Notícia

Biofortificação de alimentos é a aposta no combate à fome oculta

Micronutrientes como iodo, zinco e selênio são testados para a produção de “superalimentos”

Divulgação, UFLA

Fonte

UFLA | Universidade Federal de Lavras

Data

sábado, 4 maio 2019 13:00

Áreas

Agricultura. Agronomia. Ciência e Tecnologia de Alimentos. Engenharia de Alimentos. Nutrição Coletividade

Imagine comer arroz e feijão com muito mais nutrientes. E se acrescentássemos no prato carnes e hortaliças também enriquecidas? Se fosse assim, em uma única refeição, a disponibilidade de nutrientes nos alimentos possibilitaria o consumo das quantidades diárias de iodo, zinco e selênio necessárias para a prevenção de doenças. Seria impossível? Não.

Entramos na era da Agricultura Funcional, período que se baseia na produção mundial de alimentos funcionais, ou seja, aqueles que oferecem benefícios adicionais para a saúde, além das funções nutricionais básicas. Esses “superalimentos” trazem bônus ao organismo: ação antioxidante, melhora da pressão sanguínea, redução dos níveis de colesterol e doenças cardiovasculares, diminuição do risco de doenças crônicas degenerativas, como câncer e diabetes.

Para se chegar a essa realidade, o trabalho dos cientistas começa em laboratórios, onde são identificadas as plantas com os melhores genes ou genótipos para absorção do máximo de nutrientes do solo – uma das características da chamada biofortificação genética. “Entre as diversas plantas, descobrimos e selecionamos quais delas possuem maior teor de nutrientes e aquelas com capacidade de acumulá-los”, informa o professor Dr. Luiz Roberto Guimarães Guilherme, do Departamento de Ciência do Solo (DCS) da UFLA.

O pesquisador coordena, no Brasil, em parceria com a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), uma rede internacional de pesquisas sobre a biofortificação de alimentos, conhecida como HarvestZinc. Juntos, cientistas de 13 países propõem soluções para aumentar a produtividade, ao mesmo tempo em que se eleva a qualidade nutricional das partes comestíveis das plantas.

Diversas pesquisas em solo brasileiro têm testado a adição de elementos como iodo, selênio, ferro, zinco e enxofre às culturas. Na UFLA, há cerca de dez anos são feitos testes de enriquecimento de nutrientes em arroz, soja, feijão, milho, hortaliças, entre outros.

Como é feita a biofortificação agronômica?

Na tentativa de reverter a falta de nutrientes encontrados nos solos agricultáveis no Brasil, pesquisadores apostam na biofortificação agronômica de alimentos – técnica que visa a adicionar, por manejo de adubação, os nutrientes no solo ou diretamente nas folhas das plantas. A finalidade é que eles sejam absorvidos e acumulados nas culturas agrícolas, aumentando o teor desses nutrientes para a alimentação humana e animal. A alternativa busca investir na elaboração de fertilizantes enriquecidos, que estimulam o crescimento das plantas e oferecem maior teor de nutrientes para os alimentos.

Esse tipo de biofortificação consiste nas estratégias de adubação, seja na folha, seja no solo, que possibilitem a acumulação de nutrientes pelas plantas, independentemente se elas passaram ou não por seleção genética. “Se trabalharmos com as duas estratégias de forma conjunta, selecionando plantas que acumulam mais nutrientes e exploramos ao máximo o potencial delas”, explica o pesquisador da Epamig, Dr. Fábio Aurélio Dias Martins.

A aplicação pode ser realizada de três formas: apenas nas folhas das plantas, nos solos juntamente com outros fertilizantes ou na combinação de aplicações na folha e no solo em um mesmo plantio.

“A melhor estratégia, normalmente, parte da complementação das três técnicas juntas. Mas, primeiro, é preciso entender cada uma separadamente”, conta o Dr. Luiz Roberto. O professor do DCS Dr. Guilherme Lopes alerta: “entendendo cada técnica de adição separadamente, será possível definir doses adequadas para serem aplicadas, com o intuito de colocar nas partes comestíveis das plantas (por exemplo, nos grãos de arroz e feijão) quantidades dos nutrientes suficientes para atender à demanda nutricional de cada pessoa. Se a deficiência de um nutriente nos alimentos é problema, atingir a toxidez também pode ser. Os níveis de aplicação devem ser exatos”, frisa.

Acesse a notícia completa na página da UFLA.

Fonte: DCOM, UFLA. Imagem: Divulgação Ufla.

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