Notícia
Crianças e adolescentes com melhores condições socioeconômicas tendem a comer melhor
Estudo mostrou que crianças e adolescentes portugueses que têm um nível socioeconômico mais elevado consomem maiores quantidades de hortofrutícolas, carne branca, peixe e ovos
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Fonte
Universidade do Porto
Data
sexta-feira, 25 setembro 2020 10:20
Áreas
Nutrição Clínica. Nutrição Coletividades. Saúde Pública
Estudo do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP), publicado na revista científica British Journal of Nutrition avaliou a ligação entre o nível socioeconômico das crianças e adolescentes portugueses e a alimentação que praticam.
Crianças e adolescentes portugueses que pertencem a um nível socioeconômico mais elevado, e em particular que têm pais mais escolarizados, seguem um padrão alimentar mais saudável. Ainda assim, estes adolescentes consomem grandes quantidades de snacks salgados, o que evidencia que o contexto socioeconômico e a educação dos pais não protegem os filhos de hábitos alimentares menos saudáveis nestas idades, concluiu um estudo do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto.
Segundo a Dra. Sofia Vilela, primeira autora do estudo, coordenado pela Dra. Carla Lopes, a pesquisa “pretendeu verificar se existe uma ligação entre o nível socioeconômico das crianças e adolescentes portugueses e a ingestão diária de alimentos considerados mais saudáveis, como os hortofrutícolas, carne magra peixe e ovos, e alimentos menos saudáveis, de elevada densidade energética, como bebidas açucaradas e snacks salgados”. “Até à data, nenhum estudo a nível nacional tinha explorado esta relação, pelo que nos pareceu pertinente levar a cabo a investigação”, acrescenta a pesquisadora.
Os pesquisadores avaliaram os hábitos alimentares, assim como o peso e a altura, de 1153 crianças e adolescentes, com idades compreendidas entre os 3 e os 17 anos de idade, que participaram no Inquérito Alimentar Nacional e de Atividade Física (IAN-AF) 2015-2016.
O nível socioeconômico das crianças e adolescentes foi caracterizado tendo por base o nível de escolaridade dos pais, a condição perante o trabalho (se estavam empregados ou desempregados), o número de elementos do agregado familiar e a zona geográfica onde vivem (meio rural, urbano ou predominantemente urbano).
A importância da educação dos pais
Dentre as variáveis consideradas para caracterizar o nível socioeconômico, atribuiu-se particular importância à escolaridade dos pais, nomeadamente à educação da mãe. “Através da educação, conseguimos ter uma ideia do conhecimento que os pais passam aos filhos. Há estudos internacionais que mostram que, em idades pediátricas, quanto maior o nível de educação dos pais, maior a probabilidade destes promoverem práticas alimentares adequadas junto dos filhos”, disse a Dra. Sofia Varela
Na verdade, o estudo mostrou que as crianças e os adolescentes portugueses que têm um nível socioeconômico mais elevado (o agregado familiar vive em zonas urbanas e é mais reduzido e os pais são mais escolarizados e trabalham) consomem maiores quantidades de hortofrutícolas, carne branca, peixe e ovos.
Percebeu-se ainda que os pais mais escolarizados influenciam as crianças, induzindo-as a consumirem menos carne vermelha e processada, mas não conseguem exercer a mesma influência sobre os adolescentes, o que “mostra que os pais perdem o controle sobre a dieta dos filhos, quando estes entram na adolescência, não conseguindo evitar que ingiram alimentos menos saudáveis”, foi pontuado no estudo.
O caso particular dos adolescentes
De acordo com a Dra. Sofia Vilela, “em Portugal, os hábitos alimentares e os padrões de refeição dos adolescentes tendem a ser menos saudáveis. Trata-se de uma população com elevada inadequação de consumo de hortofrutícolas e elevado consumo de bebidas açucaradas, fast-food e snacks salgados, e que está mais exposta a influências fora do contexto familiar, que têm impacto na alimentação que praticam”.
“Contudo, percebemos que os adolescentes provenientes de um contexto socioeconômico mais elevado e com pais mais escolarizados, fazem uma alimentação mais saudável, ingerindo maiores quantidades de hortofrutícolas. Ainda assim, consomem elevadas quantidades de snacks salgados, como é o caso das batatas fritas de pacote, o que demonstra que o contexto socioeconômico e a educação dos pais não funcionam como fator protetor para hábitos alimentares menos saudáveis nestas idades”, acrescenta a pesquisadora.
Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).
Acesse a notícia completa na página da Universidade do Porto.
Fonte: Diana Seabra – ISPUP. Imagem: Freepik.
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