejum com de alimentação, reduz ansiedade e tem efeito antidepressivo, mas danifica células intestinais e cerebrais.

Os experimentos ocorreram no Laboratório de Nutrição Experimental (Lanex) da UFPB, no campus I, em João Pessoa. O espaço é vinculado à graduação e ao Programa de Pós-graduação em Nutrição do Centro de Ciências da Saúde da federal paraibana.

“Nos experimentos, o jejum intermitente, associado com o exercício aeróbico, causou uma diminuição no comportamento de ansiedade. Independentemente de ser associado ou não ao exercício aeróbico, teve efeito antidepressivo”, reforça a Dra.  Jailane Aquino, professora do Departamento de Nutrição da UFPB, que integra a equipe de pesquisadores responsável pelo estudo.

Segundo a docente da UFPB, esses resultados positivos tiveram uma estreita relação com mudanças causadas nas bactérias que colonizam o intestino, o que levou ao aumento de ácidos orgânicos, que são moléculas que, entre outras funções, podem influenciar o comportamento humano de forma positiva, por terem ação sistêmica.

“O jejum associado ao exercício aeróbico também causou aumento de células inflamatórias e atrofia das células caliciformes no intestino, [especializadas na produção de muco no revestimento do lúmen (espaço interno)], bem como danos e morte neuronal no cérebro. Os mecanismos envolvidos continuam em elucidação”, afirma a Dra. Jailane Aquino.

Os testes vêm sendo realizados desde o ano passado, com 40 ratos Wistar (albinos) saudáveis, um dos animais mais utilizados em pesquisas científicas no planeta.

A pesquisadora da UFPB destaca que o estudo é importante porque o jejum intermitente ganhou muita popularidade nos últimos anos, particularmente entre profissionais da área de saúde e praticantes de exercícios físicos. Com isso, cada vez mais pessoas são adeptas dessa prática, no entanto, do ponto de vista científico, ainda existem muitas controvérsias quanto à sua eficácia e segurança como protocolo de intervenção nutricional.

“O estudo em animais é um passo inicial para poder avaliar essa segurança, já que ele permite averiguar alguns aspectos que seriam muito invasivos e/ou onerosos para realizar em humanos, a exemplo das análises histológicas em órgãos como cérebro e intestino”, pondera a pesquisadora.

A Dra. Jailane Aquino salienta que a ideia da investigação científica é demonstrar os prós e os contras da intervenção com o jejum intermitente, associado ou não ao exercício aeróbico, e seus efeitos sobre parâmetros do eixo intestino-cérebro e os relacionados à performance no exercício, ao desgaste muscular, hormônios e estresse oxidativo, com foco em análises hepáticas e musculares.

“Queremos chamar atenção da população quanto às vantagens e desvantagens desta intervenção, tendo em vista que muitas pessoas acreditam que a prática de jejum é totalmente segura e benéfica. Adicionalmente, esperamos que esses estudos possam ser translacionados [capazes de gerar produtos como vacinas e fármacos, serviços e políticas em benefício da população], com a finalidade de aumentar os níveis de evidência científica quanto a esta intervenção tão controversa e polêmica na área de Nutrição e Saúde”, ressalta a professora da UFPB.

Além da Dra. Jailane Aquino, participam da pesquisa os professores Dra. Mirian Salvadori, Dra. Marciane Magnani, Dr. Alexandre Sérgio Silva e Dr. Adriano Francisco Alves da UFPB. Integram a equipe também as doutorandas Naís Soares e Kamila Batista e os mestrandos Victor Dorand e Daniele Souza. O docente Dr. Marcos dos Santos Lima, do Instituto Federal do Sertão Pernambucano – Campus Petrolina também contribui, ao executar as análises de ácidos orgânicos em materiais biológicos.

Próxima etapa

O projeto de pesquisa consiste em duas etapas que estão vinculadas a duas dissertações, cada uma com um artigo derivado. Esta primeira etapa que trata dos aspectos relacionados aos efeitos do jejum sobre o eixo intestino-cérebro já foi finalizada e seus resultados divulgados por meio de artigo na revista científica Journal of Affective Disorders, periódico médico revisado por pares e publicado pela Elsevier, especializada em conteúdo científico, técnico e médico. A doutoranda Naís Soares é a principal autora.

A próxima e última etapa do estudo está em andamento, nos Laboratórios de Estudos do Treinamento Físico Aplicado ao Desempenho e à Saúde e de Patologia, ambos também no Centro de Ciências da Saúde da UFPB. Essa fase da pesquisa abordará os efeitos do jejum intermitente associado ao exercício aeróbico sobre o desempenho físico (performance) e parâmetros metabólicos e oxidativos de ratos Wistar.

Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da UFPB.

Fonte: Pedro Paz, Edição-Aline Lins, UFPB. Imagem: Pixabay.

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