Notícia
Estudo analisou a microbiota da boca dos provadores de vinho
Consumo de determinado tipo de alimentos, por exemplo amargos e adstringentes, altera a comunidade microbiana do dorso da língua e o pH da boca e modifica as condições a favor de algumas espécies de bactérias
Freepik
Fonte
Universidade do Porto
Data
quinta-feira, 9 fevereiro 2023 16:35
Áreas
Nutrição Clínica. Saúde Pública
Que efeito tem o vinho na boca de um provador? O que o torna tão especial e sensível aos diferentes tipos de vinho? Um estudo pioneiro liderado por pesquisadores da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP) procurou dar resposta a estas questões e concluiu que há um efeito de limpeza do álcool com uma consequência: os provadores de vinho estão mais expostos a microrganismos oportunistas e patogénicos.
“As diferenças na diversidade microbiana entre provadores de vinho e não provadores mostraram um possível efeito de lavagem do álcool, devido à diminuição de microrganismos em amostras recolhidas após uma prova de vinho”, começa por explicar o Dr. Albano Beja-Pereira, docente da FCUP e um dos autores do estudo.
Os pesquisadores concluíram que o consumo de determinado tipo de alimentos, por exemplo amargos e adstringentes, altera a comunidade microbiana do dorso da língua e o pH da boca e modifica as condições a favor de algumas espécies de bactérias.
E quanto mais anos de carreira, menor será o número de bactérias da boca. “No nosso estudo observamos que o número de provas e a extensão da carreira de provador estão correlacionados com a baixa diversidade do microbioma”, concretiza o também pesquisador da Associação BIOPOLIS/CIBIO-InBIO (Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos, InBIO Laboratório Associado da Universidade do Porto).
Para além disso, verificaram ainda que o microbioma é diferente consoante o tipo de vinho. “Os provadores de vinhos espumantes são ainda mais afetados porque perdem mais rápido esta diversidade”, acrescentou o pesquisador.
Este trabalho foi dinamizado pela pesquisadora Sofia Duarte-Coimbra, então estudante da FCUP no mestrado em Ciências do Consumo e da Nutrição, partilhado com a Faculdade de Ciências da Alimentação e da Nutrição da U.Porto.
A jovem contactou com enólogos, provadores de vinho e sommeliers e a amostra do estudo centrou-se no Norte e Centro do país. Foi recolhida uma amostra através de raspagem do dorso da língua antes e após uma prova de vinho.
O estudo permitiu também perceber que existe uma bactéria que pode explicar uma maior sensibilidade ao sabor. A bactéria Actinomyces é mais abundante na boca de provadores de vinho.
O artigo publicado na revista científica Food Research Internacional dá, assim, os primeiros passos para um trabalho mais alargado que visa perceber se este efeito de limpeza está apenas relacionado com o álcool ou se se aplica a outro tipo de bebidas.
Atualmente, a equipe pesquisa o papel da microbiota (conjunto de microrganismos específicos de um determinado órgão o local do corpo humano) na sensibilidade e perceção sensorial (sabor e olfato), a sua interligação com a atividade profissional (provadores, chefes de cozinha, perfume testers), influência da dieta alimentar e na saúde (oral, nasal).
Acesse o artigo científico completo (em inglês).
Acesse a notícia completa na página da Universidade do Porto.
Fonte: Universidade do Porto. Imagem: Freepik.
Em suas publicações, o Canal Nutrição da Rede T4H tem o único objetivo de divulgação científica, tecnológica ou de informações comerciais para disseminar conhecimento. Nenhuma publicação do Canal Nutrição tem o objetivo de aconselhamento, diagnóstico, tratamento médico ou de substituição de qualquer profissional da área da saúde. Consulte sempre um profissional de saúde qualificado para a devida orientação, medicação ou tratamento, que seja compatível com suas necessidades específicas.
Os comentários constituem um espaço importante para a livre manifestação dos usuários, desde que cadastrados no Canal Nutrição e que respeitem os Termos e Condições de Uso. Portanto, cada comentário é de responsabilidade exclusiva do usuário que o assina, não representando a opinião do Canal Nutrição, que pode retirar, sem prévio aviso, comentários postados que não estejam de acordo com estas regras.
Por favor, faça Login para comentar