Notícia

Dieta baseada em plantas pode melhorar a saúde de mulheres com câncer de mama

Fonte

Universidade de Rochester

Data

quinta-feira, 23 maio 2024 11:25

Áreas

Ciência e Tecnologia de Alimentos. Nutrição Clínica. Saúde Pública

Mulheres com câncer de mama que comiam exclusivamente alimentos integrais e uma dieta baseada em vegetais perderam peso, melhoraram os níveis de colesterol e outros fatores metabólicos importantes, tiveram menos fadiga e perceberam que se sentiam melhores mentalmente e, em geral, mais bem.

Os resultados são de um pequeno estudo realizado por pesquisadores do Centro Médico da Universidade de Rochester e do Wilmot Cancer Institute. Os participantes do estudo eram indivíduos com câncer de mama em estágio 4, que estarão em tratamento ao longo da vida.

Esses pacientes são normalmente excluídos dos estudos dietéticos, mas com o aumento do número de sobreviventes, isso apresentou uma oportunidade de causar um impacto tanto no curto quanto no longo prazo, disse o líder da pesquisa  Thomas M. Campbell, professor assistente de Medicina de Família na URMC e um especialista no uso de dietas baseadas em vegetais para melhorar a saúde.

O que o ensaio clínico exigiu?

O estudo incluiu 30 pacientes que estavam em tratamento estável e toleravam alimentos.

Os pesquisadores dividiram aleatoriamente os participantes em dois grupos: um recebeu cuidados padrão e o grupo de intervenção consumiu refeições fornecidas pela equipe de pesquisa durante oito semanas. A dieta consistia apenas de frutas, vegetais, grãos integrais (incluindo massas integrais), legumes (feijões), batatas, nozes e sementes. Os participantes concordaram em evitar alimentos de origem animal (carne, ovos e laticínios) e todos os óleos e gorduras sólidas adicionadas. Eles também tomaram um multivitamínico diário.

Avaliações semanais ocorreram e o estudo relatou 95% de conformidade.

“É emocionante ver que essas grandes mudanças na dieta foram viáveis, bem toleradas e aceitáveis para os participantes dos ensaios clínicos”, disse o Thomas Campbell.

Nenhuma restrição calórica estava envolvida. Os indivíduos foram incentivados a comer sempre que quisessem alimentos que estivessem “de acordo com o planejado”.

Como uma dieta limpa e baseada em vegetais faz a diferença

As mulheres começaram com um IMC médio de 29,7, o que é quase obeso. Os pacientes do grupo de alimentos integrais à base de plantas perderam meio quilo por semana durante oito semanas, sem exercício obrigatório.

Isto é significativo porque os indivíduos com câncer de mama ganham frequentemente peso durante o tratamento, o que é arriscado. Por que? Muito peso corporal aumenta os níveis de insulina e hormônios (estrogênio e testosterona) no sangue, o que pode alimentar o câncer.

Outro resultado encorajador do estudo: os pesquisadores observaram uma redução nas amostras de sangue de IGF-1, um fator de crescimento que tem sido associado a muitos cânceres comuns, bem como menos inflamação.

“Embora ainda não possamos dizer nada sobre se a dieta pode impedir a progressão do câncer a partir deste pequeno estudo, vimos resultados preliminares que sugerem mudanças favoráveis no corpo, o que é muito positivo”, disse Thomas Campbell.

Para compreender melhor as implicações para o crescimento do câncer, a equipe está colaborando como Dr. Isaac Harris, em Wilmot, numa investigação da bancada à clínica recentemente financiada pela American Cancer Society.

Os cientistas sabem que as células cancerígenas dependem de aminoácidos para sobreviver, e os pacientes que seguiram a dieta baseada em vegetais tiveram alterações nos níveis sanguíneos de aminoácidos. O Dr.  Isaac Harris está estudando o efeito da composição de aminoácidos na sobrevivência das células cancerígenas e o efeito dos aminoácidos em vários medicamentos contra o câncer.

O estudo foi publicado na revista científica Breast Cancer Research and Treatment, que se acredita ser o primeiro desse tipo. O ensaio sobre o câncer de mama teve resultados tão significativos que também foram publicados dois artigos adicionais sobre a intervenção dietética: um segundo estudo na mesma revista e um terceiro estudo na Frontiers in Nutrition, todos em março de 2024.

Como começar a fazer mudanças saudáveis

Os pacientes devem primeiro consultar seus oncologistas ou profissionais de saúde antes de fazer grandes mudanças na dieta, disse Thomas Campbell. Isto é especialmente importante para pessoas que tomam anticoagulantes ou medicamentos com insulina.

Vários fatores influenciam a motivação de uma pessoa para uma alimentação mais saudável, acrescentou Thomas Campbell, incluindo o apoio familiar, preferências de sabor e capacidade culinária.

Se uma pessoa faz mudanças drásticas durante a noite ou simplesmente decide trocar uma refeição ocasional por uma receita à base de plantas pode ser uma boa escolha: “Você só precisa de cinco a dez receitas à base de plantas que sejam fáceis, saborosas e convenientes o suficiente para que você as faça regularmente para fazer uma revisão substancial em sua dieta”, disse Thomas Campbell.

Os custos mais elevados dos alimentos são frequentemente citados como uma razão para evitar uma dieta baseada em vegetais, mas em 2023 a coautora Erin Campbell, MD, publicou um estudo separado mostrando que as dietas que levam às maiores melhorias na saúde – incluindo Abordagens Dietéticas para Parar a Hipertensão ou a dieta DASH, que também é baseada em vegetais – eram iguais ou mais baratas em termos de custos alimentares em comparação com as dietas padrão americanas  com alimentos ultraprocessados e comida para viagem em restaurantes.

Melhorar a saúde com uma dieta baseada em vegetais é a pedra angular da carreira profissional de Thomas Campbell. Ele é fundador e codiretor do UR Medicine/Highland Hospital Nutrition in Medicine Research Center e especialista em medicina da obesidade.

Acesse o artigo científico completo da Breast Cancer Research and Treatment (em inglês).

Acesse o artigo científico completo da Frontiers in Nutrition (em inglês)

Acesse a notícia completa na página da Universidade de Rochester (em inglês).

Fonte: Leslie Orr, Universidade de Rochester.  Imagem: Freepik.

Em suas publicações, o Canal Nutrição da Rede T4H tem o único objetivo de divulgação científica, tecnológica ou de informações comerciais para disseminar conhecimento. Nenhuma publicação do Canal Nutrição tem o objetivo de aconselhamento, diagnóstico, tratamento médico ou de substituição de qualquer profissional da área da saúde. Consulte sempre um profissional de saúde qualificado para a devida orientação, medicação ou tratamento, que seja compatível com suas necessidades específicas.