Notícia
Dispositivos levam “o olho do dono” para o pasto
Faculdade de Computação (Facom/UFMS) desenvolve dispositivos que levam “o olho do dono” para o pasto por meio de sensores instalados nos animais
Pixabay
Fonte
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS)
Data
sexta-feira, 28 julho 2017 17:21
Áreas
Agronegócio. Agricultura
Desenvolvimento tecnológico transforma realidades e não diferentemente sua aplicação na pecuária, a posiciona rumo a outros patamares de produtividade. Com esse desafio, a Faculdade de Computação (Facom/UFMS), em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Gado de Corte), desenvolve dispositivos que levam “o olho do dono” para o pasto por meio de sensores instalados nos animais.
Pelo projeto de pesquisa “Tecnologias para o bem estar e conforto térmico de bovinos”, coordenado pelo professor da Facom Dr. Ricardo Santos, foi desenvolvido a BEP – Bovine Electronic Plataform, uma plataforma eletrônica avançada, utilizada de maneira não invasiva por bovinos a pasto (sem necessidade de prendê-los ou sedá-los). Com três componentes principais – circuito eletrônico, aplicativo móvel (para aquisição de dados) e informação armazenada na nuvem, a BEP é uma plataforma eletrônica que integra componentes de hardware e software.
“As várias pesquisas realizadas pela Embrapa-Gado de Corte tem gerado demandas tecnológicas com enfoque na automatização de processos de monitoramento animal. Algumas dessas demandas que nos foram apresentadas mostraram a possibilidade de monitorar sinais fisiológicos de forma não invasiva. O desafio foi obter dados como frequência respiratória, frequência cardíaca, fluxo sanguíneo e temperatura cutânea em tempo real, além de gerar estimativas de conforto térmico e bem-estar animal”, explica o professor.
O monitoramento dos sinais fisiológicos, expõe o Dr. Ricardo Santos, possibilita identificar previamente situações que podem impactar negativamente na produção animal (sejam perdas no peso, qualidade da carne e leite). “Esse monitoramento é uma demanda real com benefícios diretos para produtores, profissionais e pesquisadores da área”, diz.
O professor enfatiza que o grande diferencial da BEP é não exigir uma infraestrutura tecnológica de alto custo disponível na fazenda. Os dados adquiridos pelo circuito eletrônico de monitoramento nos animais podem ser visualizados usando um smartphone ou tablet com suporte à tecnologia bluetooth.
O projeto envolve a atuação de alunos da graduação e do Mestrado Profissional em Computação Aplicada, além de professores da FACOM, FAENG e pesquisadores da Embrapa-Gado de Corte.
O circuito eletrônico da BEP (hardware) é instalado em um cabresto, sendo os sensores mantidos em contato com a pele dos animais. Com bateria de longa duração, o hardware captura os sinais, gera dados fisiológicos e os armazena. Um smartphone, notebook ou tablet pode obter os ados armazenados no hardware via comunicação wireless (tecnologia bluetooth).
O aplicativo móvel identifica onde há BEPs disponíveis (animais sendo monitorados) em uma distância de até 100 metros. O aplicativo móvel exibe a foto e dados do animal, além do histórico diário, semanal, mensal ou até mesmo com dados em tempo real. O produtor pode ter acesso a levantamentos individualizados do animal. Quando o aparelho móvel tem acesso à Internet, esses dados podem ser transferidos para um aplicativo na web. Assim, os dados podem ser analisados com possibilidades mais amplas (análise anual, análise e comparações do rebanho, etc.).
Chefe Adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa Gado de Corte, Dr. Ronney Robson Mamede lembra que a produtividade média da pecuária brasileira é reconhecidamente baixa quando comparada à de outros países e que diversos aspectos contribuem para isso, dentre eles, os genéticos, nutricionais, culturais/comportamentais (pecuaristas, em geral, ainda resistentes à busca do conhecimento e adoção de tecnologias) e sanitários.
“A Bovine Electronic Plataform – BEP contribui para o rápido diagnóstico de possíveis doenças ou para a identificação de outras situações anômalas. A adoção de medidas sanitárias rápidas e eficazes a partir do uso destas informações contribui para o bem estar animal, menores custos com o manejo sanitário, redução de perdas e o consequente aumento da produtividade do rebanho”, afirma Ronney.
“Toda a pesquisa e desenvolvimento tecnológico reunido na BEP foi alvo de patente conjunta entre UFMS e EMBRAPA. Atualmente, está sendo firmado acordo de cooperação técnica entre UFMS, Embrapa e a startup Indext (formada por ex-alunos), para que o produto seja comercializado”, expõe o professor Ricardo.
A BEP alcançou o primeiro lugar no Prêmio Novos Talentos Para o Alimento Sustentável – Pecuária de Baixo Carbono, prêmio patrocinado pelo Banco Mundial, Fórum do Futuro, FAPEG e FAPEMIG.
Bioacústica
Em uma segunda etapa, os pesquisadores da FACOM/UFMS e da EMBRAPA trabalham agora o Bioacústica, que contempla o desenvolvimento de algoritmos, sensores e equipamentos para identificação e análise do comportamento ingestivo dos animais.
“O produtor quer saber como o animal está se comportando em relação à ingestão de alimentos. Exemplos de informações importantes são se o bovino está ingerindo água, a quantidade de líquido ingerida, se está se alimentando, em quais horários e por quanto tempo. O objetivo agora é identificar esses “estados” de ingestão, caracterizá-los e quantificá-los”, explica o professor Ricardo.
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