Notícia

Circuito intestino-cérebro estimula os desejos por açúcar

O açúcar estimula as papilas gustativas especializadas na língua, mas além disso também ativa um caminho neurológico que se inicia no intestino

Pixabay

Fonte

Instituto Médico Howard Hughes

Data

quarta-feira, 22 abril 2020 16:25

Áreas

Nutrição Clínica. Nutrição Coletividades

A necessidade de consumir açúcar pode nos fazer desejar qualquer coisa, de biscoitos a café com cobertura de chantilly. Mas sua doçura não explica totalmente o nosso desejo. Em vez disso, novas pesquisas mostram que essa molécula mágica tem um canal de comunicação com o cérebro.

Como outras coisas de sabor doce, o açúcar estimula as papilas gustativas especializadas na língua, mas além disso também ativa um caminho neurológico totalmente separado – que começa no intestino, relata o Dr. Charles Zuker, pesquisador do Instituto Médico Howard Hughes. A pesquisa foi publicada na revista científica Nature.

Nos intestinos, os sinais anunciando a chegada do açúcar viajam para o cérebro, onde nutrem o apetite por mais, mostraram os experimentos com animais. Esse caminho do intestino para o cérebro parece exigente, respondendo apenas às moléculas de açúcar – e não aos adoçantes artificiais.

Os cientistas já sabiam que o açúcar exercia controle exclusivo sobre o cérebro. Um estudo de 2008, por exemplo, mostrou que camundongos sem a capacidade de provar doçura ainda podem preferir açúcar. A descoberta da equipe do Dr. Charles Zuker de um caminho para a detecção de açúcar ajuda a explicar por que o açúcar é especial – e aponta maneiras pelas quais podemos reprimir nosso apetite insaciável por ele.

“Precisamos separar os conceitos de doce e açúcar. Doce é gostar, açúcar é querer. Este novo trabalho revela a base neural da preferência pelo açúcar”, disse o Dr. Charles Zuker, neurocientista da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos.

Alimentos doces

O termo açúcar é um conceito genérico, abrangendo várias substâncias que nosso corpo usa como combustível. Consumir açúcar ativa o sistema de recompensa do cérebro, fazendo com que humanos e camundongos se sintam bem. No entanto, em um mundo em que o açúcar refinado é abundante, esse apetite profundamente arraigado pode ficar descontrolado. A ingestão anual média de açúcar do cidadão dos Estados Unidos disparou de menos de 4,5 kg no final de 1800 para mais de 45,35 kg hoje. Esse aumento teve um custo: estudos relacionaram o consumo excessivo de açúcar a vários problemas de saúde, incluindo obesidade e diabetes tipo 2.

Anteriormente, o trabalho do Dr. Zuker mostrou que açúcar e adoçantes artificiais ativam o mesmo sistema de detecção de sabor. Uma vez na boca, essas moléculas ativam os receptores de sabor doce nas papilas gustativas, iniciando sinais que viajam para a parte do cérebro que processa a doçura.

Mas o açúcar afeta o comportamento de uma maneira que o adoçante artificial não afeta. A equipe do Dr. Zuker fez um teste comparando o açúcar e o adoçante Acesulfame K, usado em refrigerantes dietéticos e outros produtos. Oferecendo água com adoçante ou água com açúcar, os ratos beberam ambos, mas em dois dias passaram quase exclusivamente para a água açucarada. “Nós achamos que essa motivação insaciável que o animal tem para consumir açúcar, em vez de algo apenas adoçado, pode ter uma base neural”, disse o Dr. Zuker.

Circuito de açúcar

Ao visualizar a atividade cerebral quando os roedores consumiram açúcar versus adoçante artificial ou água, os pesquisadores identificaram pela primeira vez a região do cérebro que responde apenas ao açúcar: o núcleo caudal do trato solitário (cNST). Encontrado no tronco cerebral, separado de onde os animais processam o sabor, o cNST é um centro de informações sobre o estado do corpo.

A equipe de pesquisa observou que o caminho para o cNST começa no revestimento do intestino. Lá, as moléculas dos sensores emitem um sinal que viaja através do nervo vago, que fornece uma linha direta de informações do intestino ao cérebro.

Esse circuito intestino-cérebro favorece uma forma de açúcar: a glicose e moléculas similares. Ignora adoçantes artificiais – talvez explicando por que esses aditivos parecem não replicar completamente o apelo do açúcar. Também ignora alguns outros tipos de açúcar, principalmente a frutose, encontrada nas frutas. A glicose é uma fonte de energia para todos os seres vivos. Isso poderia explicar por que a especificidade do sistema para a molécula evoluiu, dizem os principais autores do estudo, Hwei Ee Tan e Alexander Sisti,  estudantes de pós-graduação.

Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).

Acesse a notícia completa na página do Instituto Médico Howard Hughes (em inglês).

Fonte: Meghan Rosen, Instituto Médico Howard Hughes.  Image: Pixabay.

Em suas publicações, o Canal Nutrição da Rede T4H tem o único objetivo de divulgação científica, tecnológica ou de informações comerciais para disseminar conhecimento. Nenhuma publicação do Canal Nutrição tem o objetivo de aconselhamento, diagnóstico, tratamento médico ou de substituição de qualquer profissional da área da saúde. Consulte sempre um profissional de saúde qualificado para a devida orientação, medicação ou tratamento, que seja compatível com suas necessidades específicas.

Os comentários constituem um espaço importante para a livre manifestação dos usuários, desde que  cadastrados no Canal Nutrição e que respeitem os Termos e Condições de Uso. Portanto, cada comentário é de responsabilidade exclusiva do usuário que o assina, não representando a opinião do Canal Nutrição, que pode retirar, sem prévio aviso, comentários postados que não estejam de acordo com estas regras.

Leia também

2024 nutrição t4h | Notícias, Conteúdos e Rede Profissional nas áreas de Alimentos, Alimentação, Saúde e Tecnologias

Entre em Contato

Enviando
ou

Fazer login com suas credenciais

ou    

Esqueceu sua senha?

ou

Create Account