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Dieta rica em fibras traz mudanças significativas para o microbioma intestinal humano

Fonte

Universidade da Califórnia em Irvine

Data

sexta-feira, 26 março 2021 20:30

Áreas

Nutrição Clínica. Nutrição Coletividades. Nutrição Funcional. Saúde Pública

Uma intervenção de curto prazo no consumo diário de fibras pode alterar significativamente o microbioma intestinal e a ingestão de nutrientes, de acordo com um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade da Califórnia em Irvine. A pesquisa foi publicada na revista científica American Society for Microbiology.

Fibra dietética consiste em carboidratos resistentes encontrados em frutas, vegetais e grãos integrais. A fibra persiste em nosso sistema de digestão e, embora não seja digerível por humanos, nossas bactérias intestinais podem metabolizar a fibra em ácidos graxos de cadeia curta e outros subprodutos essenciais para a saúde humana.

Atualmente, uma pessoa na América do Norte consome menos de 50 % dos níveis de fibra dietética recomendados devido à diminuição do consumo de alimentos vegetais, à medida que os alimentos processados ​​se espalharam. Uma dieta reduzida em fibras preocupa as autoridades de saúde porque o baixo consumo de fibras dietéticas pode estar associado a doenças como diabetes tipo II e câncer de cólon. Além disso, novos estudos começaram a demonstrar como as alterações microbianas intestinais podem impactar indiretamente a saúde humana. Portanto, uma melhor compreensão do papel da fibra alimentar na constituição da microbiota intestinal pode fornecer informações sobre o gerenciamento de doenças associadas ao microbioma intestinal.

“A falta de ingestão de fibras no mundo industrializado está deixando nossos micróbios intestinais famintos, com importantes consequências  para a saúde que podem estar associadas a aumentos no câncer colorretal, doenças autoimunes e até mesmo diminuição da eficácia da vacina e da resposta à imunoterapia contra o câncer”, disse a Dra. Katrine Whiteson, professora associado de biologia molecular e bioquímica que co-dirige a UCI Microbiome Initiative.

Para determinar se o aumento da fibra dietética por um curto período de tempo pode alterar a diversidade do microbioma intestinal e a produção de metabólitos, uma equipe de pesquisa liderada pela Dra. Whiteson e a Dra.Jennifer Martiny, professora de ecologia e biologia evolutiva, junto com a professora Dra. Julia Massimelli Sewall, professora de biologia molecular e bioquímica, implementou uma intervenção dietética de duas semanas durante um curso de graduação em biologia na UCI.

Os alunos que participaram do estudo receberam 10 refeições não processadas com alto teor de fibras a cada semana, durante duas semanas. Durante o tempo, eles coletaram amostras para rastrear a composição microbiana do intestino antes e depois da intervenção. Os alunos também registraram suas informações dietéticas de macronutrientes para atingir a meta de 50 gramas / dia durante um período de intervenção de duas semanas.

A Dra. Sewall, observou o quanto ela e os alunos gostaram de aprender quais alimentos são enriquecidos em fibras. “Ficamos maravilhados ao descobrir como são ricos em fibras as frutas vermelhas e os abacates e trocamos ideias sobre como preparar feijão e lentilhas”, disse ela. “Eu acho que esta experiência terá um impacto ao longo da vida em como todos nós vemos os rótulos nutricionais.”

Ela também observou que a experiência motivou os alunos no curso. “Os alunos vieram para a aula muito animados para discutir o que haviam comido e mal podiam esperar para analisar as informações de sequenciamento do microbioma para tirar conclusões baseadas em dados. O estudo teve um impacto interessante e educacional ”, acrescentou a professora. “Nossa pesquisa educacional mostrou que a experiência aumentou o interesse dos alunos por ciências e aumentou a conscientização sobre seus hábitos alimentares.”

O aluno de pós-graduação Andrew Oliver, um assistente de ensino do curso, orientou os alunos durante o processo e os aconselhou a beber bastante água, além de oferecer instruções sobre métodos e análises de microbiologia. “Os alunos aumentaram a ingestão de fibra em uma média de 25 gramas por dia, mas a variabilidade da ingestão de fibra antes da intervenção foi substancial”, disse ele. “Alguns alunos tiveram que ir de quase zero a 50 gramas por dia até o final do estudo. Todos nós ficamos um pouco obcecados com a quantidade de fibras nos alimentos que comíamos. ”

Após a intervenção, os pesquisadores compararam a composição bacteriana geral usando sequenciamento de DNA e mediram a produção de ácidos graxos de cadeia curta usando cromatografia gasosa. Além do sequenciamento, a equipe realizou experimentos adicionais visando o Bifidobacterium, degradador de fibra conhecido. Os pesquisadores descobriram que a intervenção de duas semanas alterou significativamente a composição do microbioma intestinal individual, incluindo um aumento na abundância de Bifidobacterium. No entanto, apesar das mudanças observadas na composição do microbioma intestinal, eles não detectaram uma mudança significativa na abundância desses ácidos graxos.

“Esperamos realizar intervenções de fibra alimentar por mais tempo e estudar como a fibra pode apoiar o microbioma intestinal e promover a saúde. Neste momento durante uma pandemia, quando precisamos de nossa saúde imunológica e respostas saudáveis ​​à vacina, encorajamos todos a pensar sobre a diversidade de vegetais em suas dietas e adicionar alguns feijões, frutas vermelhas e abacates onde puderem ”, disse Whiteson.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Universidade da Califórnia em Irvine (em inglês).

Fonte: UCI School of Biological Sciences. Imagem: Prudence Earl, via Unsplash.

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