Notícia

Confiança da mulher contribui para maior tempo de amamentação

Pesquisa traz resultados sobre a influência da autoeficácia em amamentar, nos três primeiros meses pós-parto, para diminuir o desmame antes dos seis meses de vida do bebê

Freepik

Fonte

UFAL | Universidade Federal de Alagoas

Data

segunda-feira, 5 agosto 2019 12:00

Áreas

Nutrição Materno Infantil. Saúde Pública

Já é difundido que a amamentação é fundamental para o crescimento e desenvolvimento infantil. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que seja realizada, de forma exclusiva, durante os primeiros seis meses de vida da criança e, até os dois anos de idade ou mais, como forma complementar. Motivada pelo assunto, a nutricionista Samya Brito mergulhou em sua pesquisa de mestrado pelo Programa de Pós-graduação em Nutrição da Ufal (PPGNUT) para discutir as diversas formas sobre o ato de amamentar.

A iniciativa do projeto investigou, no município de Rio Largo, a autoeficácia materna e sua relação com a duração do aleitamento ao longo do primeiro ano pós-parto. O trabalho teve orientação da professora Dra. Giovana Longo-Silva e co-orientação do professor Dr. Jonas Silveira, da Faculdade de Nutrição (Fanut/Ufal).

Segundo Samya Brito, a autoeficácia em amamentar refere-se à percepção e expectativas maternas sobre sua capacidade de amamentar, que podem influenciar na decisão de iniciar e continuar a amamentação, como também na superação dos eventuais obstáculos a serem enfrentados durante esse período. ‘‘As mulheres precisam ter confiança e acreditarem que são capazes de amamentar para que, assim, se motivem a realizar essa prática com sucesso’’, disse.

A pesquisa e os resultados

Para analisar os resultados a pesquisadora utilizou a Escala de Autoeficácia da Amamentação, forma curta, traduzida e validada no Brasil da versão originalmente em inglês Breastfeeding Self-Efficacy Scale-Short Form (BSES-SF). Entende-se que a autoeficácia é constituída por quatro fatores que a explicam, sendo eles: a experiência pessoal (vivências anteriores positivas em amamentar da mãe); a experiência vicária (observar outras mães amamentarem, ou participar de ações educativas em que possam visualizar o ato de amamentar, por meio de vídeos sobre amamentação, por exemplo); a persuasão verbal (apoio e incentivo recebido pela família, companheiro); e o estado emocional e fisiológico (reações físicas e mentais durante a amamentação, como sensações de dor, ansiedade e fadiga).

Os dados da pesquisa foram coletados entre fevereiro de 2017 e agosto de 2018, quando a última criança completava um ano de idade. Durante o primeiro ano de vida das crianças foram realizados quatro cortes no tempo: Nos primeiros seis meses o acompanhamento foi feito na maternidade do Hospital Geral Dr. Ib Gatto Falcão de Rio largo (AL) e, posteriormente, por meio de visitas domiciliares ao terceiro, sexto e décimo segundo mês pós-parto.

O resultado identificou que as mulheres que apresentaram pontuações elevadas de autoeficácia na amamentação, aos três meses, conseguiram continuar amamentando seus bebês aos seis meses de vida, quando comparadas com aquelas de menor autoeficácia.

De acordo com a pesquisadora, essa mesma relação também foi percebida no intervalo dos seis aos 12 meses. Ou seja, quanto maior a confiança da mulher em amamentar nos primeiros três meses pós-parto, maior a duração da amamentação para os filhos.

“Apesar da autoeficácia materna em amamentar alta ter diminuído ao longo do primeiro ano observou-se a associação de quanto maior a confiança, maior a duração do aleitamento materno. Isso porque ter essa característica no início da amamentação fortalece as mulheres para que prossigam com o ato’’, afirma Samya.

A mulher como centro

Segundo a pesquisadora, o motivo das mulheres terem diminuído a amamentação corresponde a vários fatores, como: pessoais, socioeconômicos e culturais, que podem ter influenciado durante esse período para a mãe se sentir menos confiante. Um exemplo importante é a falta de apoio do companheiro, que pode diminuir a pontuação na BSES-SF, deixando as mães menos confiantes sobre sua capacidade de amamentar. “Deve ser entendido que ter a autoeficácia em amamentar alta não é apenas responsabilidade da mulher, pois existe todo um contexto social que influencia fortemente na sua decisão de amamentar”, ressalta Samya.

O professor Dr. Jonas, fala sobre a importância da pesquisa para a comunidade. “A principal contribuição desta pesquisa para a sociedade diz respeito a importância de oferecer um sistema de suporte para as mulheres antes e durante o período de lactação, para que elas consigam efetivar o aleitamento materno. Esta pesquisa tem muita aderência às políticas públicas de saúde na esfera materno-infantil, tendo aplicabilidade direta nas ações da atenção primária à saúde no contexto da Rede Cegonha”, disse.

Ele conta que o diferencial da pesquisa “está em colocar a mulher no centro das atenções e não a criança, superando a ideia da mulher como simplesmente uma fonte de alimento para a criança, e discutindo sobre as diferentes dimensões sobre o ato de amamentar”.

Dessa forma, Samya Brito relata que “medidas de intervenção sobre amamentação baseadas nesses fatores são propensas em garantir a maior confiança em amamentar. Assim, verifica-se que a autoeficácia da amamentação é uma característica modificável que contribui para a maior duração do aleitamento materno, através do empoderamento feminino quanto à capacidade de amamentar”.

Acesse a notícia completa na página da UFAL.

Fonte: Blenda Machado, UFAL.   Imagem: Freepik.

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