Notícia
Chegam ao mercado as primeiras cultivares de pequi sem espinhos
A ausência de espinhos em três das seis cultivares favorece a mecanização no processo de extração da polpa, no caso das agroindústrias, e pode ser um atrativo a mais para consumidores
Dr. Ailton Pereira, via Embrapa
Fonte
Embrapa | Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
Data
quarta-feira, 9 novembro 2022 15:05
Áreas
Agricultura. Agronomia. Ciências Agrárias. Engenharia de Alimentos. Gastronomia. Nutrição Coletividades
A Embrapa Cerrados e a Agência Goiana de Assistência Técnica, Extensão Rural e Pesquisa Agropecuária (Emater-GO) lançam seis cultivares de pequi – três com espinhos no endocarpo (caroço) e três sem espinhos. É a primeira vez que estão sendo lançadas cultivares de uma fruteira nativa arbórea perene do Cerrado. Os novos materiais alinham elevada produtividade e qualidade de polpa, atendem a necessidades de agroindústrias e de consumidores e contribuem para a preservação da espécie.
“Chegamos a esse resultado com muito trabalho, esforço, ciência e tecnologia”, afirmou o pesquisador Dr. Ailton Pereira, da Embrapa Cerrados. Foram 25 anos de pesquisa e de trabalho em parceria, conduzidos pelas duas instituições, com a participação também de produtores.
As cultivares foram registradas no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para cultivo em pequena escala na região de Goiânia e em outros locais com condições edafoclimáticas semelhantes, mediante avaliações prévias. A partir de agora, produtores rurais poderão plantar o pequizeiro em pomares comerciais, utilizando um adequado sistema de produção, com garantia de uniformidade, qualidade, precocidade e produtividade.
GOBRS 101, GOBRS 102 e GOBRS 103 são os nomes das cultivares sem espinhos. Já as cultivares GOBRS 201, GOBRS 202 e GOBRS 203 possuem espinhos. Essas últimas são mais produtivas do que as sem espinhos. A GOBRS 201 é a mais produtiva delas, alcançando produtividade média anual de 85 kg por planta. A variedade que possui a polpa mais espessa é a GOBRS103 (sem espinhos). Ela apresenta uma espessura média de polpa de 7 a 8 mm, característica que favorece a produção agroindustrial.
Diversificação genética
“Estamos lançando seis cultivares ao mesmo tempo pela necessidade de diversificação genética da plantação”, esclareceu o Dr. Pereira. Segundo ele, o objetivo é favorecer a fecundação cruzada e o aumento da produção de frutos. “Trata-se também de uma medida preventiva contra futuras doenças ou pragas. É uma estratégia que deve ser adotada para minimizar o risco fitossanitário”, alertou o pesquisador.
Com o lançamento de variedades sem espinhos, o consumo desse fruto de aroma e sabor marcantes e que faz parte da culinária e da cultura regional, principalmente dos estados de Goiás, Minas Gerais, Tocantins e do Distrito Federal, deve aumentar, na opinião do pesquisador. Além de evitar acidentes ao consumir e manusear o produto, essa característica favorece a mecanização do processo de extração da polpa e facilita o acesso à amêndoa. “Outra vantagem do pequi sem espinhos é que a polpa dele possui sabor mais suave o que, com certeza, vai agradar ao público que hoje tem resistência ou mesmo rejeita consumir o fruto”, disse o pesquisador.
Histórico da pesquisa
A pesquisa visando ao cultivo do pequi começou no final dos anos 1990 com os estudos de produção de mudas por sementes (propagação sexuada) e por reprodução vegetativa (propagação assexuada). “Coordenamos o primeiro projeto relacionado à propagação do pequizeiro. Naquela época, havia muita demanda especialmente da agricultura familiar. No entanto, os agricultores não conseguiam ter sucesso no plantio, pois o pequi, assim como outras espécies do Cerrado, tem problema de germinação”, explicou a pesquisadora Dra. Elainy Pereira, da Emater Goiás.
O trabalho de multiplicação começou, então, a partir da propagação sexuada (por semente), inicialmente para atender os agricultores que buscavam essencialmente recuperar áreas degradadas. “Foi necessário, antes de tudo, desenvolver tratamentos para superar a dormência do pequi e, assim, aumentar a porcentagem de germinação. Em seguida, foram conduzidos estudos relacionados a substratos, adubação, pragas e doenças; tudo isso buscando produzir uma boa muda.”
No entanto, segundo a especialista, plantas resultantes de propagação sexuada apresentam alta variabilidade genética, o que é desejável quando o plantio é feito para recuperação ambiental, mas não para a formação de pomares comerciais. “Foi então que decidimos que teríamos que fazer clones”, contou a pesquisadora. Segundo ela, dessa forma, quando fosse identificada uma planta com as características consideradas ideais, seria feita a clonagem para que as demais fossem idênticas à planta mãe.
Assim, foi desenvolvido pelos pesquisadores o método mais adequado de propagação assexuada. “Existem vários tipos, mas o melhor que se encaixou, nesse caso, especialmente por sua simplicidade, foi a enxertia (por borbulhia de placas)”, explicou o pesquisador Dr. Ailton Pereira. Segundo ele, essa fase da pesquisa serviu de base para o que viria depois. “Uma vez dominada a técnica de propagação, nos tornamos aptos a garimpar o Cerrado em busca de matrizes de pequizeiros nobres para clonar e montar uma coleção de trabalho com fins de melhoramento genético.”
Acesse a notícia completa na página da Embrapa.
Fonte: Juliana Caldas, Embrapa Cerrados. Imagem: Dr. Ailton Pereira, via Embrapa.
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