Notícia
Cadeia produtiva da mangaba em Sergipe está ameaçada
O estado, que já foi o maior produtor do fruto no país, perdeu a liderança para a Paraíba
Pixabay
Fonte
UFS | Universidade Federal de Sergipe
Data
quarta-feira, 8 maio 2019 10:10
Áreas
Agricultura. Agronómia
“Cadê nossas mangabas? O homem cercou! E o verde do mato, o fogo queimou”. A proteção do fruto da mangabeira (Hancornia speciosa Gomes), considerada espécie símbolo de Sergipe, não é uma preocupação presente apenas nesse trecho do hino das Catadoras de Mangaba.
Nos últimos anos, a sustentabilidade de sua produção tem sido comprometida por uma série de fatores, principalmente a expansão imobiliária e de empreendimentos turísticos desordenados. Sergipe, que já foi o maior produtor do fruto, foi superado pela Paraíba.
Esse cenário foi investigado pelo Dra. Débora Oliveira, que na sua tese de doutorado, desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente da Universidade Federal de Sergipe (UFS), constatou que a cadeia produtiva da mangaba está ameaçada pela dinâmica das questões socioeconômicas e ambientais.
Um estudo da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) já havia traçado, em 2017, um mapa do extrativismo da mangaba no estado. Ele mostra uma redução das áreas naturais de ocorrência de mangabeiras de 10.456 ha (29,6%), nos municípios de Barra dos Coqueiros, Estância, Indiaroba, Itaporanga d´Ajuda, Japaratuba, Japoatã, Pacatuba, Pirambu e Santa Luzia do Itanhy, no período de 2010 a 2016.
De acordo com o estudo, os desmatamentos na região do bioma Mata Atlântica trouxeram riscos a biodiversidade existente, o que foi confirmado pela Dra. Débora. “Há um forte agravante: as áreas naturais de ocorrência da mangaba, que estão localizadas no litoral sergipano, estão sendo desmatadas para expansão imobiliária e também turismo (empreendimentos hoteleiros e segunda residência), além de outros usos do solo que substituem a vegetação nativa”, conta a pesquisadora.
A sustentabilidade, porém, não é avaliada somente do ponto de vista econômico ou ambiental, há também questões culturais e territoriais. Por isso, para entender como a atual dinâmica e inter-relações do fluxo de comercialização da mangaba afetam a sustentabilidade da cadeia produtiva do fruto, Débora conversou com vários atores sociais envolvidos. Além dos extrativistas, falou com feirantes, donos de terra, proprietários de indústrias e atravessadores, para saber a opinião de todos.
As entrevistas, que envolveram seis aspectos da cadeia produtiva da mangaba, demonstraram que ela está insustentável. “Primeiro, devido ao elevado número de pontos críticos e por que, de seis aspectos avaliados, quatro estavam na Zona de Ação Urgente [estágio crítico] e dois na zona de melhoramento [abaixo da situação adequada]. Nenhum estava em uma Zona adequada – segundo a metodologia utilizada para avaliar a sustentabilidade”, explica a pesquisadora.
Outro aspecto observado é que a cadeia produtiva da mangaba em Sergipe tem as características de um Complexo Agroextrativista. Para Débora, após os resultados da pesquisa, foi possível verificar que ela deixou de ser apenas uma cadeia extrativista tradicional – que é quando a pessoa tira o fruto da floresta e vende sem beneficiá-lo – para conter elementos também de uma cadeia industrial, em que os frutos são beneficiados tanto pelos extrativistas quanto por indústrias.
“Ou seja, está no meio termo, junta aspectos da cadeia tradicional com o da cadeia industrial. Portanto, possui particularidades complexas que precisam ser analisadas caso a caso para que a sustentabilidade seja alcançada”, reforça a Dra. Débora.
Visibilidade da Mangaba
A mangabeira pode ser encontrada em quase todo o país, das zonas costeiras ao cerrado. A mangaba pode ser usada na produção de sucos, bolos, biscoitos, bolos, polpas e sorvetes. Em Sergipe, de acordo com os dados do mapa elaborado pela Embrapa, as áreas naturais de mangabeiras estão situadas ao longo do litoral do estado.
Acesse a notícia completa na página da UFS.
Fonte: Fernanda Roza, Marcilio Costa, comunica@ufs.br. Imagem: Pixabay.
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