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Desnutrição em pacientes com câncer: conheça as causas e saiba prevenir
De acordo com uma pesquisa da ESPEN Fact-Sheet a incidência de desnutrição aumenta de 40% a 80% durante tratamentos oncológicos
Freepik (Imagem gerada por Inteligência Artificial)
Muito se ouve sobre desnutrição, principalmente sobre desnutrição hospitalar, mas você sabia que de 15% a 40% deste problema tem prevalência no diagnóstico de câncer? Dados da Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral (BRASPEN) informam que a desnutrição hospitalar está associada diretamente ao aumento significativo de morbidade e mortalidade, com taxas que variam entre 20% e 60% em adultos hospitalizados – condição que piora, progressivamente, em idosos e pacientes críticos durante a hospitalização.
Este estado de deficiência nutricional – que pode afetar todas as funções do corpo humano, incluindo a força muscular, a capacidade de recuperação e a capacidade de resistir a infecções – é um problema de saúde pública que requer atenção. O cenário se torna ainda mais preocupante quando a desnutrição está relacionada a pacientes em tratamento de câncer, devido à uma combinação de fatores associados tanto à doença, quanto ao próprio tratamento.
De acordo com uma pesquisa da ESPEN Fact-Sheet (The European Society for Clinical Nutrition and Metabolism), a incidência de desnutrição aumenta de 40% a 80% durante tratamentos oncológicos. E mais do que isso: alguns tipos específicos de câncer, como pâncreas, pulmão e digestivo, estão associados a um maior risco.
Para você entender melhor o assunto, o médico intensivista do Hospital de Amor, o médico Luís Henrique Simões Covello, esclareceu as principais dúvidas sobre o tema. Confira a entrevista completa, cuide da sua saúde e da saúde de seus familiares!
1) O que é desnutrição e o que causa este distúrbio no paciente oncológico?
R: A desnutrição é um estado patológico resultante da ingestão insuficiente de calorias, proteínas e outros nutrientes. Este estado de deficiência nutricional pode afetar todas as funções do corpo humano, incluindo a força muscular, a capacidade de recuperação e a capacidade de resistir a infecções. Em pacientes oncológicos, a desnutrição é comum devido a uma combinação de fatores associados tanto à doença, quanto ao seu tratamento.
2) Quando ela é identificada?
R: A desnutrição é normalmente identificada pelo índice de massa corporal (IMC) reduzido. No entanto, é necessária uma avaliação mais ampla envolvendo a história clínica e alimentar dos pacientes, principalmente os oncológicos.
3) É um quadro preocupante? Por quê?
R: A desnutrição é particularmente preocupante em pacientes oncológicos devido a razões relacionadas ao impacto negativo tanto no tratamento, quanto nos resultados de saúde gerais. Ela causa:
– Comprometimento da função imunológica;
– Redução da tolerância ao tratamento;
– Piora na qualidade de vida;
– Atraso na recuperação e cicatrização;
– Aumento da toxicidade do tratamento;
– Impacto na efetividade do tratamento;
– Aumento da mortalidade.
4) Em quais tipos de câncer a incidência de desnutrição é maior?
R: A incidência de desnutrição é particularmente alta em certos tipos de câncer, especialmente aqueles que afetam o trato gastrointestinal ou aqueles que são metabólica e fisicamente mais agressivos, como por exemplo os cânceres de pâncreas, pulmão e cabeça e pescoço.
5) Existe alguma diferença deste distúrbio entre homens e mulheres?
R: Dados mostram que, dos pacientes desnutridos, 60% são homens e 40% são mulheres.
6) Durante o tratamento oncológico, como a desnutrição pode ser evitada?
R: Algumas estratégias podem ser utilizadas para prevenção e cuidado com a desnutrição nos pacientes oncológicos em qualquer fase do seu tratamento. São elas:
- Avaliação Nutricional Regular: Realizar avaliações nutricionais regulares antes, durante e após o tratamento do câncer para identificar rapidamente os riscos ou sinais de desnutrição.
- Intervenção Nutricional Personalizada: Desenvolver um plano nutricional personalizado com a ajuda de um nutricionista. Este plano deve considerar as necessidades calóricas e protéicas específicas do paciente, bem como qualquer restrição ou necessidade dietética decorrente do tipo de câncer ou tratamento.
- Suplementação Nutricional: Utilizar suplementos nutricionais se a ingestão de alimentos for insuficiente para atender às necessidades energéticas e proteicas. Suplementos em forma de shakes, bebidas ou barras enriquecidas podem ser úteis.
- Gerenciamento de Sintomas: Tratar eficazmente os sintomas que afetam a ingestão alimentar, como náuseas, vômitos, diarreia, mucosite (inflamação da boca e garganta) e alterações no paladar, com medicamentos e terapias adequadas.
- Alimentação Assistida: Em casos em que o paciente não consegue comer por si mesmo devido à fadiga, dor ou incapacidade, considerar opções como alimentação enteral (via sonda) ou parenteral (intravenosa) para garantir adequada nutrição.
- Educação e Suporte: Proporcionar educação nutricional para o paciente e sua família, incluindo informações sobre como preparar refeições nutritivas que sejam fáceis de consumir, considerando possíveis restrições.
- Monitoramento e Ajustes Contínuos: Monitorar o estado nutricional e ajustar o plano nutricional conforme necessário, em resposta a mudanças no estado de saúde do paciente, reações ao tratamento e preferências alimentares.
- Colaboração Multidisciplinar: Integrar a gestão nutricional no cuidado geral do paciente, colaborando com oncologistas, enfermeiros, nutricionistas e outros profissionais de saúde para garantir um tratamento coeso e abrangente.
7) A família pode contribuir neste caso? Como?
R: O apoio da família é crucial no manejo da desnutrição em pacientes oncológicos, ajudando não só a preservar o estado nutricional do paciente, mas também a melhorar sua qualidade de vida durante um período desafiador. Aqui estão algumas formas como a família pode contribuir efetivamente:
- Educação Nutricional: Informar-se sobre as necessidades nutricionais específicas relacionadas ao tipo de câncer e tratamento do paciente. Participar de sessões de aconselhamento com nutricionistas para aprender sobre os melhores alimentos e estratégias de alimentação.
- Preparação de Refeições Apropriadas.
- Monitoramento da Ingestão Alimentar.
- Gerenciamento de Sintomas.
- Encorajamento e Suporte Emocional.
- Adaptação ao Apetite do Paciente.
- Hidratação: Garantir que o paciente mantenha uma boa hidratação, o que é crucial para o bem-estar geral e pode ajudar a gerenciar certos efeitos colaterais do tratamento.
Acesse a notícia na página do Hospital de Amor.
Fonte: Hospital de Amor. Imagem: Freepik (Imagem gerada por Inteligência Artificial).
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