Notícia

Estudo avalia crescimento físico e condições de saúde e nutrição de crianças Terena na área urbana de Campo Grande

O estudo quer avaliar o crescimento físico e condições de saúde e nutrição das crianças Terena, do nascimento aos 12 meses de idade, residentes em comunidades urbanas em Campo Grande

Deise Bresan, UFMS

Fonte

UFMS | Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

Data

terça-feira, 9 outubro 2018 10:30

Áreas

Nutrição Clínica. Nutrição Coletividades. Nutrição Materno Infantil. Saúde Pública

Às margens das estatísticas de condições adequadas de saúde, com registros de déficits nutricionais, os povos indígenas clamam por um olhar mais minucioso aos problemas que enfrentam. Os raros estudos sobre a temática, em especial sobre a saúde materno-infantil desses povos, impulsionaram a pesquisa “Crescimento físico e condições de saúde e nutrição de crianças indígenas Terena: um estudo de coorte”.

O estudo, base do Doutorado da professora Deise Bresan (Facfan), quer avaliar o crescimento físico e condições de saúde e nutrição dessas crianças Terena, do nascimento aos 12 meses de idade, residentes em comunidades urbanas em Campo Grande. Para isso, participam da pesquisa os pequenos nascidos no período de 1 de junho de 2017 a 31 de julho deste ano, em quatro comunidades urbanas Terena:  Marçal de Souza, Água Bonita, Tarsila do Amaral e Darcy Ribeiro.

“A pesquisa contempla ainda investigar a associação com variáveis sociodemográficas, econômicas, de saúde e nutrição; caracterizar a prática de aleitamento materno e alimentação complementar de crianças Terena até um ano de idade e verificar a prevalência de anemia nas mães e crianças Terena no sexto e no décimo segundo mês de vida e identificar seus condicionantes”, explica a professora Deise, que iniciou o trabalho com indígenas em 2010, mas com índios Kaingang, no Paraná e em Santa Catarina.

“Campo Grande tem uma peculiaridade. Há muitos indígenas na área urbana, por isso resolvi fazer a pesquisa aqui. Eles precisam de visibilidade, é uma população marginalizada e essa situação crítica que vivem é algo que me toca bastante”, completa a pesquisadora.

De acordo com último Censo Demográfico 2010 (IBGE), Campo Grande é uma das dez cidades brasileiras com maior aglomeração de indígenas na área urbana (5.657 pessoas), sendo a grande maioria Terena, quinta etnia mais numerosa no Brasil, presente principalmente em Mato Grosso do Sul.

Dados

A primeira fase da pesquisa aconteceu com as mães ainda gestantes, em entrevistas com aplicação de questionário sociodemográfico para verificação das condições de domicílio, informação sobre origem dos alimentos consumidos pela família (compra, plantio ou doação), escolaridade da mãe, renda da família e tipo de trabalho realizado (trabalho remunerado, fixo, temporário, aposentadoria, benefício social).

Já a visita de um mês de vida do bebê englobou informações sobre tipo de parto, sexo e peso, comprimento e perímetro cefálico ao nascer, além do aleitamento materno. Com relação às mães foram verificadas informações sobre consultas de pré-natal, Índice de Massa Corporal (IMC) pré-gestacional, ganho de peso ponderal, se receberam prescrição de sulfato ferroso e ácido fólico, entre outros.

A terceira visita é feita aos seis meses dos bebês, quando foram verificadas novamente as informações de tamanho e crescimento, vacinas, registros de visitas às unidades de saúde.

Aos seis, assim como aos doze meses, mães e bebês realizam na visita exame de hemoglobina, com coleta de sangue capilar e dosagem sanguínea para verificação de anemia, além da antropometria de mãe e filho.

“Aos doze meses queremos saber sobre a alimentação da criança, se a mãe ainda amamenta, se começou a introduzir alimentos, quais alimentos, como essas crianças crescem no primeiro ano de vida”, aponta Deise.

A pesquisadora acompanha 48 mães e filhos. Os levantamentos parciais mostraram que as consultas de pré-natal foram realizadas pelas Terena em quantidade bem inferior ao recomendado pelo Ministério da Saúde (pelo menos seis).

O número de mães obesas beirou 34%. “Pensando em uma população muito jovem, com média de idade de 23 anos, é uma frequência alta. Campo Grande, em geral, registra frequência de 19% de obesas, mas entre mulheres com 18 anos ou mais de idade”, diz a professora.

Outro número que chamou atenção foi o percentual de 40% de partos por cesariana. “Segue um pouco a ‘epidemia’ do Brasil, com número bem expressivo”.

A introdução de alimentos complementares é bem precoce, acontecendo na maior parte dos casos entre quatro a cinco meses, sendo difícil encontrar alguma mãe que só ofereceu alimentos a partir do sexto mês, como preconizado. “Há muita inserção de suco industrializado, como os de pacotinho, de iogurtes petit suisse, açúcar (muitas vezes introduzido no leite), ou seja, vários ultraprocessados”, completa.

A princípio não foram identificados casos graves de desnutrição, ao contrário, ao nascimento as crianças apresentam peso e comprimento dentro do esperado.

Com base em dados parciais se observou que conforme aumentou o índice de massa corporal materno antes da gestação, houve aumento do peso de nascimento da criança. Segundo a pesquisadora o excesso de peso pré-gestacional materno pode levar a intercorrências clínicas na gestação, além de complicações no parto e puerpério.

“O aumento do excesso de peso é algo que observamos no Brasil há algumas décadas e que está relacionado com mudanças no consumo alimentar, prática de atividade física, além de fatores ambientais, sociais e até genéticos. Entre os povos indígenas, é difícil estabelecer tendências em saúde, pelo quantitativo de estudos disponíveis, mas o que observamos é que entre algumas etnias a frequência de excesso de peso, por exemplo, é maior do que para população não indígena”.

Acesse a notícia completa na página da UFMS.

Fonte: Paula Pimenta, UFMS. Imagem: Deise Bresan, UFMS.

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