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Crianças atendidas pela Pastoral têm menor déficit de altura e peso, mas apresentam obesidade

À primeira vista contraditório, dado mostra que tanto a desnutrição quanto a obesidade podem ter raízes na desigualdade social e no consumo inadequado

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Fonte

Jornal da USP

Data

terça-feira, 12 dezembro 2023 15:45

Áreas

Nutrição Clínica. Nutrição Materno Infantil. Saúde Pública

Mesmo residindo em regiões mais pobres do Brasil, crianças atendidas pela Pastoral da Criança têm menor déficit de altura e peso, mas apresentam obesidade infantil, apontam pesquisadores da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP. A constatação reflete os novos desafios à alimentação adequada que surgiram na sociedade como um todo, especialmente nas classes mais vulneráveis, e foi obtida por meio da comparação de dados da entidade de 4 mil municípios brasileiros com informações do Sistema de Vigilância Alimentar Nutricional (Sisvan), vinculado ao Ministério da Saúde, que monitora todo o Brasil. Os dados são referentes aos anos de 2013 a 2021 e dizem respeito aos primeiros mil dias de vida da criança, período que vai desde a fecundação até o segundo ano (270 dias da gestação + 730 dos dois anos subsequentes).

A entidade social é ligada à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e atua em situações de pobreza por meio de ações de saúde, nutrição, educação e cidadania. Está vinculada à hierarquia da Igreja Católica, tanto nacional quanto internacionalmente.

Em 1983, quando foi fundada pela médica pediatra sanitarista Dra. Zilda Arns, a taxa de mortalidade infantil brasileira era de 83 óbitos a cada mil bebês nascidos vivos. Um ano depois do início das ações, o número diminuiu para 28 mortes para cada mil crianças nascidas vivas.

Na época, quando a desnutrição, a fome e a desidratação eram os principais fatores de óbito infantil, ficou famosa a receita de soro caseiro, à base de água potável, sal e açúcar, utilizado contra a desidratação. Hoje, o índice de mortalidade infantil está em torno de 11,2, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A pesquisa foi baseada na análise de dados antropométricos (peso e massa corporal das crianças avaliadas ao longo dos primeiros mil dias de vida), do consumo alimentar e de indicadores de renda per capita das regiões atendidas pela Pastoral e pelo Sisvan. “O crescimento da criança é um marcador sensível da condição de saúde nos primeiros mil dias de vida”, explicou o coordenador da pesquisa, professor Dr. Wolney Lisboa Conde, do Laboratório de Avaliação Nutricional de Populações (Lanpop) da FSP, onde os dados foram analisados.

“A alimentação adequada nessa fase, incluindo o aleitamento materno e interações afetivas com a criança, são essenciais para que o bebê atinja todo o seu potencial de desenvolvimento biológico, intelectual e social, e mais tarde se torne um adulto saudável”, disse o pesquisador. O baixo peso ao nascer, por exemplo, leva a pessoa na vida adulta a sofrer maiores riscos de doenças do coração, colesterol, diabetes, obesidade, hipertensão arterial, problemas no funcionamento dos rins, osteoporose, entre outros problemas.

Baixo peso ao nascer

A pesquisa constatou também que havia um menor índice de baixo peso entre as crianças acompanhadas pela pastoral. Em 2018, a prevalência de baixo peso ao nascer entre crianças atendidas em municípios com atuação da Pastoral da Criança (7,3%) era inferior à prevalência média no Brasil (8,5%), estimada a partir dos dados do Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos (Sinasc), apontou a pesquisa.

De acordo com o Sinasc, o baixo peso ao nascer (inferior a 2.500 gramas), em geral, é causado pelo retardo do crescimento intrauterino, condição que representa fator de risco para mortalidade neonatal e infantil.

Obesidade infantil

Sobre os casos de sobrepeso e obesidade infantil, o Dr. Wolney Conde disse se tratar de um problema complexo e desafiante porque o aumento do índice de obesidade está associado à evolução dos contextos socioeconômicos da população. “Se antes os principais fatores de óbito infantil eram a desnutrição, a fome e a desidratação, hoje, com a redução da mortalidade infantil, começamos a enfrentar o aumento da prevalência de sobrepeso e obesidade e sua associação com o risco de doenças crônicas em etapas posteriores da vida”, disse o pesquisador.

Para a Dra. Maria Cláudia da Veiga Soares Carvalho, nutricionista e professora do Instituto de Nutrição Josué de Castro, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), são dois problemas recorrentes de alimentação no Brasil: a desnutrição e a obesidade.

Acesse a notícia completa na página do Jornal da USP.

Fonte: Ivanir Ferreira, Jornal da USP.  Imagem:Freepik.

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