Notícia
Desafios da Agricultura de Precisão
Segundo pesquisador da Universidade de Évora, em Portugal, a agricultura de precisão é muito exigente do ponto de vista técnico, mas pode proporcionar retornos do investimento muito elevados
Pixabay
Fonte
Universidade de Évora
Data
quarta-feira, 11 março 2020 12:40
Áreas
Agricultura. Agronomia. Ciências Agrárias
O Dr. José Rafael Marques da Silva, professor do Departamento de Engenharia Rural da Escola de Ciências e Tecnologia da Universidade de Évora e pesquisador do Instituto Mediterrâneo para a Agricultura, Ambiente e Desenvolvimento (MED), em Portugal, tem realizado pesquisas de destaque na área de Agricultura de Precisão. O também fundador da Agroinsider, uma Spin Off da Universidade de Évora que tem foco na área, realça, entre outros aspetos que “este modelo de agricultura é muito exigente do ponto de vista técnico, contudo, quando bem praticado, pode proporcionar retornos do investimento muito elevados ao empresário agrícola”.
No chamado projeto SOIL4 EVER – aumento da produtividade do regadio através do uso sustentado do solo -, o Dr. José Rafael e colegas pretendem desenvolver até 2021 uma plataforma WebGIS (Sistema Geográfico de Informações online) para o estado de salinidade do solo, de modo a contribuir para o aumento da consciencialização face a este risco de degradação do solo e promover o uso de práticas agrícolas sustentáveis. A plataforma WebGIS integrará os resultados da extrapolação dos modelos para o perímetro da Barragem do Roxo, em Portugal, validados com os dados monitorados nas áreas experimentais e fornecerá soluções adequadas para diferentes casos, de modo a minimizar os riscos de salinização do solo e maximizar o rendimento das culturas.
Consciente da necessidade de um trabalho articulado entre a ciência e os novos modelos de agricultura, aliado a uma visão empreendedora, o Dr. José Rafael Marques da Silva acredita que os alunos do mestrado em Tecnologias de Agricultura de Precisão da Universidade de Évora, curso em associação com a Universidade Nova de Lisboa, “irão seguramente conceber sistemas mais sustentáveis e resilientes, sejam eles mais ou menos intensivos, pois é esse o caminho e a visão que as gerações mais jovens desejam seguramente trilhar”.
O Dr. José Rafael concedeu entrevista à Universidade de Évora, reproduzida parcialmente a seguir:
Universidade de Évora: O que é a Agricultura de precisão?
Dr. José Rafael: Existem definições mais complexas e menos complexas. Gosto particularmente de uma delas, por ser simples, e que diz o seguinte: A agricultura de precisão permite fazer uma diferenciação do objeto de estudo, de forma a tratar cada qual de maneira personalizada, promovendo assim sistemas produtivos mais sustentáveis do ponto de vista econômico, ambiental e social, usando para tal modelos agronômicos robustos e tecnologias resilientes.
Universidade de Évora: Que vantagens apresenta este modelo de agricultura?
Dr. José Rafael: Neste modelo de agricultura sobressai uma visão de empreendedor e não de agricultor, como tal, competências na área da economia e da gestão aplicadas são fundamentais ao exercício deste tipo de agricultura. Trata-se de um modelo de agricultura muito exigente do ponto de vista técnico (Economia, Agronomia, Ambiente, Tecnologia…), contudo, quando bem praticado, pode proporcionar retornos do investimento ao empresário agrícola muito elevados.
Universidade de Évora: Em que sentido que a tecnologia, nomeadamente os processos de digitalização e monitorização das produções, podem beneficiar o setor agrícola?
Dr. José Rafael: A digitalização da agricultura propiciará em muito a utilização de alguns automatismos que até há bem pouco tempo estavam vedados à maioria dos seres humanos, quer pela dimensão dos problemas, quer pelo tempo útil disponível para os resolver. Ou seja, a digitalização da agricultura propiciará a utilização de técnicas de inteligência artificial que irão seguramente surpreender nos próximos anos pela capacidade que têm de encontrar respostas para muitas das questões complexas e difíceis da atualidade produtiva.
Universidade de Évora: Como pode a tecnologia desencadear novas cadeias de valor?
Dr. José Rafael: Até há bem pouco tempo a tônica societária centrava-se em como produzir alimentos ao menor custo possível; atualmente, a sociedade começa a valorizar mais a ecologia que a economia, nomeadamente quando se avizinha a era da robotização na agricultura onde o atual custo do trabalho passa a ser quase irrelevante. O setor agrícola deixará de ser visto com um setor que apenas produz alimentos e passará a ser visto muito rapidamente como o setor guardião de todo um ecossistema frágil e decisivo na manutenção da espécie humana. Nesse sentido, a atual cadeia de valor entre produtores e consumidores será bem mais complexa e com outro tipo de produtos/valores associados, pois os produtores de alimentos deixarão de ser apenas produtores de alimentos e passarão a ser produtores de outro tipo de ativos fundamentais às sociedades futuras, nomeadamente sequestradores de carbono; promotores de maior biodiversidade; preservação de paisagens dinâmicas e resilientes e outras ações.
Acesse a entrevista completa na página da Universidade de Évora.
Fonte: Universidade de Évora. Imagem: Pixabay.
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