Notícia

A riqueza linguística e cultural da mandioca

Pesquisador elabora Glossário regional da mandiocultura, com mais de 1.500 palavras, a partir de entrevistas com agricultores do noroeste cearense

Arlindo Barreto, UFC

Fonte

Agência UFC | Universidade Federal do Ceará

Data

quarta-feira, 5 junho 2019 14:45

Áreas

Agricultura. Agronomia. Ciências Agrárias. Gastronomia. Nutrição Coletividades

A mandioca está na boca do povo. E não é só por conta da diversidade de produtos derivados dessa planta – uma das bases da alimentação do nordestino –, mas também pelo vocabulário relacionado à mandiocultura. Essa prática, que vai muito além da produção agrícola, foi objeto de estudo do linguista do Dr. Mário Junglas Muniz, o qual se dedicou a registrar os termos utilizados por agricultores em sua tese de doutorado no Programa de Pós-Graduação em Linguística da Universidade Federal do Ceará (UFC), sob orientação da professora Dra.  Maria Elias Soares.

Um dos resultados da pesquisa é o Glossário regional da mandiocultura, com mais de 1.500 palavras, elaborado a partir de entrevistas e questionários com cerca de 40 agricultores. A versão inicial do Glossário está no apêndice da tese, a partir da página 168. A ideia é disponibilizar futuramente esse material em uma plataforma on-line para consulta. No momento, o pesquisador busca financiamento para colocar no ar o glossário eletrônico, em processo de construção, porque, segundo o autor, novos termos estão continuamente sendo elencados.

A pesquisa de campo foi feita na mesorregião noroeste cearense, especificamente em Cruz (onde o autor nasceu e reside atualmente), Bela Cruz, Jijoca de Jericoacoara e Acaraú. “São quatro cidades abaixo do rio Acaraú com mais ou menos o mesmo foco linguístico. A maior parte dos moradores é de agricultores descendentes de agricultores do antigo município de Acaraú”, explica.

De acordo com o linguista, uma das contribuições do estudo é salvaguardar palavras dessa atividade especializada tradicional que ainda possui poucos registros escritos, por advir da modalidade oral da língua, e passa, no momento, por uma importante transformação com a incorporação de novas tecnologias em sua produção.

“Hoje, nós quase não temos casas de farinha como antigamente, quando o trabalho era todo comunitário. As atuais fábricas de farinha substituíram o rodo manual por uma pá mecânica”, descreve. Com o progressivo desaparecimento daquela realidade, pode haver um esquecimento de termos relacionados ao modo de trabalho arcaico. “O glossário vem dar uma resposta e trazer uma contribuição social para que não haja perda dessa variedade linguística, que é tão rica na região”, defende.

VARIEDADES LINGUÍSTICAS
O glossário contém informações que vão desde a palavra em si, passando pela pronúncia, formação, construção em frases, sentido, e inclui até mesmo o contexto no qual o termo é utilizado. “Eu optei por fazer isso para resgatar também as variações que existem na região. Era muito comum existir o ‘v’ pronunciado ‘rê’ ou ‘bê’: tem a bassoura, a rassoura e a vassoura; o carralo e o cavalo”, descreve. Esse tipo de registro é diferente de outras publicações, como os dicionários populares, nos quais existe apenas uma coleta.

“Há um boom desses trabalhos, como os dicionários de ‘cearês’, que não são resultado de uma pesquisa científica. Acho que é válido, mas muitas vezes você não denota de onde vem aquela variedade, como surgiu ou se pronuncia. Meu trabalho tentou preencher essas lacunas”, ressalta.

Acesse a notícia completa na página da Agência UFC.

Fonte: Síria Mapurunga, Agência UFC. Imagem: Arlindo Barreto, UFC.

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