Notícia

Consumo de açúcar e interrupção precoce do aleitamento são fatores de risco para cárie na infância

Apenas 2,8% nunca haviam consumido açúcar até os 2 anos e 66,7% tinham ingerido alimentos com açúcar mais de cinco vezes no dia e durante o primeiro ano de vida, só 7,6% nunca haviam consumido açúcar

Bárbara Prado, via Agência FAPESP

Fonte

Agência FAPESP

Data

domingo, 22 janeiro 2023 14:40

Áreas

Nutrição Coletividades. Nutrição Materno Infantil. Saúde Pública

Estudo que acompanhou 800 crianças mostra que a inclusão de açúcares na dieta acompanhada da interrupção precoce do aleitamento materno são os principais fatores que contribuem para a incidência de cárie até os 2 anos de idade. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o aleitamento materno exclusivo até os seis meses de idade e, de forma complementar, pelo menos até 24 meses. A OMS também recomenda que não sejam introduzidos açúcares antes dos 2 anos.

O trabalho foi conduzido no âmbito do Estudo MINA – Materno-Infantil no Acre: coorte de nascimentos da Amazônia ocidental brasileira, que acompanha um grupo de crianças nascidas entre 2015 e 2016 em Cruzeiro do Sul (AC) e é financiado pela FAPESP.

Resultados foram publicados na revista científica Community Dentistry and Oral Epidemiology.

“Alguns estudos anteriores apontaram a associação entre amamentação prolongada [após 1 ano de idade] e a ocorrência de cáries, sem avaliar adequadamente o papel do consumo precoce de açúcar por essas crianças. Nosso trabalho identificou que o efeito da amamentação prolongada no aumento do risco de cárie dentária foi mediado pelo consumo de açúcar”, explicou a Dra. Marly Augusto Cardoso, professora da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (FSP-USP) e coordenadora do projeto.

“Os resultados corroboram o que se sabe sobre o papel dos açúcares livres no desenvolvimento da cárie. Sozinha, a lactose do leite materno não causa esse tipo de problema. Praticamente todas as crianças do estudo estavam expostas de forma precoce aos açúcares”, resumiu a Dra. Jenny Abanto, primeira autora do trabalho, realizado durante estágio de pós-doutorado no Departamento de Epidemiologia da FSP-USP, e atualmente professora da Faculdade São Leopoldo Mandic, em São Paulo.

Dentre as 800 crianças acompanhadas, a prevalência de cárie foi de 22,8%, ou seja, duas em cada dez. Vistos isoladamente, os números mostram que aquelas amamentadas depois dos 24 meses de vida teriam risco maior do que as que receberam leite materno por 12 meses ou menos. No entanto, a incidência de cárie nos amamentados até os 2 anos diminuiu com o menor consumo de açúcar.

“Observamos que a amamentação até os 24 meses diminui o consumo de alimentos ultraprocessados ou com açúcar adicionado, atuando, portanto, como fator de proteção contra cáries”, contou a Dra. Cardoso.

As informações sobre consumo de alimentos foram obtidas por meio de entrevistas, em que as mães ou cuidadoras relatavam o que as crianças haviam comido nas 24 horas anteriores. Em diversos tipos de alimentos e bebidas, tais como chás, sucos, leite e mingau, por exemplo, os pesquisadores registravam ainda a quantidade de açúcar adicionada.

Apenas 2,8% nunca haviam consumido açúcar até os 2 anos. Por sua vez, 66,7% tinham ingerido alimentos com açúcar mais de cinco vezes no dia. Durante o primeiro ano de vida, só 7,6% nunca haviam consumido açúcar.

A ocorrência de cárie foi menor quando se levava em conta ainda renda familiar, escolaridade e cor da pele da mãe ou cuidadora. Filhos de mulheres negras, mais pobres e que frequentaram menos tempo a escola formaram o grupo com maior frequência de cárie.

Dentes de leite

O alto consumo de açúcares resulta na formação de um biofilme dental cariogênico, mais conhecido como placa bacteriana, que contribui para a cárie. Nela, o leite humano pode mudar suas características e ajudar na desmineralização do esmalte. No entanto, é o consumo de açúcar que inicia esse processo. O aumento da frequência com que a placa bacteriana é exposta ao leite humano é provavelmente responsável pelo risco de cárie observado no aleitamento materno a partir dos 12 meses de idade.

Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Agência FAPESP.

Fonte: Dr. André Julião, Agência FAPESP.  Imagem: Bárbara Prado, via Agência FAPESP.

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