Notícia
Epidemia global de obesidade faz surgir o imunometabolismo, nova fronteira da ciência
Unicamp sedia o primeiro laboratório do país voltado a pesquisas que integram metabolismo e imunologia
Antoninho Perri, Jornal da Unicamp
Fonte
Jornal da UNICAMP
Data
terça-feira, 23 abril 2019 09:30
Áreas
Nutrição Clínica. Nutrição Coletividades
A integração entre metabolismo e imunologia, duas disciplinas historicamente distintas, fez surgir nos últimos anos uma novíssima área na fronteira do conhecimento: o imunometabolismo. Nesta fronteira está o professor Dr. Pedro Manoel Mendes de Moraes Vieira, que criou o Laboratório de Imunometabolismo, o primeiro do país, no Instituto de Biologia (IB) da Unicamp, onde ingressou há apenas três anos. Aos 38, ele é o único do Hemisfério Sul entre os 18 indicados mundialmente para o prêmio HelDi-Award, dedicado a jovens pesquisadores e organizado pela Helmholtz Zentrum Munchen – os dois vencedores serão escolhidos durante conferência sobre diabetes, em setembro, na Alemanha.
O Dr. Pedro Vieira afirma que o crescente interesse pela área de imunometabolismo vem sendo alimentado pela epidemia global de obesidade e pelo achado recente de que esta doença afeta o sistema imunológico e promove a inflamação. “O que sabemos hoje é que mais da metade da população brasileira está com sobrepeso, o que é muita coisa, e que mais de 20% dessas pessoas estão obesas, ou seja, com índice de massa corporal (IMC) acima de 30. Temos um quadro comparável ao dos Estados Unidos e de outros países desenvolvidos, sendo que a China também já apresenta índices bem altos para obesidade e diabetes.”
Segundo o professor do IB, as terapias existentes são relativamente eficazes, mas durante muito tempo a parte imunológica foi negligenciada. “Quando o tecido adiposo em uma pessoa obesa se expande, pensamos apenas em gordura; ocorre que as células imunes também se expandem e podem representar mais de 50% do tecido – nesse caso, o obeso possui mais células imunológicas do que adipócitos, que são as células do tecido adiposo que acumulam a gordura. E ainda entendemos muito pouco sobre como o sistema imune modula esta expansão (inflamação) que acontece na obesidade.”
O Dr. Pedro Vieira acredita que entendendo como a modulação de macrófagos ou de linfócitos, por exemplo, pode influenciar para a obesidade e a resistência à insulina (diabetes tipo 2), será possível chegar a novas terapias. “As terapias de hoje atuam principalmente nos adipócitos, ficando esquecidos os 50% de outras células ali presentes. Quando se tem a metade da população com sobrepeso, atingir uma glicemia acima de 120 não é muito difícil. Uma percentagem dessas pessoas tende a se tornar diabética em algum momento, fazendo crescer o número de doentes, sobretudo de diabetes infantil.”
Apesar do foco em diabetes, o pesquisador vai concorrer ao prêmio HelDi-Award com um conjunto de trabalhos desenvolvidos no Laboratório de Imunometabolismo que relacionam a obesidade também à regulação imunometabólica de doenças autoimunes como esclerose múltipla e doença de Crohn (que afeta o aparelho digestivo). “Uma contribuição é de que a obesidade leva a níveis aumentados de leptina, um hormônio associado ao consumo alimentar e à maior propensão de rejeição de órgãos por transplantados. O obeso se torna resistente à leptina, cuja função é inibir o apetite, e passa a comer cada vez mais. Portanto, a rejeição não se deve necessariamente à obesidade, e sim aos níveis elevados deste hormônio no sangue.”
Acesse a notícia completa na página do Jornal da UNICAMP.
Fonte: Luiz Sugimoto, Jornal da Unicamp. Imagem: Antoninho Perri, Jornal da Unicamp
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