Notícia

Alimentação no início da vida influencia preferências alimentares adultas

Fonte

Universidade do Estado de Nova Iorque em Stony Brook

Data

quarta-feira, 18 janeiro 2023 09:20

Áreas

Educação Nutricional. Nutrição Materno Infantil. Saúde Pública

Um novo estudo realizado por pesquisadores da Universidade do Estado de Nova Iorque em Stony Brook mostra que existe uma forte relação entre o que comemos no início da vida, quando bebês ou crianças pequenas, e as preferências alimentares em adultos. A pesquisa, publicada na Science Advances, destaca a importância da exposição precoce a uma variedade de sabores e identifica a base neural que regula as preferências por alimentos favoritos, fornecendo novas informações importantes sobre a relação entre nutrição e função cerebral.

Pesquisas anteriores de bebês humanos sugeriram o efeito da experiência precoce do paladar na preferência alimentar mais tarde na vida. No entanto, nenhum estudo anterior examinou as bases neurais desse fenômeno. Este estudo analisa as bases neurais da preferência gustativa e fornece descobertas que podem formar uma base para a compreensão dos processos neurais envolvidos na preferência gustativa.

A biologia do sistema gustativo é semelhante em todos os mamíferos. Usando um modelo murino, a equipe de pesquisa do Departamento de Neurobiologia e Comportamento da Renaissance School of Medicine expôs grupos de camundongos a uma variedade de soluções gustativas por uma semana. Eles expuseram os grupos como filhotes (exposição precoce) ou como adultos (exposição tardia). Após uma semana experimentando uma variedade de sabores, eles retornaram os grupos à sua dieta regular, que continha nutrientes balanceados, mas não era rica em sabor. Para efeito de comparação, um grupo de controle de camundongos foi criado apenas com a dieta regular e branda.

“Nossa pesquisa é direcionada a avaliar se e como a experiência gustativa e a dieta influenciam o desenvolvimento do cérebro. Este estudo mostra que a experiência gustativa tem efeitos fundamentais no cérebro. Os próximos passos serão determinar como diferentes dietas, como alto teor de gordura, alto teor de açúcar ou alto teor de sal, podem influenciar as preferências de sabor e a atividade neural”, explicou a Dra. Arianna Maffei, uma das autoras e professora do Departamento de Neurobiologia e Comportamento.

A Dra. Maffei, a autora principal Dra. Hillary Schiff e seus colegas aumentaram a variedade de sabores nas dietas saudáveis de camundongos e descobriram que o desenvolvimento de circuitos neurais e a preferência de sabor são influenciados por todos os aspectos da experiência gustativa: sensações na boca, olfato e relações intestino-cérebro.

Várias semanas depois de expor os grupos à variedade de sabor de uma semana, os pesquisadores mediram a preferência por uma solução doce em comparação com a água. Camundongos que experimentaram variedade de sabor no início da vida tiveram uma preferência mais forte por sabores doces na idade adulta em comparação com o grupo de controle. Essa preferência de mudança dependia de uma combinação de paladar, olfato e sinais do intestino ao cérebro e era específica para o gosto de exposição precoce. Camundongos expostos à variedade de sabores quando adultos não mostraram preferências doces diferentes de seu grupo de controle da mesma idade. Esses resultados indicaram que a experiência do gosto influencia a preferência, mas apenas se dada dentro de uma janela de tempo restrita.

Os pesquisadores também registraram a atividade dos neurônios no córtex gustativo de todos os sujeitos. Essa parte do cérebro está envolvida na percepção do paladar e nas decisões sobre a ingestão ou rejeição de alimentos. A atividade registrada mostrou que a mudança na preferência por doces foi associada a diferenças na atividade dos neurônios inibitórios de camundongos adultos.

Isso levou à questão de saber se a manipulação desses neurônios inibitórios na idade adulta pode reabrir a janela de sensibilidade para a experiência do paladar.

Para responder a essa pergunta, a equipe de pesquisa injetou uma substância no córtex gustativo que quebra as redes perineuronais, que são teias de proteínas que se acumulam em torno dos neurônios inibitórios no início da vida. Uma vez estabelecidas, essas redes desempenham um papel fundamental na limitação da plasticidade – a capacidade de mudar em resposta a estímulos nas sinapses inibitórias.

Quando camundongos adultos sem redes perineuronais no córtex gustativo foram expostos à variedade de sabor, eles mostraram uma mudança semelhante na preferência por doces como o grupo exposto no início da vida. Essa manipulação “rejuvenesceu” as sinapses inibitórias no córtex gustativo e restaurou a plasticidade em resposta à experiência gustativa, o que confirmou a importância da maturação e da plasticidade nos circuitos inibitórios para o desenvolvimento da preferência gustativa no modelo experimental.

“Foi impressionante descobrir a duração dos efeitos da experiência inicial com o paladar nos grupos jovens”, disse Dra. Schiff. “A presença de um ‘período crítico’ do ciclo de vida para o desenvolvimento da preferência gustativa foi uma descoberta única e emocionante. A visão predominante de outros estudos anteriores a essa descoberta era que o paladar não tem uma janela definida de sensibilidade aumentada para experimentar como outros sistemas sensoriais, como visão, audição e tato”.

Os autores afirmam que, embora o estudo tenha sido feito em camundongos, os resultados informam os cientistas sobre os aspectos biológicos fundamentais das experiências com o paladar que se estendem além dos modelos animais e aos humanos.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Universidade do Estado de Nova Iorque em Stony Brook (em inglês).

Fonte: Universidade do Estado de Nova Iorque em Stony Brook. Imagem: Freepik.

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